Dr. Luiz Flávio
A anovulação é definida como a ausência de ovulação em um ciclo menstrual. A principal manifestação desse fenômeno é a ausência completa de sangramento menstrual. Ela pode ser aguda, ocorrendo pontualmente em um ciclo. Nessa situação, a principal causa é a gravidez.
Porém, também pode ser crônica, quando a paciente apresenta diversos ciclos anovulatórios ao longo dos meses. O que, geralmente, indica a presença de alguma doença afetando a paciente, sendo a síndrome dos ovários policísticos (SOP) a mais comum.
A principal consequência da anovulação crônica é a infertilidade. Isso ocorre, pois os gametas femininos (óvulos) não ficam continuamente disponíveis para a fecundação. Na verdade, eles ficam armazenados dentro de estruturas chamadas folículos, localizadas nos ovários.
Sob estímulo hormonal, a cada ciclo fértil, um desses folículos cresce suficientemente até se romper e liberar um óvulo, que fica disponível para ser fecundado por um espermatozoide.
Quer entender melhor? Acompanhe o texto!
O que é ovulação?
A ovulação é o fenômeno mais importante de um ciclo menstrual da mulher. Como vimos, ele consiste na liberação de um óvulo maduro. Apesar de parecer um evento simples, é muito complexo, sendo regulado por diversos mecanismos hormonais.
Os folículos contêm um óvulo circundado por células que respondem a diversos tipos de hormônios sexuais, além de produzi-los quando amadurecem. Quando o organismo da mulher identifica que não houve uma gestação em um ciclo menstrual, ele começa a liberar o hormônio folículo-estimulante (FSH) para recrutar o crescimento de mais folículos. Com isso, busca viabilizar a liberação de outro óvulo no próximo ciclo.
Então, alguns novos folículos crescem, um deles desenvolve e começa a produzir estrogênio, o principal hormônio da fase inicial de um ciclo menstrual. Geralmente, um único folículo se destaca com um crescimento mais intenso ao estímulo do estrogênio, inibindo os demais.
Quando seu crescimento e os níveis de estrogênio atingem o ápice, um pico de hormônio luteinizante (LH) estimula o rompimento e a liberação do óvulo, que deve ser “capturado” pelas tubas, onde ocorre a fecundação. Esse é o fenômeno conhecido como ovulação.
O que é anovulação?
A anovulação é a ausência desse fenômeno em um ciclo menstrual. Algum fator impede que o processo que explicamos anteriormente aconteça adequadamente. Em geral, isso acontece por alguma disfunção hormonal. Por esse motivo, a anovulação geralmente é acompanhada de amenorreia, isto é, ausência de menstruação.
Ao mesmo tempo em que o estrogênio estimula os folículos, ele também causa o espessamento do endométrio, esse é o tecido no qual o embrião se implanta no início da gestação. Quando não há fecundação, a camada superficial do endométrio descama e a mulher menstrua. Se algum fator levar à alteração da produção do estrogênio pelos folículos, os ciclos do endométrio podem ficar comprometidos e não ocorre a menstruação.
Quais são as possíveis causas da anovulação?
Na anovulação, alguma das etapas desse processos é impedida por algum mecanismo, como:
Na SOP, as pacientes apresentam altos níveis de hormônios sexuais masculinos no sangue, principalmente a testosterona. Com isso, há um desequilíbrio hormonal que faz com que vários folículos cresçam, mas não completem a maturação a ponto de se romperem para que ocorra a ovulação.
Ao mesmo tempo, esse processo compromete os ciclos do endométrio, resultando em irregularidade menstrual e/ou amenorreia, ausência de sangramento.
Quais são as consequências da anovulação?
Com a anovulação, não há a liberação de óvulos. Consequentemente, não há gameta disponível para a fecundação, resultando na infertilidade. Por geralmente estar associada a distúrbios hormonais, a anovulação é acompanhada de má receptividade endometrial, demandando métodos mais complexos de reprodução assistida.
A reprodução assistida, associada ao acompanhamento da SOP por um ginecologista, é a principal forma de melhorar a fertilidade das pacientes acometidas com a doença.
Se a anovulação for causada por outras condições, o tratamento é individualizado de acordo com o diagnóstico.
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