Dr. Luiz Flávio
Existem dois diferentes tipos de dor: a aguda e a crônica. A dor aguda é uma espécie de alerta do sistema de proteção do organismo e pode sinalizar diferentes problemas, incluindo lesões ou infecções. É uma dor recente, que muitas vezes ocorre subitamente e tem duração limitada de tempo.
Quando não é adequadamente tratada, a dor aguda pode levar a complicações médicas de maior gravidade ou tornar-se crônica, de acordo com cada caso. A cólica menstrual, cefaleia aguda e dor de dente são exemplos de dor aguda.
Ao tornar-se crônica e persistente a dor já passa a ser considerada uma doença por si só. Pode ser incapacitante e levar ao desenvolvimento de diferentes transtornos emocionais, como ansiedade, depressão, causar alterações no sono e apetite.
A dor pode ocorrer em diferentes regiões do corpo, entre elas a pélvica e manifestar de diversas formas – ser súbita, pulsante ou intermitente, por exemplo –, alertando para diferentes doenças, incluindo algumas doenças femininas que podem provocar infertilidade, entre elas a endometriose.
Para saber mais sobre dor pélvica e endometriose continue a leitura deste post. Ele destaca ainda outros sintomas que alertam para a doença.
A dor pélvica ocorre na região abaixo do abdome, entre os ossos dos quadris e pode manifestar de diferentes formas: pode ocorrer apenas eventualmente e ser aguda e em cólica (como as menstruais). Pode ocorrer ainda de forma mais frequente e aumentar gradativamente em intensidade, ser intermitente ou mesmo repentina e dolorosa.
Para ser considerada crônica, deve ocorrer por um período que varia entre três e seis meses. Além da dor, geralmente há maior sensibilidade na região pélvica, ao mesmo tempo que ela pode estar associada a outros sintomas como sangramento ou secreção vaginal, febre, náusea, vômito, sudorese, vertigem, de acordo com a causa que a provocou.
Ter dor pélvica nem sempre é sinal de problemas graves. Porém, algumas condições que manifestam o sintoma se não forem adequadamente tratadas podem levar a diferentes complicações, incluindo infertilidade.
Endometriose é uma doença feminina que tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio (que reveste internamente o útero), fora da cavidade uterina. A doença é crônica e inflamatória e bastante comum durante a fase reprodutiva.
Esse tecido ectópico frequentemente cresce em regiões próximas ao útero como os ligamentos que o sustentam e os ovários. Porém, também pode desenvolver nas tubas uterinas, no trato urinário e no intestinal.
O endométrio é responsável por abrigar o embrião até que a placenta seja formada. Para isso, todos os meses, durante os ciclos menstruais se modifica estimulado pela ação hormonal. Se não houver concepção ele descama originando a menstruação, que elimina os fragmentos do tecido.
Uma das teorias que explicam o surgimento de endometriose – a doença ainda permanece sem causas definidas – especula que o sangue, além de sair pela vagina, retorna em direção às tubas uterinas e cavidade pélvica. Assim, os fragmentos do endométrio que deveriam ser eliminados, podem aderir e implantar em alguns órgãos, resultando em endometriose.
Por outro lado, da mesma forma que o tecido normal, o ectópico cresce estimulado pela ação cíclica hormonal. Por isso, também se especula que alterações nos níveis hormonais são um fator de risco para desenvolvimento da doença, assim como a genética, pois é mais alta sua prevalência em mulheres com parentes de primeiro grau com endometriose.
A endometriose é de progressão lenta, motivo pelo qual em muitos casos pode ser assintomática, o que dificulta o diagnóstico precoce. Porém, com o desenvolvimento o tecido ectópico provoca a manifestação de diferentes sintomas, de acordo com o local de crescimento e profundidade do tecido ectópico. Critério ao mesmo tempo importante para a classificação da endometriose.
A dor pélvica é um dos principais sintomas de endometriose. Durante o ciclo menstrual, manifesta em cólica e varia em intensidade: é mais severa antes e no período menstrual.
Além da dor pélvica, entretanto, outros sintomas também alertam para a possibilidade de endometriose.
Nos casos em que o tecido ectópico cresce na vagina e nos ligamentos que sustentam o útero (região retrocervical), pode haver, ainda, dor durante as relações sexuais (dispareunia). Já nos tratos urinário e intestinal, provoca alterações nos hábitos como dificuldade para urinar ou vontade frequente e urgente, dor ao urinar e presença de sangue na urina. Também podem ocorrer períodos cíclicos de constipação e distensão abdominal.
A quantidade de tecido endometrial ectópico não interfere na gravidade dos sintomas. Muitas vezes mulheres com quantidades maiores não apresentam nenhum tipo de sintoma, enquanto em outras com endometriose leve, eles podem ser tão severos que comprometem a qualidade de vida.
Se houver a manifestação de algum sintoma, isoladamente ou em associação um especialista deverá ser consultado. Para confirmar a suspeita, diferentes exames podem ser solicitados.
Embora a dor pélvica seja o principal sintoma de endometriose, ela também pode ser provocada por outras doenças uterinas, como adenomiose, endometrite, pólipos endometriais e miomas uterinos.
Por isso, podem ser solicitados diferentes exames de imagem, para descartar a possibilidade de outras doenças e, ao mesmo tempo confirmar a presença de endometriose determinando critérios como localização, quantidade e profundidade das lesões e do comprometimento dos órgãos afetados. Os mais frequentemente solicitados são a ultrassonografia transvaginal pélvica com preparo intestinal e a ressonância magnética (RM).
Os resultados diagnósticos são importantes para definição do tratamento mais adequado em cada caso, assim como para determinar as chances de gravidez, definidas ainda pela análise de critérios como o grau de comprometimento dos órgãos reprodutores, incluindo ovários e tubas uterinas, tempo de infertilidade e idade da mulher.
Apesar de ser uma doença crônica a endometriose tem tratamento na maioria dos casos: os sintomas podem ser controlados, da mesma forma que a gravidez pode ser obtida.
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