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Ciclo menstrual curto e endometriose: existe relação?

Ciclo menstrual curto e endometriose: existe relação?

Dr. Luiz Flávio

O crescimento de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente útero, fora do órgão, é a principal definição de endometriose

Os locais mais comuns em que esse tecido anormal se desenvolve são o peritônio, os ovários, as tubas uterinas e os ligamentos que sustentam o útero (uterossacros), embora também possa acometer a vagina, intestino, bexiga e ureteres. 

As lesões resultantes do tecido ectópico se apresentam em forma de implantes, aderências ou endometriomas, quando acometem os ovários.

A endometriose geralmente é silenciosa e de crescimento lento, o que muitas vezes dificulta o diagnóstico precoce, levando a quadros de maior gravidade para a saúde feminina, inclusive no âmbito reprodutivo.

No entanto, em alguns casos pode apresentar sintomas, que surgem como consequência do processo inflamatório provocado pela presença do tecido ectópico, entre eles, os mais frequentes são cólicas menstruais, além de dor pélvica de maior intensidade. 

Este texto explica o ciclo menstrual, destacando a relação da doença com a sua duração, os aspectos que precisam ser considerados no dia a dia da mulher e necessidade de procurar auxílio médico. Continue a leitura até o final e saiba mais!

Entenda o que é ciclo menstrual e como ele funciona

O ciclo menstrual é o termo utilizado para definir as alterações fisiológicas que ocorrem nas mulheres durante a idade fértil com a finalidade de preparar o corpo para a gravidez. 

É dividido em três fases, conhecidas como folicular, ovulatória e lútea. Elas são reguladas principalmente pela ação dos hormônios folículo-estimulante (FSH), luteinizante (LH), os sexuais femininos, estrogênio e progesterona, e geralmente têm o intervalo médio de 28 dias, podendo variar de 22 a 35 dias. 

  • Fase folicular: inicia no primeiro dia da menstruação e dura até, por volta do 13º dia. Na fase folicular vários folículos (pequenas bolsas que armazenam os óvulos imaturos) crescem, mas apenas um deles se torna dominante, desenvolve e amadurece. Nessa fase o endométrio, motivado pela ação do estrogênio, começa a ser preparado tornando-se mais espesso para receber o embrião: nele o embrião implanta, iniciando a gestação; 
  • Fase ovulatória: a fase ovulatória acontece por volta do 14º dia, quando o folículo rompe liberando o óvulo, que dura por 24 horas no organismo feminino;
  • Fase lútea: nessa fase, que se inicia por volta do 15º dia e dura até o último dia de um ciclo menstrual regular, o folículo no qual o óvulo estava abrigado se transforma em corpo lúteo, estrutura que secreta progesterona: junto com o estrogênio garante o preparo final do endométrio. 

Quando não há fecundação o endométrio descama, provocando a menstruação, iniciando um novo ciclo. 

Os ciclos menstruais regulares podem ter a duração de 28 dias, assim como ser um pouco mais curtos ou longos: de 22 dias ou de 35 dias. Quando estão continuamente fora dos intervalos normais são considerados irregulares. 

Qual a relação da endometriose e ciclo menstrual?

A relação da endometriose com ciclo menstrual pode ocorrer de duas formas, justificadas por estudos que indicam a possibilidade de o risco da doença ser maior em mulheres que possuem o ciclo menstrual mais curto. 

Alguns estudos estabelecem uma associação entre um ciclo menstrual mais curto e a incidência da doença.

A teoria da menstruação retrógada foi proposta pelo ginecologista norte-americano John Albertson Sampson. Sugere que os fragmentos do endométrio normal, que deveriam ser eliminados pela menstruação, refluem pelas tubas uterinas, implantando-se em outros locais. 

Um ciclo menstrual curto geralmente significa o aumento da frequência menstrual e maior risco de exposição à menstruação. Assim, a duração menor do que a média pode, teoricamente, potencialmente aumentar a ocorrência ou o risco de sangramento retrógrado e, consequentemente, a incidência de endometriose. 

A outra explicação para isso é o fato de o tecido ectópico, característico de endometriose, assim como o endométrio normal também ciclar sob a ação hormonal, sendo que as mulheres com ciclo curto estão mais expostas às alterações inflamatórias decorrentes deste processo. 

Para entender melhor, veja abaixo como os hormônios funcionam durante o ciclo menstrual: 

  • Fase folicular: no início dessa fase a concentração do hormônio folículo-estimulante (FSH) aumenta para estimular o crescimento folicular. À medida que ocorre o desenvolvimento de apenas um folículo, o que se torna dominante, a concentração de FSH diminui e esse folículo passa a secretar estrogênio, que vai atuar no desenvolvimento do endométrio; 
  • Fase ovulatória: nessa fase há um pico do hormônio luteinizante (LH). Ele funciona como uma espécie de gatilho para induzir o folículo ao rompimento e consequente ovulação. Os níveis de estrogênio diminuem durante o pico de LH, enquanto os de progesterona começam a aumentar;
  • Fase lútea: durante a fase lútea, ocorre uma redução na concentração dos hormônios LH e FSH. O folículo rompido se transforma em corpo lúteo e passa a secretar progesterona, aumentando os níveis do hormônio. Durante a maior parte dessa fase a concentração de estrogênio é alta. Juntos, os dois hormônios promovem o preparo final do endométrio para receber o embrião. 

Se o óvulo não for fecundado, o corpo lúteo se degenera e já não produz mais progesterona, os níveis de estrogênio diminuem, provocando a descamação da camada funcional do endométrio e a menstruação. 

Quando há fecundação, por outro lado, o corpo lúteo continua a secretar progesterona, que contribui para a manutenção da gravidez. 

Aspectos da endometriose que precisam ser considerados no dia a dia da mulher

Da mesma forma que a endometriose pode causar infertilidade como consequência do processo inflamatório provocado pela presença do tecido ectópico, pode haver, ainda, a manifestação de diferentes sintomas. 

Em alguns casos são, inclusive, incapacitantes e comprometem a qualidade de vida das mulheres portadoras, afetando as relações profissionais e pessoais, levando muitas vezes ao afastamento social ou motivando o desenvolvimento de transtornos emocionais como a depressão. A observação deles é fundamental para garantir diagnóstico e tratamentos precoces. 

O tecido anormal, ao reagir à ação do estrogênio, tende a sangrar durante a menstruação, aumentando a intensidade das cólicas. 

Os sintomas mais comuns de endometriose são: 

  • Dor pélvica: a dor pélvica pode se apresentar como cólicas severas antes e durante a menstruação (dismenorreia) e/ou como uma dor crônica;
  • Dor durante a relação sexual: a dor durante a relação sexual, conhecida como dispareunia, pode ocorrer, principalmente, nos casos em que o tecido ectópico provocou lesões profundas na vagina e ligamentos uterossacros;
  • Mudanças no hábito urinário: quando o tecido ectópico instala na bexiga pode haver micção frequente e urgente, dificuldade para urinar acompanhada de dor e presença de sangue na urina;
  • Mudanças no hábito intestinal: o tecido ectópico presente no intestino provoca distensão abdominal, constipação cíclica, sangramento nas fezes, dor ou dificuldade em evacuar e dor anal. 

A manifestação de qualquer sintoma indica a necessidade de procurar auxílio médico. Para confirmar a suspeita, são realizados exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal com protocolo especial. 

A endometriose é uma doença crônica, que deve ser acompanhada durante toda a fase fértil da mulher. No entanto, tem tratamento na maioria dos casos: os sintomas podem ser controlados, ao mesmo tempo que a fertilidade pode ser restaurada ou a gravidez obtida com a utilização de técnicas de reprodução assistida. 

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