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Doenças que podem afetar a fertilidade feminina

Doenças que podem afetar a fertilidade feminina

Dr. Luiz Flávio

Para que a gravidez ocorra o sistema reprodutor feminino deve funcionar perfeitamente. Todos os meses, a cada ciclo menstrual, estimulado por diferentes hormônios os ovários liberam um óvulo para ser fecundado: vários folículos (cistos que contêm os óvulos) são recrutados, porém, apenas um deles se desenvolve, amadurece e se rompe, liberando o óvulo.

Este, então, é capturado pelas tubas uterinas onde a fecundação acontece. Depois de alguns dias o embrião formado implanta no endométrio, tecido que reveste internamente o útero, que vai abrigá-lo até que ocorra a formação da placenta.

O endométrio também é preparado mensalmente para receber o embrião, tornando-se mais espesso estimulado pela ação do estrogênio e, no final do ciclo, progesterona.

Diferentes doenças femininas podem causar alterações neste processo, resultando em dificuldade reprodutiva. Continue a leitura deste post e conheça as mais comuns.

O que é dificuldade reprodutiva e quando é preciso procurar ajuda?

Dificuldade reprodutiva é o mesmo que infertilidade. Ocorre quando há tentativas malsucedidas de engravidar. No entanto, para ser definida como infértil é preciso pelo menos um ano de relações sexuais desprotegidas e frequentes.

O período é definido principalmente para mulheres com até 35 anos. Acima dessa idade, reduz para seis meses e depois dos 40 anos para três.

Ainda que esses sejam os principais critérios para indicar alterações na fertilidade, sinalizando para a necessidade de procurar auxílio médico, as doenças mais comuns que provocam dificuldades para conceber manifestam alguns sintomas. A observação deles também é um importante alerta.

Quais condições podem causar dificuldade reprodutiva?

Endometriose, miomas uterinos, síndrome dos ovários policísticos (SOP), pólipos endometriais e processos inflamatórios, incluindo a doença inflamatória pélvica (DIP), estão entre as condições que causam dificuldade reprodutiva mais frequentemente relatadas. Veja abaixo como cada uma delas pode alterar a fertilidade:

1. Endometriose: a endometriose tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio em lugares ectópicos, fora do útero. Quando cresce em locais como ovários e tubas uterinas, por exemplo, compromete a liberação do óvulo, assim como provoca obstruções nas tubas uterinas, inibindo, dessa forma, a fecundação. Além disso, o tecido ectópico também pode interferir na qualidade do óvulo e na receptividade endometrial, levando a falhas na implantação e abortamento.

2. Síndrome dos ovários policísticos (SOP): a SOP é uma condição caracterizada pela formação de múltiplos pequenos cistos na parte externa dos ovários. Causa alterações nos níveis dos hormônios sexuais femininos provocando problemas de ovulação, como dificuldades no amadurecimento e liberação do óvulo, resultando na ausência de ovulação (anovulação).

3. Miomas uterinos: miomas são tumores benignos que crescem no útero. De acordo com o local de crescimento, também podem provocar de obstruções nas tubas uterinas, a alterações na receptividade endometrial, resultando problemas na fecundação, falhas na implantação e abortamento. Em tamanhos maiores tendem, ainda, a causar anormalidades na anatomia uterina, dificultando o desenvolvimento ou sustentação da gravidez.

4. Pólipos endometriais: os pólipos endometriais também são formações normalmente benignas. Geralmente causam alterações na receptividade endometrial, provocando falhas na implantação e abortamento.

5. Doença inflamatória pélvica (DIP): a DIP é uma das principais consequências de doenças sexualmente transmissíveis como clamídia e gonorreia e resulta em inflamações no útero, ovários e tubas uterinas. O processo inflamatório provoca a formação de aderências, que assim como o tecido característico de endometriose podem inibir a liberação do óvulo e/ou a captação dele pelas tubas uterinas e, consequentemente, a fecundação.

Essas condições podem ter em comum a manifestação de dois sintomas, que reforçam a necessidade de procurar auxílio médico diante da tentativa malsucedida em engravidar: irregularidades menstruais e dor pélvica.

As irregularidades menstruais são caracterizadas por ciclos de intervalos menores do que 21 ou maiores do que 35 dias e/ou duração acima de 7 dias, com ou sem aumento do fluxo menstrual, ou sangramento entre os ciclos menstruais.

A dor pélvica, por outro lado, pode manifestar de maneiras diferentes. Pode ser em cólica e manifestar todos os meses antes ou durante o período menstrual, ou no meio do ciclo, quando há a liberação do óvulo. Também pode ocorrer eventualmente, ser repentina, intermitente, ou tornar-se mais intensa gradativamente, adquirindo um caráter contínuo.

Alterações na fertilidade feminina podem ainda ser provocadas por trombofilias, doenças autoimunes e distúrbios genéticos.

Alguns fatores também contribuem para aumentar o risco de infertilidade, incluindo hábitos como como alcoolismo, tabagismo e uso excessivo de drogas ilícitas, variações de peso, falta ou excesso de exercícios.

Como a dificuldade reprodutiva é investigada e diagnosticada?

A investigação das doenças que podem causar dificuldades de reprodução inicia-se na história clínica e exame físico. É possível, por exemplo, detectar alterações como o aumento do volume uterino, que geralmente indica a presença de miomas ou adenomiose, de secreções, um dos sintomas de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), ou crescimento de pelos em locais pouco comuns (hirsutismo), característico de SOP. Podem-se ainda identificar nódulos ou espessamentos dolorosos atrás do colo do útero, que possa sugerir a presença de endometriose.

Posteriormente são realizados diferentes exames laboratoriais e de imagem:

  • Avaliação da reserva ovariana: permite a avaliação da qualidade e quantidade de folículos;
  • Testes hormonais: determinam os níveis dos hormônios reprodutivos;
  • Exame de sangue;
  • Exames sorológicos: é realizado se houver suspeita de infecções por agentes transmissíveis sexualmente, indicando, da mesma forma, o tipo de bactéria;
  • Coleta da secreção vaginal;
  • Exames de imagem: os exames de imagem possibilitam a identificação de miomas, endometriose, pólipos, cistos e de anormalidades na anatomia uterina. Geralmente são solicitadas a ultrassonografia pélvica transvaginal e a ressonância magnética (RM).

De acordo com a causa detectada, podem ser ainda solicitados outros exames complementares.

Como a dificuldade reprodutiva pode ser tratada?

O tratamento é definido a partir dos resultados diagnósticos e pode ser farmacológico ou cirúrgico.

Farmacológico

Quando há alterações nos níveis hormonais, que causam irregularidades menstruais e, consequentemente, problemas de ovulação é indicada a terapia hormonal específica, que possibilite o controle desses sintomas.

Se o problema resultar de processos inflamatórios infecciosos, são prescritos antibióticos adequados para cada tipo específico, incluindo as sexualmente transmissíveis. Nesse caso, deve ser extensivo ao parceiro.

Cirúrgico

A cirurgia é indicada para remoção de miomas uterinos, pólipos endometriais, endometriose e aderências.

Após a realização do tratamento a fertilidade é restaurada na maioria dos casos e a gravidez obtida com sucesso. Porém, quando isso não acontece, é possível contar ainda com as técnicas de reprodução assistida para engravidar.

Se você está tentando engravidar e ainda tem alguma dúvida, deixe a pergunta nos comentários. Teremos prazer em esclarecê-la!

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