Dr. Luiz Flávio
A adenomiose ocorre quando o miométrio é atingido por células do endométrio. Trata-se de uma doença ainda pouco conhecida e falada, e tende a ser confundida com a endometriose. Além disso, por ser um quadro, muitas vezes, assintomático, nem sempre se obtém o diagnóstico.
É fundamental ter uma noção de como é a estrutura uterina para entender a adenomiose: endométrio, miométrio e perimétrio são as três camadas que formam o órgão. Elas compõem as partes interna, intermediária e externa do útero, respectivamente.
Para entender melhor o que é essa doença, quais os sintomas e formas de tratamento, entre outras informações, continue a leitura!
A adenomiose é uma doença que afeta o sistema reprodutor feminino, em decorrência da invasão celular do endométrio no miométrio. As consequências dessa disfunção incluem o aumento do volume uterino. As glândulas endometriais que se espalham pelo interior do miométrio podem deixar o útero duas ou até três vezes maior que seu tamanho normal.
Essa condição clínica, não raro, é confundida com a endometriose, que ocorre quando células do tecido endometrial se espalham para fora da cavidade uterina e afetam outras partes do aparelho reprodutor, como ovários, tubas uterinas, região pélvica, bexiga e intestino.
Apesar de a adenomiose ser classificada como uma doença benigna, pode causar muito desconforto para a mulher, além do risco de desenvolver problemas mais sérios.
Quem passa por esse problema pode ter dificuldade em identificar os sinais da doença, uma vez que a adenomiose é assintomática em aproximadamente 35% dos casos. Quando há sintomas, eles ainda podem sugerir a existência de outras condições clínicas, como miomas ou endometriose.
As manifestações sintomáticas da adenomiose podem incluir:
Esses sintomas são inespecíficos e podem indicar outras doenças e condições. Por isso, é importante fazer um acompanhamento médico preciso, com a realização de exames que podem ajudar a identificar a adenomiose ou outra condição que esteja afetando a qualidade de vida da paciente.
A sintomatologia da adenomiose difere de acordo com a profundidade em que o miométrio é atingido. Estudos afirmam que a doença não costuma se apresentar como um caso isolado. Portanto, é comum a sua associação com outras doenças, principalmente com a endometriose.
Na ausência de tratamentos, os sintomas da adenomiose tendem a desaparecer com a chegada da menopausa.
Mulheres com idade superior a 40 anos estão no grupo de risco para o surgimento da adenomiose. Outro fator relacionado à doença é a alta paridade, uma vez que o quadro é mais comum entre pessoas que já tiveram filhos. Pacientes que passaram por cirurgias que afetam o útero, como curetagem, também podem ter mais chances de desenvolvê-la.
A prevalência da adenomiose não apresenta dados conclusivos. Isso ocorre porque o percentual de casos assintomáticos torna o diagnóstico difícil. Assim, o quadro comumente é detectado por acaso, isto é, quando as pacientes são avaliadas em razão de outras condições clínicas.
Entretanto, muitas mulheres jovens vêm sendo diagnosticadas com essa afecção, o que constitui um grande desafio no seu manejo, principalmente quando associada com infertilidade.
A hipótese diagnóstica começa a ser formulada na avaliação clínica, considerando a sintomatologia e o histórico da paciente. No entanto, esses indícios são inespecíficos e a suspeita pode ser mais bem investigada por meio de exames, os quais incluem:
O tratamento é definido de acordo com a gravidade do caso e os objetivos da paciente, ou seja, se há ou não a intenção de ter filhos. É importante focar nessa informação, pois os procedimentos cirúrgicos, por exemplo, podem impossibilitar uma futura gravidez.
Há a opção do tratamento com anti-inflamatórios para alívio da dor, assim como outros medicamentos de regulação hormonal para redução dos demais sintomas. Mulheres que não pretendem engravidar podem tentar a melhora do quadro com o uso de dispositivos intrauterinos (DIU) que atuam com liberação de hormônios.
Se a intervenção farmacológica não apresentar resultados efetivos, a indicação tende a ser cirúrgica. A laparoscopia é a melhor opção de tratamento cirúrgico, devido à sua ação minimamente invasiva. Nos casos de maior gravidade, pode ser necessário realizar uma histerectomia total, procedimento em que o útero é removido em sua totalidade.
Os modos de tratamento cirúrgico conservadores da adenomiose ainda representam um grande desafio para nós ginecologistas, uma vez que, na maioria dos casos, trata-se de uma doença difusa do miométrio uterino, sendo difícil a delimitação de seus limites para sua adequada retirada.
A adenomiose pode ser uma causa de infertilidade, assim como de abortamento precoce.
Complicações como rotura ou perfuração uterina, gravidez ectópica, hemorragia pós-parto e nascimento prematuro também aparecem em alguns relatos publicados. No entanto, os casos de complicação obstétrica são bastante raros.
O impacto na capacidade reprodutiva é uma consequência negativa que aparece de forma evidente. Em populações estudadas, os resultados demonstraram a incidência da infertilidade em até 14% dos casos de adenomiose.
É importante colher informações sobre esse problema de saúde para observar os sinais da doença e procurar acompanhamento médico, quando necessário. Então, leia outro texto e aprenda mais sobre a adenomiose.