Dr. Luiz Flávio
As sinequias ou aderências uterinas são condições muito prevalentes nas mulheres que passaram por procedimentos intrauterinos invasivos ou por inflamações/infecções endometriais. Elas são “cicatrizes” (pontes de colágeno) que se formam no interior do útero, na cavidade endometrial, com formato semelhante ao de pontes.
Podem prejudicar as funções uterinas, especialmente aquelas relacionadas à fertilidade, ou provocar alterações na menstruação, dor e comprometer a qualidade de vida da mulher. Quer entender melhor? Acompanhe o texto!
As sinequias uterinas
As sinequias uterinas são geralmente causadas após a recuperação de um processo inflamatório no endométrio. Na tentativa de reconstruir o tecido lesionado, o corpo desencadeia um processo de cicatrização, que pode acabar se tornando excessivo.
Fatores de risco
O principal fator de risco relacionado a sinequias intrauterinas são as cirurgias de manipulação da cavidade uterina, como:
Além disso, pode estar relacionada a:
Sintomas das sinequias
Pacientes com sinequia podem ser assintomáticas ou manifestar sintomas, como:
Esses sintomas apresentam características diferentes de acordo com a localização e a gravidade da doença.
Investigação inicial para o diagnóstico das sinequias
Como em diversas doenças, não existe um padrão único para a indicação de exames complementares. A conduta diagnóstica depende da avaliação clínica da paciente pela anamnese (entrevista médica) e pelo exame físico.
Portanto, é individualizada, sendo muito comum que duas pacientes com queixas suspeitas de sinequias uterinas saiam do consultório com requisições distintas em relação às técnicas de investigação da doença.
Anamnese
Algumas principais perguntas feitas por um médico diante da suspeita de aderências são:
Exame físico
Em muitos casos, o exame físico pode ser normal, mas algumas alterações compatíveis com as aderências são:
No entanto, a aderência pode estar presente mesmo com exame físico normal, que é a situação mais comum.
Conduta diagnóstica em pacientes com alto risco de sinequias
Diante de sintomas e histórico clínico compatíveis com a hipótese diagnóstica de sinequias, a histeroscopia ambulatorial é o melhor exame. Outros fatores, porém, podem fazer com que seja indicado outro método, como a histerossonografia ou a histerossalpingografia.
Conduta diagnóstica em pacientes com risco baixo de sinequias
Algumas situações reduzem (mas não excluem) as chances de diagnóstico de aderências uterinas, como:
Nesses casos, uma abordagem possível é a realização da ultrassonografia pélvica ou da histerossonografia, em um primeiro momento. Mesmo sem alterações compatíveis, entretanto, não se pode excluir o diagnóstico. Por esse motivo, grande parte das mulheres eventualmente realizam também a histeroscopia ambulatorial.
Exames para o diagnóstico das sinequias intrauterinas
A histerossalpingografia, a ressonância magnética e a histerossonografia são exames com boa capacidade de diagnosticar a existência das aderências uterinas. No entanto, apresentam a limitação de não oferecer informações mais detalhadas a respeito da extensão e da aparência das lesões.
Nesse sentido, o médico pode requisitar a histeroscopia logo no começo da investigação. Isso pode evitar que a execução de muitos exames atrase o diagnóstico definitivo da doença e o início do tratamento.
Outra abordagem possível é a requisição de um exame mais simples inicialmente, como a ultrassonografia pélvica. Para isso, é importante que ela seja executada por ultrassonografistas experientes. No entanto, geralmente os resultados não são conclusivos o suficiente para eliminar a necessidade de uma investigação mais precisa pela histeroscopia diagnóstica.
Todos os sintomas acima devem ser investigados, pois há outras condições que provocam manifestações semelhantes. Nesse sentido, o diagnóstico é sempre individualizado.
Contudo, o diagnóstico definitivo pode ser feito com a histeroscopia diagnóstica (ambulatorial).
Já o tratamento das sinequias deve ser feito preferencialmente por via histeroscópica, quando houver profissional experiente e capacitado para tal. O procedimento pode ser executado em ambiente ambulatorial (clínicas e consultórios) nos casos de menor complexidade. Os mais complexos são operados em ambiente hospitalar, que apresenta maior infraestrutura para suporte à paciente.
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