Dr. Luiz Flávio
Durante a fase reprodutiva todos os meses o corpo feminino é preparado para a concepção. O processo, chamado ciclo menstrual, é regulado por diferentes hormônios e dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea.
Na fase folicular vários folículos são recrutados, um deles desenvolve, amadurece e rompe liberando o óvulo na fase ovulatória. O endométrio, camada que reveste o útero internamente, estimulado pelo estrogênio, também começa a se tornar mais espesso para receber o embrião: ele vai abrigá-lo e nutri-lo até a formação da placenta.
Na fase lútea, o folículo que abrigava o óvulo se transforma em corpo-lúteo, responsável pela liberação de progesterona, que age com o estrogênio para garantir o preparo final do endométrio. Se a concepção não ocorrer ele descama provocando a menstruação.
A cólica menstrual intensa pode ser sintoma de alguma doença ginecológica. Continue a leitura para saber mais.
A cólica menstrual, também chamada dismenorreia, é uma dor que ocorre na região pélvica provocada pela liberação da prostaglandina, substância que estimula a contração uterina para a eliminação dos fragmentos do endométrio pelo sangramento. Níveis mais altos de prostaglandinas estão associados a cólicas menstruais mais graves.
Muitas mulheres têm cólicas menstruais antes e durante o período menstrual: geralmente a cólica precede a menstruação por alguns dias e intensifica com a chegada do fluxo menstrual.
Em algumas mulheres elas manifestam de forma mais leve e são apenas um desconforto, enquanto em outras podem ser mais severas e incapacitantes, interferindo nas atividades diárias e na qualidade de vida. Quando ocorrem com maior frequência é importante procurar auxílio médico para investigar o motivo.
Existem dois tipos de cólica menstrual. A que manifesta desde a primeira menstruação, chamada primária e a que surge após um período sem dor, secundária. A secundária pode ser consequência de diferentes doenças feminina, incluindo endometriose, adenomiose, miomas uterinos e processos inflamatórios.
Pode manifestar em maior ou menor intensidade e durante períodos diferentes, de acordo com cada doença. Na endometriose, por exemplo, doença em que um tecido semelhante ao endométrio cresce em locais ectópicos como os ovários, colo uterino e tubas uterinas, manifesta de forma mais severa antes e durante os períodos menstruais.
Na adenomiose, também há o crescimento anormal de um tecido semelhante ao endométrio, mas no miométrio, camada muscular do útero. Nessa doença, a cólica tende a ser mais severa durante o ciclo menstrual, associada com aumento do fluxo menstrual.
Em mulheres com miomas uterinos, tumores benignos que crescem no útero, a cólica geralmente é constante e aumenta em intensidade durante os períodos menstruais.
Já os processos inflamatórios, como a doença inflamatória pélvica (DIP), que na maioria das vezes surge como consequência de doenças sexualmente transmissíveis como clamídia e gonorreia, causando a inflamação do útero, tubas uterinas e ovários, geralmente inicia de maneira mais branda. No entanto, se torna mais severa com a progressão da infecção e está associada a sintomas como náuseas, vômito, febre e calafrios.
Outras inflamações uterinas também podem provocar cólicas, incluindo endometrite e cervicite, ou mesmo inflamações que afetam o trato urinário, como a uretrite, que também podem resultar de doenças sexualmente transmissíveis.
A cólica menstrual é um importante alerta para essas doenças: quando tratadas tardiamente podem provocar infertilidade feminina.
A cólica menstrual é um dos principais sintomas que motivam à procura por ginecologistas. O exame físico permite suspeitar de causas que podem provocá-la, ou mesmo descartar essa possibilidade.
O aumento do volume uterino, por exemplo, geralmente é característico de miomas ou adenomiose, assim como o corrimento anormal sugere a presença de doenças sexualmente transmissíveis, principal causa de DIP e de outros processos inflamatórios.
Para confirmar a suspeita e detectar a causa que está provocando cólicas menstruais, são solicitados diferentes exames laboratoriais e de imagem. Entre os laboratoriais, estão o exame de sangue e de urina, importantes para confirmar processos inflamatórios e definir os tipos de bactérias que os causaram, incluindo as sexualmente transmissíveis.
Os exames de imagem são realizados para detectar miomas uterinos, endometriose, adenomiose, da mesma forma que permitem confirmar a presença de processos inflamatórios.
Inicialmente geralmente são solicitadas a ultrassonografia transvaginal pélvica e a ressonância magnética (RM). De acordo com a causa, podem ainda ser realizados exames complementares.
As doenças uterinas que provocam cólicas menstruais e podem resultar em infertilidade têm tratamento na maioria dos casos. O tratamento também garante a redução ou eliminação dos sintomas.
Gostou do texto? Caso ainda tenha alguma dúvida sobre cólica menstrual, registre-a nos comentários. Teremos o maior prazer em esclarecê-la.