Dr. Luiz Flávio
A endometriose nas tubas uterinas apresenta sintomas muito semelhantes às demais formas. No entanto, devido ao papel dessa estrutura na fertilidade da mulher, é muito comum que haja dúvidas sobre o impacto na fertilidade.
Neste post, vamos abordar desde a causa até o tratamento dessa condição. Acompanhe!
Há várias teorias para explicar por que isso acontece, mas as que se aplicam à maioria dos casos são:
Apesar de ser a comentada, explica apenas parte da história evolutiva da endometriose. De acordo com ela, parte do conteúdo menstrual se reflui para a cavidade abdominopélvica. Com isso, atingiria estruturas como as tubas uterinas, o ovário, o peritônio e outros órgãos abdominopélvicos.
No entanto, a menstruação retrógrada acontece em 90% das mulheres, mas apenas 15% da população desenvolve endometriose. Então, a teoria, por si só, não é suficiente.
Assim a teoria imunológica complementa a anterior:
Desse modo, a endometriose das tubas uterinas é uma das formas de manifestação. Diante de determinados fatores favoráveis, o endométrio pode se implantar no local e formar a endometriose.
Como o canal das tubas termina na cavidade pélvica, a doença também pode se desenvolver nos ovários, na bexiga, no peritônio, no intestino, entre outras estruturas.
A endometriose geralmente apresenta 3 sintomas principais:
As trompas desempenham um papel muito importante na fertilidade das mulheres. Afinal, nelas ocorrem os fenômenos iniciais de uma futura gestação, como:
A endometriose causa um processo inflamatório muito intenso, que:
A endometriose pode causar outra consequência mais grave: a gravidez ectópica, condição em que ocorre a implantação do embrião fora da cavidade uterina, geralmente nas tubas. Isso possivelmente acontece devido à movimentação inadequada dos cílios e da musculatura da trompa. Assim, o embrião pode se implantar na tuba (gravidez tubária) ou se movimente no sentido contrário, nesse caso, implantando em outros órgãos abdominais, situações mais raras.
Tudo isso pode fazer com que o embrião cresça fora do local. Por esses mecanismos, as mulheres com endometriose tubária apresentam risco 2,16 vezes maior de desenvolver gravidezes ectópicas especificamente nas trompas e de 2,66 vezes nos demais órgãos.
Além disso, mulheres com endometriose apresentam um risco de abortamento espontâneo aproximadamente 2 vezes maior do que aquelas sem a doença.
Após a identificação de implantes nas tubas uterinas, o tratamento da endometriose é individualizado de acordo com as queixas e demandas da paciente. Portanto, a conduta para a resolução da dor e da infertilidade será geralmente distinta, individualizada.
Quando não houver o desejo de gestação, o ginecologista pode sugerir o acompanhamento periódico da endometriose. Caso contrário, ele poderá indicar a correção cirúrgica acompanhada de métodos de reprodução assistida. Ainda não há um consenso de qual deve ser realizada primeiramente, então a conduta será individualizada para cada caso.
Quando a mulher não quer ou não pode engravidar, o tratamento será feito quando houver dor que compromete a qualidade de vida. Geralmente, inicia-se com a conduta clínica, que é a administração de medicamentos capazes de bloquear o estímulo hormonal ao implante de endometriose.
A cirurgia será indicada nos casos de insucesso do controle farmacológico para alívio dos sintomas.
A reprodução assistida é um dos caminhos viáveis para o tratamento da infertilidade causada pela endometriose. A fertilização in vitro pode preceder a cirurgia, que somente será feita se não houver sucesso após alguns ciclos.
No entanto, a cirurgia melhora significativamente as chances de sucesso de uma gestação nos casos de endometriose. Ela não traz apenas o retorno da fertilidade, mas aumenta as chances do sucesso de nascimentos bem-sucedidos.
Por isso, quando há relatos de infertilidade, a cirurgia pode ser realizada como o primeiro passo do tratamento. O ideal é que ela seja feita por laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva.
Após avaliar a idade e a reserva ovariana da mulher, o ginecologista pode recomendar o congelamento de óvulos para evitar a infertilidade devido à manipulação cirúrgica, especialmente se os ovários estiverem acometidos.
Quer saber mais sobre a endometriose, seus sintomas e o impacto na qualidade de vida da mulher? Não deixe de ler este nosso post sobre o tema!