Dr. Luiz Flávio
O miométrio é uma das camadas que constituem a estrutura uterina. O útero é um órgão do sistema reprodutor feminino e suas funções estão relacionadas à menstruação, à gravidez e ao parto. Histologicamente, o órgão é dividido em três camadas:
Para cumprir suas funções de forma adequada, o útero precisa estar livre de doenças e malformações. As condições uterinas que podem alterar o fluxo menstrual ou dificultar uma gravidez incluem miomas, pólipos, adenomiose, sinequias, anomalias congênitas, entre outras — algumas afetam somente o endométrio e outras se desenvolvem no miométrio, interferindo também na função endometrial.
Com frequência, falamos sobre o endométrio, sobretudo para explicar como ocorre a endometriose — uma das principais doenças ginecológicas. Neste post, voltaremos a atenção para o miométrio. Continue a leitura para entender quais são as funções desse tecido uterino.
O que é o miométrio?
O miométrio é a camada intermediária do útero. É um tecido espesso, constituído por células musculares lisas. Os feixes musculares presentes no tecido miometrial são separados por partes de tecido conjuntivo. Além disso, observa-se a passagem de vasos sanguíneos que fazem a irrigação do órgão.
Ainda, o miométrio possui um complexo de três outras camadas de músculo liso que são difíceis de separar, mesmo com a ajuda de microscópio. São subdivididas como subvascular, vascular e supravascular.
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por várias alterações para acomodar o feto, protegê-lo e promover seu desenvolvimento. O útero, principalmente, sofre muitas modificações — aumenta de tamanho, se torna mais vascularizado e ganha mais células musculares com o crescimento do miométrio.
Quais são as funções do miométrio?
O útero, de modo geral, está associado às funções de menstruação, gravidez e parto. É o órgão responsável pela implantação do óvulo fecundado e pela nutrição do futuro bebê durante todo o período gestacional. Além disso, tem importante papel na expulsão do feto, durante o trabalho de parto, devido às contrações musculares.
Assim, ao longo da gestação, o miométrio cresce e apresenta mais fibras de musculatura lisa. As células miometriais passam a secretar proteínas e sintetizam colágeno para que o útero cumpra adequadamente sua função de contratilidade.
Portanto, a principal função do miométrio é promover as contrações uterinas no momento do parto. Isso ocorre a partir do estímulo da ocitocina — hormônio secretado pelo eixo hipotálamo-hipófise. Durante a gestação, a alta produção de progesterona inibe a produção das prostaglandinas e evita as contrações musculares, prevenindo abortamento e parto prematuro.
Quais doenças se desenvolvem no miométrio?
O útero pode ser afetado por uma série de doenças que interferem em suas funções, podendo provocar infertilidade, aborto e outras complicações. Algumas doenças acometem somente o tecido endometrial, como pólipos e endometrite, outras se desenvolvem no miométrio, são elas:
Miomas
Os miomas se formam no miométrio, mas podem crescer em direção à cavidade uterina, alterando também as características do endométrio. São considerados tumores, mas sem risco de transformação maligna.
Também chamados de leiomiomas, esses tumores são classificados como: submucosos, quando crescem em direção ao endométrio; intramurais, quando se formam dentro da parede uterina; e subserosos, quando se desenvolvem na direção da camada serosa do útero.
Os miomas podem necessitar de tratamento cirúrgico se atingirem grandes dimensões ou provocarem sangramento uterino anormal. Para isso, utilizamos técnicas de cirurgia minimamente invasiva. A remoção dos tumores intramurais e subserosos é feita com miomectomia por videolaparoscopia, enquanto os submucosos são retirados por histeroscopia cirúrgica.
Adenomiose
A adenomiose é uma doença caracterizada pela invasão/infiltração benigna de células endometriais no miométrio. A presença do tecido adjacente provoca uma inflamação na camada miometrial, podendo desencadear sintomas como cólicas, sangramento anormal e aumento no tamanho do útero.
Adenomiose e endometriose muitas vezes coexistem. Nas duas doenças, ocorre o crescimento de tecido endometrial fora da cavidade do útero. Contudo, na primeira condição, o endométrio invade a camada uterina vizinha. Já na endometriose, os implantes desse tecido são encontrados em sítios extrauterinos, como nos ovários, tubas, intestino e bexiga.
Ambas as doenças podem levar anos para ter o diagnóstico fechado. Muitas mulheres convivem com sintomas como cólicas menstruais e até alterações no fluxo da menstruação sem suspeitar de que são indícios de doenças uterinas. Sendo assim, o acompanhamento ginecológico regular é de suma importância para identificar alterações de forma precoce e realizar a investigação diagnóstica e o tratamento.
A adenomiose é tratada cirurgicamente em boa parte dos casos. Já o tratamento da endometriose pode ser feito com medicamentos hormonais que ajudam a controlar os sintomas ou com cirurgia minimante invasiva, conforme a gravidade do quadro.
Os miomas e a adenomiose, portanto, são as principais doenças que afetam o miométrio. Tais condições podem modificar a estrutura uterina, provocar sangramento anormal e interferir nas funções do útero, necessitando de avaliação e tratamento.
Confira também o texto específico sobre endometriose e obtenha informações a respeito das causas, sintomas e formas de tratamento dessa doença!