por Dr. Luíz Flávio Cordeiro
A laqueadura tubária é um método contraceptivo de alta eficiência. A taxa de sucesso é de praticamente 100%. São poucas as mulheres que se submetem à laqueadura e têm filhos naturalmente depois. Estima-se que cerca de 150 milhões de mulheres em idade fértil no mundo já se submeteram à laqueadura, sendo o Brasil um dos países que mais realiza o procedimento.
Muitas mulheres que optaram pela laqueadura (se quiser saber mais sobre laqueadura, leia o texto que elaboramos especificamente sobre o assunto) como método contraceptivo, principalmente as mais jovens, entre 20 e 30 anos, se arrependem e buscam a reversão, mas nem sempre esse procedimento pode ser indicado.
Os motivos mais comuns de arrependimento são:
Assim sendo, é fundamental que a mulher ou o casal analisem de forma consciente se a laqueadura é a melhor opção.
O prognóstico da reversão de laqueadura depende de alguns fatores. Antes da indicação, é importante avaliar a paciente e o parceiro. Dependendo das condições da mulher e do homem, será mais indicada a reprodução assistida.
As condições mais importantes para a indicação são:
De outra forma, o procedimento não terá sucesso, sendo mais indicada a reprodução assistida.
Além dessas condições obrigatórias para a indicação, deve ser feita uma avaliação de fertilidade do casal para dimensionar a possibilidade de gravidez após a reversão. Alguns fatores também reduzem de tal modo as chances de concepção que inviabilizam a indicação.
É importante avaliar os seguintes fatores femininos:
A idade da mulher é fator preponderante na fertilidade. Acima dos 35 anos, a reserva ovariana diminui e os óvulos perdem qualidade, dificultando a fecundação. Se a mulher tiver mais que 35 anos ou baixa reserva ovariana (número reduzido de folículos antrais), a reversão geralmente não é indicada.
O tempo decorrido e o método utilizado também interferem diretamente no prognóstico, portanto deve ser feita a avaliação prévia.
E os fatores masculinos:
O exame para investigar a fertilidade masculina é o espermograma.
Assim, a reanastomose tubária é preferível à fertilização in vitro para mulheres jovens laqueadas sem outros fatores de infertilidade, uma vez que provê maiores taxas cumulativas de gravidez. A cirurgia também é indicada para mulheres com fator tubário que, por qualquer razão, não podem ser submetidas a técnicas de reprodução assistida.
O procedimento de recanalização é chamado reanastomose tubária, realizado por laparotomia ou laparoscopia (mais indicada). O procedimento consiste na retirada da região afetada das tubas uterinas (há a formação de cicatriz no local) para melhorar a irrigação sanguínea da região e religação das partes saudáveis com microssuturas, restabelecendo a função, permitindo a passagem dos espermatozoides e dos óvulos para a fecundação.
A laparotomia é o método cirúrgico tradicional e pode ser feito por microcirurgia. A mulher passa pela preparação e recebe anestesia geral. O cirurgião faz uma incisão no abdômen para acessar as tubas uterinas e realizar o procedimento.
A laparoscopia é uma técnica mais avançada, minimamente invasiva, em que o cirurgião faz pequenas incisões na região abdominal da mulher por onde introduz o laparoscópio e outros instrumentos para a realização do procedimento. A cirurgia é realizada por vídeo. As imagens reproduzidas pelo laparoscópio guiam o cirurgião durante o procedimento.
A cirurgia tem duração aproximada de 2 a 3 horas, dependendo das condições das tubas uterinas. O tempo de internação depende da recuperação da paciente, mas geralmente é de 1 a 2 dias. O pós-operatório requer abstinência sexual por um mês e repouso. A paciente deve evitar atividades físicas.
O sucesso da reversão de laqueadura é alto quando realizado em pacientes com bons parâmetros de fertilidade, apresentando um custo-benefício superior à reprodução assistida para mulheres com idade inferior a 41 anos. Entretanto, as indicações devem ser individualizadas.
A taxa de nascidos vivos pós-cirurgia varia entre 40% e 80%, e a permeabilidade tubária chega a quase 90% e é avaliada por histerossalpingografia. O índice de gravidez é maior após 6 meses a 1 ano da cirurgia.
Na reversão de laqueadura, a morfologia das tubas uterinas sofre certa descaracterização, em virtude da necessidade de retirada da parte afetada pela laqueadura original e reanastomose das partes saudáveis.
Essa alteração morfológica provoca um risco aumentado de gestação ectópica, gravidez que ocorre fora do útero, principalmente nas tubas uterinas.