Dr. Luiz Flávio
Os cistos ovarianos e a síndrome dos ovários policísticos (SOP) são quadros comumente confundidos. Entretanto, as duas condições apresentam características extremamente diversas e são causadas por fatores distintos.
Os ovários são glândulas do sistema reprodutor feminino. Suas principais funções incluem: produzir hormônios sexuais, como o estrogênio e a progesterona; armazenar os folículos (e os óvulos) até o seu amadurecimento. São, portanto, órgãos essenciais para o equilíbrio hormonal e para a saúde reprodutiva da mulher.
Ao longo deste texto, mostrarei as diferenças entre os cistos ovarianos e a SOP. Continue a leitura para obter um melhor entendimento sobre esse assunto!
Os cistos ovarianos são caracterizados pelo acúmulo de líquido em pequenas bolsas, dentro dos ovários. Há vários tipos de cistos — funcional, cistadenoma, endometrioma etc. — que variam de etiologia e apresentam diferentes níveis de gravidade.
Eles podem representar apenas um folículo ovulatório ou um cisto do corpo-lúteo, os quais fazem parte do processo normal de ovulação e também são chamados de cistos funcionais. Por outro lado, o quadro pode indicar a existência de doenças mais sérias, como um tumor ovariano.
Em muitos casos, os cistos não apresentam sintomas e desaparecem naturalmente, sem serem identificados. Entretanto, o problema pode persistir e gerar repercussões negativas.
Em quadros sintomáticos, outros indícios dos cistos ovarianos são:
A SOP é uma das afecções endócrino-ginecológicas que mais afetam as mulheres em idade reprodutiva. A doença é caracterizada, principalmente, pelo hiperandrogenismo — alteração endócrina que leva o organismo feminino a produzir uma quantidade excessiva de hormônios masculinos, como a testosterona. Além disso, a mulher pode manifestar anovulação e a presença de um grande número de pequenos cistos nos ovários.
Os principais sintomas da SOP são:
Para confirmar um quadro de SOP, são considerados três critérios diagnósticos: amenorreia ou oligomenorreia; hiperandrogenismo clínico e/ou ambulatorial; confirmação ultrassonográfica de policistos, com exclusão de condições clínicas semelhantes.
O aumento do volume do ovário, bem como a quantidade e o diâmetro dos folículos também são pontos avaliados para chegar à conclusão diagnóstica da SOP.
Apesar de as duas doenças afetarem os ovários, estamos falando de condições clínicas distintas. A SOP apresenta múltiplos cistos pequenos, mas nem todos os cistos ovarianos são causados pela SOP.
Os cistos não decorrentes da síndrome aparecem em número reduzido, podem acometer somente um dos ovários e tendem a ser maiores do que os microcistos da SOP. Portanto, além das manifestações clínicas já citadas, é possível diferenciar as duas condições a partir de exames laboratoriais e ultrassonográficos.
Na SOP, o desequilíbrio hormonal impede que os folículos se desenvolvam e deem origem aos óvulos. Sendo assim, aqueles que não amadurecem, se agrupam nos ovários, formando pequenos cistos.
Já os cistos ovarianos apresentam diferentes tipos e causas. Uma das razões para o aparecimento dessa condição é o crescimento descontrolado de determinadas células do ovário. Vale ressaltar, ainda, que esses cistos podem ser benignos ou malignos.
Para verificar a existência de cistos ovarianos, alguns exames específicos são solicitados pelo médico, como ultrassonografia pélvica, ressonância magnética e, em último caso, a laparoscopia, lembrando que boa parte das situações é assintomática, o que impede uma hipótese diagnóstica com base na avaliação clínica.
A investigação da SOP começa com a anamnese e o exame físico. Assim, o médico pode avaliar questões como histórico familiar, estilo de vida, periodicidade dos ciclos menstruais, manifestações clínicas da doença, entre outros pontos importantes. A ultrassonografia transvaginal e exames laboratoriais para análise hormonal também são solicitados para confirmação do quadro.
Para os cistos ovarianos, o tratamento é indicado de acordo com os sintomas e características do quadro. A intervenção pode ser feita de forma expectante, cirúrgica ou medicamentosa, com o uso de anticoncepcionais. As condições malignas requerem outras medidas.
Importante ressaltar que a cirurgia não é indicada em todos os casos, e deve ficar limitada aos cistos maiores ou de características suspeitas. Portanto, para evitar diagnósticos tardios e procedimentos invasivos, o ideal é fazer acompanhamento de rotina com um ginecologista.
O tratamento da SOP também depende da intensidade dos sintomas e dos objetivos da paciente. Uma das principais recomendações é a adoção de hábitos saudáveis, como reeducação alimentar e prática regular de atividades físicas. Dessa forma, pacientes com excesso de peso podem melhorar os níveis hormonais.
A adoção de hábitos saudáveis e perda de peso são o principal tratamento para a maioria dos casos de SOP. As demais medidas citadas abaixo são apenas sintomáticas.
Mulheres que não pretendem engravidar são tratadas com anticoncepcionais orais, que têm a ação de normalizar o ciclo menstrual e minimizar os efeitos do hiperandrogenismo. Já as pacientes que almejam uma gestação devem ser avaliadas caso a caso.
Outro ponto importante no tratamento da SOP é identificar as possíveis repercussões negativas da doença e atuar no controle de doenças associadas, como diabetes, problemas cardiovasculares, entre outros.
Apesar das diferenças entre as duas condições, tanto a SOP quanto os cistos ovarianos precisam de tratamento, dependendo da gravidade do quadro. Assim, a melhor forma de evitar o agravamento de ambas as doenças é manter consultas periódicas em dia.
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