Dr. Luiz Flávio
A videolaparoscopia é o método cirúrgico mais utilizado na cirurgia ginecológica por ser pouco invasivo.
Nos métodos tradicionais o médico vai fazer um grande corte na região abdominal (laparotomia) e explorar a região manualmente com o auxílio de alguns instrumentos especiais. Tanto o corte extenso quanto a manipulação direta dos órgãos abdominais aumentam a resposta inflamatória. Assim, a paciente pode ter um maior tempo de recuperação pós-cirúrgica e apresentar mais complicações, como as fístulas.
Na videolaparoscopia, em vez disso, são feitos pequenos furos na região. Então, a barriga da paciente é insuflada com gás carbônico para que o médico passe uma câmera e alguns instrumentos.
Então, a cirurgia é feita por vídeo com o auxílio de instrumentos controlados por um profissional capacitado. Com isso, há uma melhor visibilidade da região e a manipulação mínima dos órgãos.
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Quanto menos invasiva for uma cirurgia, melhores serão as chances de recuperação da paciente. Grande parte das complicações pós-operatórias se deve à resposta inflamatória do corpo, às infecções, à defeitos de cicatrização e a tromboses por imobilização prolongada. A videolaparoscopia apresenta superioridade à cirurgia aberta em todos esses pontos.
Nas cirurgias abertas, o médico precisa manusear constantemente os órgãos da paciente a fim de visualizar melhor as estruturas e as lesões. Isso atrai células de defesa para o local, que podem provocar uma resposta inflamatória intensa. Com isso, há um maior risco de:
Complicações do sítio cirúrgico, como as deiscências (abertura dos pontos ou das cicatrizes) ou de fístulas, devido ao edema local ou à cicatrização inadequada;
Ílio paralítico, uma condição que impede a eliminação de gases e fezes após a cirurgia, demandando uma internação mais prolongada;
Infecções, pois a área de exposição é muito maior e os procedimentos são mais demorados por causa da necessidade de suturas extensas;
Esses fatores levam a internações mais longas e, consequentemente, a um maior risco de trombose.
Além disso, há menor risco de aderências, que podem causar infertilidade. A videolaparoscopia com um profissional experiente teve excelentes resultados para a o alívio sintomático, recuperação da fertilidade e prevenção de recorrências.
Ainda na videolaparoscopia, o cirurgião ginecológico pode controlar o zoom da câmera, tendo uma visão muito mais privilegiada das lesões. Assim, pode fazer cortes menores e mais precisos, evitar o comprometimento de estruturas saudáveis e executar suturas mais delicadas. Inclusive, ele poderá gravar o procedimento e realizar o diagnóstico visual das lesões quando não houver coleta de material por biópsia.
A endometriose apresenta características bem peculiares em relação ao diagnóstico e ao tratamento. Seus sintomas mais comuns são:
Um profissional experiente sabe que, diante dessas queixas, a investigação da endometriose é mandatória.
Apesar de o acompanhamento clínico ser a conduta mais comum em grande parte das situações, a confirmação definitiva da doença é feita apenas diante da análise de uma biópsia colhida após uma cirurgia, que nem sempre é necessária.
Portanto, frequentemente o tratamento clínico é feito pelo diagnóstico presuntivo. Ou seja, todos os sintomas e exames apontam para uma alta probabilidade de se tratar de endometriose, mas não existe uma confirmação histopatológica.
Com isso, o ginecologista pode conduzir o caso com medicamentos analgésicos e/ou hormonais a fim de avaliar a resposta da paciente. Se ele for satisfatório, não é realizada a cirurgia.
No entanto, algumas pacientes podem demandar a via cirúrgica para um melhor tratamento da endometriose. Nessas situações, sempre que possível, deve-se empregar a recomendação de “see and treat” (ver e tratar). Ou seja, utilizar o mesmo procedimento para diagnosticar e tratar a doença.
Portanto, a videolaparoscopia poderá ser necessária quando houver:
Na endometriose, a videolaparoscopia é superior à laparotomia. Esses resultados são consistentes tanto para o tratamento quanto para o diagnóstico da condição.
Afinal, os métodos minimamente invasivos trazem mais segurança e uma recuperação mais rápida para a paciente, sendo tão eficientes quanto as cirurgias abdominais abertas, exceto em contextos bem específicos, tais quais algumas emergências cirúrgicas.
Na conduta exclusivamente clínica da endometriose, a ultrassonografia endovaginal com preparo intestinal será o principal instrumento de investigação diagnóstica complementar:
Portanto, a videolaparoscopia não deve ser temida pelas pacientes, pois é uma cirurgia muito menos invasiva do que as tradicionais. Consequentemente, quando bem indicada por um ginecologista experiente, ela é muito eficaz e segura tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento da endometriose.
Quer saber mais sobre as cirurgias minimamente invasivas e suas vantagens? Confira este nosso post bem completo sobre o assunto!