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Dor pélvica: como tratar?

Dor pélvica: como tratar?

Dr. Luiz Flávio

Na ginecologia, denominamos dor pélvicaaquela que atinge a região inferior do abdômen abaixo das cristas ilíacas (porção anterossuperior dos ossos da bacia). Ali, estão localizados os órgãos reprodutores femininos, grande parte do aparelho urinário, com exceção dos rins, e a porção terminal do trato gastrointestinal. Por isso, é um sintoma muito comum nos consultórios, que demanda investigação e tratamento.

Inicialmente, o médico avalia as características da dor, como duração, frequência e fatores de piora. Então, realiza-se o exame físico em busca de sinais que auxiliam no diagnóstico. Caso seja necessário, alguns exames de laboratório ou de imagem devem ser requisitados. Por fim, o tratamento será direcionado ao alívio dos sintomas e à resolução/controle da causa da queixa.

Quer saber mais sobre o assunto? Acompanhe nosso post!

O que pode causar dor pélvica?

Qualquer condição que afeta o sistema reprodutor feminino, a bexiga e as vias urinárias, assim como o trato gastrointestinalpode levar à dor pélvica.

Alterações e lesões anatômicas;
Proliferações celulares benignas, como os miomas e a endometriose;
Tumores malignos, como o câncer de ovário e de endométrio;
Vasculares, como a congestão pélvica;
Infecciosas, como as doenças sexualmente transmissíveis e a doença inflamatória pélvica;
Gestações normais e ectópicas.

Além disso, frequentemente, dores pélvicas esporádicas são provocadas por processos fisiológicos normais, como a ovulação e a menstruação. Assim, a primeira conduta do médico será caracterizar muito bem essa dor para levantar as hipóteses mais prováveis. Na medicina, dizemos que a dor tem dez sinais orientadores (cardinais):

Localização: ela pode ser difusa em toda a pelve ou em um ponto específico;
Irradiação: é a reflexão da dor para outra região, como a parte superior das coxas e a lombar;
Qualidade ou caráter: a dor pélvica pode vir na forma de cólicas, aperto, pontada, choque, latejante, pulsátil, entre outras;
Intensidade: é o grau subjetivo de dor você sente, especialmente em comparação a ocorrências anteriores;
Duração: é a data de início da dor, dividindo-a em aguda, subaguda ou crônica;
Evolução: como a dor se comporta no tempo em relação à frequência (quantas vezes você a sente em um dia, uma semana ou um mês) equanto dura cada crise;
Relação com funções orgânicas: a dor aparece apenas diante de eventos corporais, como a movimentação e a menstruação;
Fatores desencadeantes ou agravantes: são aqueles que iniciam a dor ou a pioram;
Fatores atenuantes: são aqueles a amenizam;
Manifestações concomitantes, como dores de cabeça, náuseas, vômitos, entre outras.

É importante que você observe as características da sua dor para dar informações mais precisas para o médico.

Como tratar?

O tratamento pode envolver estratégias de redução da dor com o uso de medicamentos analgésicos, antiespasmódicos e anti-inflamatórios. Entretanto o principal objetivo é a resolução ou controle da condição que causa o sintoma.

Para isso, a ginecologia, uma das distinções mais importantes leva em conta a duração, a evolução e a relação com as funções orgânicas, que divide a dor pélvica em aguda e crônica.

Dor pélvica aguda

Seu início deve ser inferior a 3 meses. Como pode estar associada à gestação, o teste de gravidez sempre deve ser realizado.

Tratamento das principais causas ginecológicas de dor pélvica aguda com teste de gravidez positivo

Abortamento

Inicialmente conduta expectante, isto é, aguardar a liberação espontânea dos produtos embrionários.

Abortamentos com complicações ou retido curetagem

Gestação ectópica

Em grande parte dos casos, o tratamento clínico para interrupção da gestação. 

Risco de vida da mãe ou ineficácia do tratamento clínico abordagem cirúrgica

Gravidez com complicação

Medidas para reduzir o risco de abortamento e acompanhamento com o pré-natal de alto risco.

Em geral, a conduta é expectante. 

Se houver sinais de risco de gravidade (queda da pressão) ou tamanho maior do que 5 cm, está indicada a cirurgia minimamente invasiva (laparoscopia).


Já os testes negativos levam as seguintes suspeitas de causas ginecológicas:

Tratamento das principais causas ginecológicas de dor pélvica aguda com exame de gravidez negativo

Doença inflamatória pélvica

Uso de antibióticos 

Doenças sexualmente transmissíveis

Expectante ou uso de antibióticos

Torção de ovário

Abordagem cirúrgica minimamente invasiva ou aberta

Ruptura de cisto ovariano ou de endometriomas

Abordagem cirúrgica minimamente invasiva

Endometrite

Uso de antibióticos

Tumores malignos do sistema reprodutor 

Quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal e/ou cirurgia. A decisão é individualizada de acordo com as características do tumor.

Também, é possível que a dor pélvica aguda seja causada por condições não ginecológicas:

Tratamento das principais causas não ginecológicas de dor pélvica aguda

Apendicite

Abordagem cirúrgica minimamente invasiva

Cálculos nas vias urinárias

Pode ser inicialmente expectante, caso a localização e o tamanho do cálculo permitam que ele seja expelido naturalmente. Senão, algumas alternativas são:

Quebra do cálculo por métodos não invasivos para facilitar a liberação espontânea.
Retirada do cálculo por endoscopia. 
Em casos mais complicados, pode ser necessária a cirurgia minimamente invasiva ou aberta. 

Constipação intestinal

Melhora de hábitos de vida e uso de laxativo

Infecções urinárias

Uso de antibióticos

É muito importante distinguir aquelas que se iniciaram nas últimas horas e aumentaram rapidamente de intensidade, visto que podem ser sinal de emergência. Nesses casos, você deve procurar atendimento médico o quanto antes.

Dor pélvica cíclica

São as dores que estão associadas ao ciclo menstrual:

Dor do meio: é um sintoma normal, que surge cerca de duas semanas após o primeiro dia de menstruação;
Dismenorreia: é uma dor intensa nos dias de menstruação.

Dor pélvica crônica

É a dor com duração superior a 6 meses, que persiste fora do período menstrual e interfere na qualidade de vida. As causas nãoginecológicas mais frequentes são:

Constipação intestinal;
Síndrome da bexiga dolorosa;
Doenças inflamatórias intestinais;
Infecções urinárias de repetição.

As causas ginecológicas mais comuns são:

Endometriose;
Congestão pélvica.

A endometriose e a dor pélvica

A endometriose é o diagnóstico mais comum em mulheres que relatam dor pélvica, sendo encontrada em:

30% a 50% das queixas de dismenorreia;
50% a 80% dos relatos de dor pélvica crônica.

O tratamento da endometriose pode ser:

Expectante;
Clínico, com o uso de terapias hormonais, como os anticoncepcionais combinados e a pílulas de progesterona;
Cirúrgico, em situações mais específicas, como maior risco de complicações, falha do tratamento clínico e/ou diante da queixa de infertilidade.

Pela complexidade da dor pélvica crônica, é importantíssimo que ela seja acompanhada por um médico experiente. Evite se automedicar, pois isso pode adiar o tratamento da causa da dor ou de condições potencialmente graves.

Quer saber mais sobre a endometriose e seu acolhimento no consultório ginecológico? Confira este post bem completo sobre o assunto!

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