Dr. Luiz Flávio
Ciclos menstruais irregulares podem estar associados a condições como desequilíbrio hormonal e doenças ovarianas, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP). Pequenas alterações no intervalo entre os ciclos podem ocorrer normalmente, mas se a menstruação cessa por longos períodos e aparece de modo infrequente, a avaliação médica é necessária.
A primeira menstruação, chamada de menarca, marca o início dos ciclos menstruais, os quais costumam ocorrer em intervalos regulares de cerca de 24 a 35 dias. Quando os ciclos duram mais que 35 dias, o quadro é chamado de oligomenorreia. Já quando a mulher não menstrua por três meses ou mais, a condição é classificada como amenorreia e geralmente decorre de algum distúrbio.
Entenda, neste post, como funciona o ciclo feminino e quais alterações podem deixar os ciclos menstruais irregulares!
Qual é a importância dos ciclos menstruais?
O ciclo menstrual é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea. Esse processo é regulado por vários hormônios que agem sobre os órgãos do sistema reprodutor feminino e preparam o corpo da mulher para uma possível gestação. Isso ocorre ciclicamente ao longo da vida fértil — período chamado menacme, que vai desde a menarca até a menopausa.
Entenda como os ciclos menstruais ocorrem!
Fase folicular
A menstruação marca o início de um novo ciclo. Nesse momento, os níveis de estrogênio e progesterona — hormônios produzidos pelos ovários — estão baixos e a camada interna do útero (endométrio) está em processo de descamação, o que origina o sangramento menstrual.
Duas estruturas cerebrais trabalham para secretar substâncias que vão estimular a função ovariana: o hipotálamo secreta o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) que faz a hipófise liberar os hormônios folículo-estimulante (FSH) e luteinizante (LH).
Essas duas substâncias estimulam os ovários a desenvolverem os folículos, unidades funcionais que guardam os óvulos. Conforme os folículos ovarianos crescem, eles produzem outros hormônios que promovem o crescimento do endométrio.
Fase ovulatória
Dentre os folículos em desenvolvimento, um deles cresce mais que os outros e se torna dominante. Por volta de 14 dias após o início da menstruação, ocorre um aumento súbito de LH que provoca a maturação final e o rompimento do folículo dominante, ocasionando a ovulação.
Assim, o óvulo alcança a tuba uterina e permanece no seu interior por cerca de 1 dia. Nesse período, se a mulher mantiver relações sexuais sem uso de método contraceptivo, os espermatozoides podem chegar até o óvulo e fertilizá-lo.
Fase lútea
Após se romper e liberar o óvulo, o folículo ovariano forma o corpo-lúteo e começa a secretar estrogênio e altas doses de progesterona. Esses hormônios preparam o tecido endometrial para receber um embrião.
Se houver concepção, o corpo da mulher produz gonadotrofina coriônica humana (hCG), hormônio que mantém a função do corpo-lúteo. Mas se o óvulo não for fertilizado, o corpo-lúteo involui, causando a queda nos níveis de estrogênio e progesterona. Consequentemente, o endométrio descama, provoca o sangramento e marca o início de um novo ciclo menstrual.
O que pode deixar os ciclos menstruais irregulares?
Vários fatores estão por trás dos ciclos menstruais irregulares, incluindo doenças ginecológicas, problemas hipotalâmicos ou hipofisários que alteram a produção hormonal, distúrbios da glândula tireoide, estresse, transtornos alimentares, entre outros condições.
Dentre as doenças ginecológicas, a SOP está diretamente relacionada aos ciclos menstruais irregulares. Trata-se de um distúrbio ovariano caracterizado por hiperandrogenismo (aumento nos níveis de hormônios masculinos), presença de microcistos nos ovários e amenorreia ou oligomenorreia.
Outra condição que pode provocar ausência de menstruação é síndrome de Asherman, ou sinequias uterinas. A doença é caracterizada pela formação de pontes de tecido cicatricial que ocupam a cavidade do útero. Nesse caso, a amenorreia não é provocada por alterações hormonais, mas por obstrução mecânica, visto que as fibroses intrauterinas podem impedir a saída do sangue menstrual.
Já a endometriose, ao contrário do que muitos pensam, não altera a menstruação. Outras doenças ginecológicas, como miomas, pólipos e adenomiose, podem causar sangramento uterino anormal, caracterizado pelo aumento do fluxo ou por períodos menstruais prolongados.
De forma resumida, as condições que afetam o equilíbrio hormonal, deixando os ciclos menstruais irregulares, incluem:
Como você pode ver, inúmeras causas estão por trás dos ciclos menstruais irregulares. Algumas condições são facilmente tratáveis, outras necessitam de um acompanhamento médico mais pontual. Em todo caso, aconselhamos a busca por diagnóstico e tratamento diante de irregularidades frequentes na menstruação, principalmente para quem planeja engravidar.
Assim como você, outras mulheres podem estar em busca de informações sobre o que provoca ciclos menstruais irregulares. Então, ajude compartilhando este post em suas redes sociais!