O que é dor pélvica e quais são suas causas?

A dor pélvica é uma das queixas mais frequentes que ouvimos em um consultório de ginecologia. Ela se localiza na região inferior do abdômen, entre os ossos que formam o quadril (a pelve). Suas características podem variar bastante de acordo com a causa, que pode ser desde uma cólica menstrual fisiológica (primária) até doenças mais sérias, como a endometriose.

Além disso, ela pode ser aguda ou crônica. No primeiro caso, ela surge repentinamente e provoca uma preocupação grande na mulher. No entanto, no último, a intensidade pode ser menor e o sintoma se arrastar por várias semanas/meses. Como a paciente se acostuma, ela acaba tomando medicamentos por conta própria e não procura atenção médica. Mas isso não pode acontecer!

Se você estiver apresentando esse sintoma, não deixe de se consultar com um especialista o quanto antes. Quer saber mais sobre a dor pélvica, suas causas e o tratamento? Acompanhe!

O que é dor pélvica?

A dor pélvica é um sintoma muito comum de condições que atingem o sistema urinário, digestivo e reprodutivo das mulheres. Ela acontece em uma região que os médicos chamam de abdômen inferior, mais precisamente entre os ossos da pelve. Durante a avaliação de qualquer tipo de dor, um médico experiente busca identificar as seguintes características:

• localização;
• irradiação — se a dor se espalha para outro local;
• qualidade (pontada, queimação, choque, cólica, entre outras);
• intensidade;
• duração;
• frequência e evolução;
• fatores desencadeantes ou agravantes;
• fatores atenuantes;
• manifestações concomitantes, como vômito, náuseas, sangramento e vertigem.

Na mulher, por ser uma manifestação de condições ginecológicas e obstétricas, ele também vai buscar compreender a relação da dor com o ciclo menstrual, o histórico reprodutivo e familiar da paciente.

Anatomia da dor pélvica

Apesar de ser uma região relativamente pequena, a pelve abriga dezenas de estruturas muito importantes para as funções corporais e pertencentes a vários sistemas (reprodutivo, urinário, digestivo, vascular e nervoso). Ali, estão localizados os seguintes órgãos:

• porção sigmoide do intestino grosso, colo intestinal e reto;
• útero, ovários e outros anexos;
• bexiga e parte da uretra;
• vagina, vulva e colo uterino;
• musculatura lisa da pelve e ligamentos;
• vasos sanguíneos;
• nervos.

A intensidade, a duração e a frequência da dor

Dentre essas características, para a conduta adequada, será importante diferenciar entre dor:

• aguda — ela surgiu repentinamente e dura menos do que 3 a 4 semanas;
• subaguda — quando o sintoma se prolonga por 1 a 3 meses;
• crônica — é a persistência da dor após 3 meses.

Ademais, a intensidade deve ser considerada, pois, caso a dor seja suportável para a paciente e não atrapalhe a sua vida cotidiana, um tratamento menos invasivo pode ser considerado caso o diagnóstico não indique uma doença grave.

Quais são as principais causas?

Qualquer alteração em algum destes sistemas pode provocar a dor pélvica. De forma geral, a causa do sintoma pode ser:

• fisiológico — não há nenhuma anormalidade, mas apenas o funcionamento habitual do organismo, como ocorre na ovulação e na gravidez;
• infecciosa — algum microrganismo invasor está se multiplicando e atacando a região, provocando uma reação do sistema imunológico;
• inflamatória não-infecciosa — por doenças autoimunes ou lesões espontâneas, há um desencadeamento de uma resposta inflamatória;
• tumoral — multiplicação de células anormais (benigna ou maligna) provoca o desequilíbrio anatômico e fisiológico local;
• neurogênica — uma disfunção no sistema nervoso envia sinais anômalos de dor para o cérebro. 

Dentro disso, explicaremos alguns diagnósticos mais comuns a seguir:

• infecções urinárias — uma das principais causas de dor pélvica, podendo acometer desde a uretra até os rins;
• endometriose — ocorre em 10% das mulheres, chegando a acometer até 50% das mulheres com infertilidade. Caracteriza-se pelo implante anormal de endométrio (camada de células que reveste a cavidade uterina) em outros órgãos, como tubas uterinas, ovário, intestino, peritônio, bexiga;
• doenças sexualmente transmissíveis — são infecções que passam para a mulher durante o ato sexual, como a sífilis e a gonorreia.

Como é feita a investigação e o tratamento?

O objetivo da investigação inicial é identificar se a dor é provocada por alguma das condições mais comuns e afastar a ocorrência de doenças mais graves. Então, além do exame físico, dois exames são comumente requisitados:

• ultrassonografia pélvica transvaginal com preparo intestinal – após ter feito uma preparação para evitar gases e fezes no intestino grosso, o sensor do ultrassom é introduzido na vagina, onde ele terá uma melhor condição de analisar bem as estruturas da pelve. Esse exame é importantíssimo para identificar doenças mais sérias, como a endometriose e tumores malignos;
• urina rotina com urocultura – solicitado quando há presença de sintomas urinários.

A partir desses resultados e do que identificou nas consultas clínicas, o médico indicará o tratamento mais adequado, o qual varia bastante a depender da condição. A seguir, estão alguns exemplos:

• para as infecções, podem ser definidos antibióticos orais ou tópicos;
• para a endometriose, incluem-se tratamentos hormonais, analgésicos e/ou cirurgias;
• para neoplasias, podem ser necessárias quimioterapias, radioterapias e/ou cirurgias.

Por tudo isso, vimos que a dor pélvica pode ser causada por condições com diferentes níveis de gravidade, desde casos leves e facilmente tratáveis até doenças graves, — cujo tratamento é complexo e precisa se iniciar o quanto antes. Portanto, se você está sentindo esse sintoma, procurar a avaliação de um ginecologista experiente é essencial para que você tenha um diagnóstico e um tratamento corretos rapidamente.

Quer saber mais sobre a endometriose, uma das causas mais importantes e frequentes de dor pélvica? Então, não deixe de conferir este nosso post bem completo sobre o assunto!