Dr. Luiz Flávio
A gravidez é um evento muito complexo e envolve diversos fatores. O corpo da mulher se prepara para o amadurecimento do óvulo e sua liberação (ovulação), enquanto o útero passa por alterações para se tornar mais receptivo ao embrião. Para pacientes com endometriose, a gestação é considerada de alto risco, tornando esse momento ainda mais complexo.
A endometriose pode aumentar o risco de algumas complicações durante a gestação, sendo a gravidez ectópica uma delas. Ela ocorre quando o óvulo fecundado se implanta fora do útero, sendo a mais comum a gestação tubária.
Nesse artigo, o nosso objetivo é mostrar a relação entre dois temas: a endometriose e o risco da gravidez ectópica. Ao longo da leitura, vamos mostrar quais são as condições ideais de gravidez, como a gravidez ectópica é provocada — pela endometriose e por outras condições — e qual é a conduta indicada para pacientes com a doença.
Vamos lá?
Quais são as condições ideais de uma gravidez?
Em uma gravidez natural, diversas mudanças acontecem no corpo da mulher durante o ciclo menstrual a fim de prepará-lo para esse momento. O útero é um órgão muscular com a função de sustentar a gravidez até o momento do parto.
Para isso, a sua camada interna — chamada de endométrio — se torna mais espessa para implantar o embrião e fornecer todos os nutrientes necessários para o feto enquanto a placenta está sendo formada.
Durante o ciclo menstrual, um óvulo é liberado pelos ovários para ser fecundado pelos espermatozoides. Quando esse encontro acontece, o óvulo fecundado é transportado pela tuba uterina até chegar ao útero para ser implantado no endométrio, onde o embrião irá se desenvolver até o final da gestação.
Como a endometriose age no organismo?
A endometriose é caracterizada pela presença de células endometriais fora da camada interna uterina. Mesmo estando fora do seu local padrão, elas ainda respondem à ação hormonal durante o ciclo menstrual.
Desse modo, a endometriose provoca um processo inflamatório nos locais atingidos por ela, pois elas não são eliminadas durante a menstruação, como acontece com o tecido endometrial quando a mulher não engravida. A inflamação provoca várias complicações, como lesões e aderências nos órgãos (processo em que as paredes do órgão se unem, causando alterações na sua anatomia).
Então, como a endometriose pode causar a gravidez ectópica?
Na gestação ectópica, o óvulo que foi fecundado é implantado fora do útero, geralmente, nas tubas uterinas. Em casos muito raros, ela também pode ocorrer nos ovários, no colo do útero e na cavidade abdominal. Como o útero é o único órgão capaz de alojar o embrião e se expandir ao longo do desenvolvimento do feto, a gestação ectópica não é viável.
A endometriose, quando atinge as tubas uterinas, pode causar lesões e aderências no órgão. Com esse cenário, é mais difícil para o óvulo fecundado chegar até o útero para dar prosseguimento à gestação.
Além da gravidez ectópica, a endometriose também pode dificultar a gravidez, sendo considerada uma das principais causas de infertilidade feminina.
Existem outros fatores que podem provocar a gravidez ectópica?
A endometriose não é o único fator relacionado com a gravidez ectópica. A seguir, vamos mostrar outras causas que também podem aumentar o risco dessa condição.
Em todos os casos citados acima existe um ponto em comum: todos esses fatores de risco podem afetar as tubas uterinas. Como elas não estão em condições normais, o óvulo fecundado tem mais dificuldade para chegar até o útero.
O que fazer em casos de gravidez ectópica?
Não é possível dar continuidade a uma gravidez ectópica porque apenas o útero é capaz de acompanhar o desenvolvimento do feto até o momento do parto. Por conta disso, a gravidez ectópica resulta em uma interrupção da gestação.
Ela é considerada uma emergência ginecológica onde os primeiros sinais são sangramentos e dores pélvicas. Nos casos em que a tuba uterina se rompe, a paciente deve ser tratada rapidamente, pois a condição pode levá-la a óbito. O tratamento pode ser cirúrgico ou medicamentoso, de acordo com o estado da paciente.
Em alguns casos, a constatação da gravidez ectópica acontece quando a paciente apresenta sintomas graves, tornando a cirurgia uma necessidade. A condição é imprevisível, por isso, é importante ficar atento aos seus fatores de risco, principalmente, aqueles que podem ser prevenidos como o tabagismo e o uso de preservativos para evitar as doenças sexualmente transmissíveis.
O acompanhamento realizado durante o pré-natal é vital durante a gestação, principalmente, para as pacientes com endometriose, por configurar uma gestação de alto risco.
A gravidez ectópica é uma condição grave que pode colocar a paciente em risco de vida. Ela acontece quando o óvulo fertilizado não chega até o útero e a gestação ocorre, geralmente, nas tubas uterinas. A endometriose é um dos seus fatores de risco, pois ela pode provocar lesões e aderências no órgão, dificultando a passagem do óvulo fecundado.
A endometriose é uma das principais doenças que atingem mulheres em idade reprodutiva. Ainda assim, a falta de conhecimento faz com que muitas mulheres passem anos tendo a sua qualidade de vida prejudicada. Confira as principais informações sobre a endometriose na nossa página institucional!