Dr. Luiz Flávio
O período normal de uma gravidez é de aproximadamente 40 semanas. A partir da 37ª, a gestação é considerada de termo, isto é, no período seguro para o nascimento do bebê. Antes disso, corre-se o risco de parto prematuro, sobretudo quando a mulher tem doenças que aumentam a propensão para complicações obstétricas, como a endometriose.
Outros quadros clínicos que podem levar a um parto pré-termo incluem: pressão alta (pré-eclâmpsia); anomalias placentárias; infecções no aparelho reprodutor; insuficiência istmocervical; malformações uterinas; adenomiose; entre outras condições.
A endometriose é apontada como uma das causas do parto prematuro, da mesma forma que pode acarretar outras complicações gestacionais, como veremos ao longo deste post. Acompanhe e entenda de que forma essa doença interfere na evolução da gestação!
A endometriose é uma afecção ginecológica crônica, benigna e com caráter hormônio-dependente, visto que a ação estrogênica ativa os focos da doença e desencadeia processos inflamatórios.
Para entender como a endometriose ocorre, é importante conhecer um pouco sobre a estrutura uterina: a camada interna do útero é chamada de endométrio e, a cada ciclo menstrual regular, o tecido endometrial adquire maior espessura para garantir a fixação de um embrião. Na ausência de concepção, esse tecido descama e é expelido do organismo pelo sangramento menstrual.
Nos casos de endometriose, implantes de células semelhantes às do endométrio são localizados em outros órgãos pélvicos, principalmente ovário, tubas uterinas, peritônio, bexiga e intestino. Esses focos extrauterinos também respondem ao estímulo do estrogênio, sangram e inflamam durante o período menstrual. Conforme o nível da doença, o funcionamento dos órgãos atingidos pode ser prejudicado.
A endometriose é classificada em termos de gravidade como mínima, leve, moderada ou grave. Já em relação ao aspecto morfológico, a doença se divide em peritoneal superficial, ovariana (endometriomas) e infiltrativa profunda.
Dependendo do tipo e da gravidade da doença, as lesões acometem os órgãos reprodutores e podem interferir no processo reprodutivo em diversas etapas, desde a fecundação até o desenvolvimento completo da gestação.
A endometriose é uma doença complexa e que pode se manifestar de diferentes maneiras. Entre os impactos adversos dessa afecção ginecológica estão as dificuldades gestacionais, a começar pela infertilidade.
Apontada como uma das principais causas de infertilidade feminina, a endometriose pode prejudicar a ovulação, obstruir a passagem dos gametas pelas tubas uterinas e tornar o ambiente uterino inapropriado para receber o embrião. Contudo, há casos de mulheres que conseguem engravidar naturalmente mesmo com esse diagnóstico.
Passado o primeiro desafio — a confirmação da gravidez —, a mulher com endometriose ainda tem que percorrer um caminho delicado até o final da gestação. Nesse percurso, um dos riscos é o de parto prematuro.
Isso pode acontecer por várias razões, como: placenta prévia; alterações na contratilidade uterina; presença de substâncias inflamatórias no útero; baixa resposta à progesterona (hormônio que diminui as contrações uterinas e previne a prematuridade).
O parto prematuro é uma das complicações de um gestação de alto risco, mas há ainda diversas outras intercorrências que a mulher pode enfrentar ao engravidar portando endometriose, incluindo:
Entretanto, isso não significa que todas as gestantes com endometriose vão passar por problemas obstétricos, mas sim que os riscos são acentuados — sobretudo quando a doença é concomitante a outras condições que configuram uma gestação de alto risco.
Para evitar o parto prematuro ou lidar com as outras situações de risco gestacional, a principal recomendação é realizar um acompanhamento pré-natal mais rigoroso que o normal. Isso requer mais exames ao longo da gravidez, atenção redobrada aos mínimos sinais de intercorrência e consultas mais frequentes ao ginecologista.
Cada complicação associada à gestação deve ser tratada de forma pontual, preservando assim a segurança da mãe e do bebê. Por exemplo, na prevenção do parto prematuro, pode ser prescrito à gestante o uso de medicamentos específicos para inibir contrações uterinas precoces, além de cuidados extras no dia a dia.
A mulher que tem diagnóstico de endometriose e tem intenção de engravidar, pode ser indicada ao tratamento cirúrgico. Dessa forma, é possível remover os implantes de tecido endometrial ectópico e recuperar o funcionamento correto dos órgãos reprodutores, além de deixar o ambiente uterino menos inflamatório e mais adequado para o desenvolvimento gestacional.
Por meio da ultrassonografia especializada para endometriose, as lesões são devidamente mapeadas e avaliadas quanto à sua localização, extensão e profundidade. Isso permite que a cirurgia — realizada com técnica minimamente invasiva — seja eficiente e contribua para os resultados esperados pela paciente.
Ainda tem dúvidas sobre como essa doença se manifesta e quais são suas formas de tratamento? Confira nosso texto principal e obtenha mais informações sobre endometriose!