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Endometriose na menopausa

Endometriose na menopausa

Dr. Luiz Flávio

A menopausa é definida como a última menstruação da mulher, refletindo um declínio no status hormonal, principalmente no tocante ao estrogênio. As significativas transformações hormonais que ela representa podem ser acompanhadas por mudanças de ordem social e emocional. Com a chegada desse período, doenças estrogênio-dependentes tendem a regredir, como a endometriose.

A menopausa é o período caracterizado pela finalização permanente das menstruações da mulher após um período de 12 meses consecutivos. Ela é caracterizada por sintomas variados e pode ocorrer espontaneamente, por volta dos 45 a 50 anos de idade, ou ser fruto de intervenções médicas.

A alteração do funcionamento dos fluxos hormonais tem impacto em doenças que dependam desses hormônios para seu desenvolvimento, fazendo com que, muitas vezes, regridam.

Neste texto, abordarei a endometriose durante a menopausa, seu funcionamento e tratamento.

O que é endometriose?

Endometriose é uma afecção ginecológica comum que ocorre em 10% a 15% das mulheres durante o período reprodutivo, podendo levar à infertilidade. Essa doença crônica é caracterizada pela presença de células do tecido endometrial, que reveste a parede interna do útero, fora desse órgão.

Essa presença ocorre mais frequentemente na cavidade pélvica, acometendo órgãos do sistema reprodutor ou, em casos mais sérios, órgãos mais distantes.

Quando a fecundação ocorre e o embrião é gerado, estímulos hormonais fazem com que o endométrio aumente de espessura de modo a facilitar a implantação embrionária no útero, em uma etapa chamada nidação, considerada o início da gravidez.

O endométrio mantém suas características mesmo quando se encontra em outros órgãos, portanto sofre o processo de espessamento provocado pelos hormônios. Quando sua espessura aumenta devido aos estímulos do estrogênio, ele pode causar também inflamações nos órgãos afetados.

Por ser muitas vezes assintomática, essa doença pode demorar para ser diagnosticada. Quando apresenta sintomas, ela pode causar dor crônica e, por vezes, levar à infertilidade.

Qual a relação entre a endometriose e a menopausa?

Os níveis dos hormônios sexuais, estrogênio e progesterona, apresentam uma regulação dinâmica no decorrer do ciclo menstrual, sendo os responsáveis por controlar seu funcionamento.

Essas alterações nos níveis hormonais ocorrem a cada ciclo menstrual, durante toda a vida reprodutiva da mulher. Uma das responsabilidades do estrogênio é estimular o aumento da espessura da parede endometrial, de modo a auxiliar na fixação do embrião.

Esses hormônios, em conjunto com o FH e LH, regulam também o amadurecimento do gameta feminino durante a ovulação. Quando a mulher atinge a menopausa, não há mais ovulação e, dessa forma, seu ciclo menstrual é interrompido.

Com essa interrupção, há uma queda na produção desses hormônios, visto que já não são mais necessários. Entretanto, ainda há formação periférica de hormônios semelhantes ao estrogênio que, a depender da situação, pode, mesmo que raramente, manter alguns dos sintomas da endometriose.

Dessa forma, doenças cujo desenvolvimento depende do funcionamento desses hormônios, caso da endometriose, tendem a regredir na pós-menopausa, o que significa dizer que os sintomas que causam desconforto e atrapalham até mesmo tarefas rotineiras tendem a desaparecer, mas não necessariamente.

A menopausa em pacientes com endometriose pode ocorrer de forma natural, devido à idade, ou ser induzida por meio de medicamentos ou tratamentos que visam remover os ovários da paciente.

Nesses casos, pode-se recomendar que seja feita uma terapia hormonal, a depender da análise realizada pelo médico.

Tratamento da endometriose durante a menopausa

Pacientes que entram espontaneamente na menopausa podem necessitar de terapia hormonal devido aos sintomas de hipoestrogenismo. A presença dessa doença não se configura como um fator de contraindicação para que tratamentos hormonais sejam realizados na pós-menopausa.

A recomendação desse tipo de tratamento, no entanto, depende da análise do profissional. O uso de estrogênio de forma isolada não implica um aumento significativo de recorrência das lesões características da doença, que ocorre em apenas 3,5%.

O mesmo ocorre com as pacientes submetidas à cirurgia de remoção dos ovários.

Pode-se recomendar também a adição de progestagênios de forma a impedir a transformação maligna de focos residuais. No entanto, essa informação ainda carece de maiores evidências científicas a fim de comprovar sua eficiência, embora tal tratamento possa ser útil na prevenção da recorrência de certos sintomas.

Essas terapias também podem ser eficientes para amenizar os sintomas da menopausa. Um desses sintomas, que caracteriza a fase do climatério, são as ondas de calor, que podem ocorrer durante qualquer momento e com maior frequência em regiões como o tronco, pescoço e face.

Outros sintomas são a redução da libido, sudorese, mudanças de humor, dores de cabeça e secura vaginal, que pode causar dores durante as relações sexuais.

Além disso, o aumento da reabsorção óssea pode levar à ocorrência de osteoporose.

A endometriose é uma doença estrogênio-dependente que tende a regredir com a chegada da menopausa. Ainda assim é importante realizar tratamentos a fim de reduzir seus sintomas e minimizar o impacto na qualidade de vida da paciente. Saiba mais em nosso texto dedicado à endometriose.

 

 

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