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Endometriose no trato urinário

Endometriose no trato urinário

Dr. Luiz Flávio

A endometriose é uma doença caracterizada pelo implante do endométrio (tecido que cobre a cavidade uterina) em outras regiões do corpo. Os locais mais acometidos são os ovários, a região retrocervical, as trompas e o peritônio. No entanto, em cerca de 2% dos casos, ocorre a endometriose do trato urinário, que pode atingir, principalmente, a bexiga e os ureteres.

Nessas localidades, tanto o diagnóstico quanto o tratamento podem ser muito distintos do protocolo mais habitual. Afinal, essa condição é complexa e pode provocar repercussões diversas, inclusive com o comprometimento dos rins. Por esse motivo, é muito importante discutir o tema. Acompanhe!

Como a endometriose se desenvolve?

A endometriose pode surgir por diferentes mecanismos. Entretanto a teoria mais aceita para grande parte dos casos é a do fluxo menstrual retrógrado, associado a falhas hormonais e imunológicas. 

Em outras palavras, uma parte do conteúdo menstrual se direciona rumo às trompas, o ovário e a cavidade pélvica. Entretanto, esse processo ocorre em 90% das mulheres, então é preciso que haja também estímulos hormonais pelo estrógeno e uma falha do sistema imunológico. 

Pela proximidade, as regiões mais frequentemente acometidas estão na pelve, que abriga os seguintes órgãos:

  • Sistema reprodutor feminino: útero, trompas uterinas e ovário;
  • Vias urinárias: bexiga e ureteres;
  • Trato gastrointestinal: porção terminal. 

Em todos esses órgãos, os sintomas clássicos serão os mais comuns:

  • Dor pélvica crônica: dor não relacionada ao período menstrual que persiste por, pelo menos, 6 meses;
  • Dismenorreia: dor intensa durante o período de sangramento menstrual;
  • Infertilidade: dificuldade de engravidar após um a dois anos de tentativas frequentes sem uso de métodos anticoncepcionais.

Relação da endometriose com sintomas urinários

A compreensão da endometriose do trato urinário exige uma revisão rápida da produção e excreção da urina:

  • A maioria das pessoas apresenta dois rins, um esquerdo e outro direito;
  • De cada um deles, saem dois canais em direção a bexiga, os ureteres;
  • A bexiga é um órgão com músculos especializados bem elásticos, que armazena a urina. Quando atinge sua capacidade máxima de armazenamento, ela se contrai e estimula a micção;
  • O líquido é, então, transportado por outro canal, a uretra, para ser liberado em um orifício presente na vagina. 

Por ter uma relação muito próxima com o sistema reprodutor, o trato urinário pode ser acometido por esses implantes ectópicos. Dentre esses órgãos, a endometriose tem uma preferência pela bexiga: cerca de 85% das endometrioses do trato urinário. Os ureteres representam outros 15%, sendo o acometimento da uretra muito mais raro.

Com isso, além dos sintomas clássicos da endometriose, surgem as queixas urinárias, como:

  • Dor durante a micção devido ao processo inflamatório provocado pelos implantes endometriais;
  • Alterações no fluxo miccional por causa de obstruções no ureter ou da uretra, além de mudanças na contração da bexiga;
  • Presença de sangue na urina durante o período menstrual.

Diagnóstico e tratamento

Por representar menos de 2% dos casos de endometriose, o diagnóstico pode demorar a ser feito. Afinal, diante de queixas urinárias, os médicos podem focar inicialmente em causas mais comuns, como infecções, bexiga hiperativa e síndrome uretral crônica.

Investigação inicial

Seu médico deve estar atento para a relação das queixas urinárias com algum daqueles três sintomas típicos da endometriose (dor pélvica crônica, dismenorreia e infertilidade). 

Para uma boa investigação inicial, dois exames iniciais simples são essenciais: a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, associada a ultrassonografia pélvica tradicional. 

Além de identificar várias condições de obstrução urinária, apresenta boa sensibilidade para a localização de implantes endometriais profundos (mais de 5 milímetros de invasão). 

Investigação específica

Caso não sejam encontrados implantes endometriais, mas haja evidências de obstrução nas vias urinárias, pode ser requisitada a uroressonância. 

O tratamento da endometriose do trato urinário

Diante de uma suspeita forte de endometriose no trato urinário pelos exames de imagem e pelos sintomas, a conduta posterior depende do órgão acometido:

  • Endometriose da bexiga: o tratamento clínico com medicamentos sempre é a primeira opção. Entretanto, se as queixas comprometem a qualidade de vida da paciente, a cirurgia minimamente invasiva por laparoscopia pode ser indicada. Métodos cistoscópicos são contraindicados, pois não retiram adequadamente as lesões;
  • Endometriose ureteral: a obstrução dos ureteres pode levar a hidronefrose, uma condição em que a urina se acumula dentro dos rins. Isso pode resultar na perda funcional do órgão. Então, mesmo em casos assintomáticos ou queixas leves, a cirurgia laparoscópica é o melhor tratamento;

Portanto, a endometriose do trato urinário apresenta especificidades muito importantes para o diagnóstico e o tratamento. Por ser mais difícil de identificar, o diagnóstico frequentemente demanda métodos mais invasivos. Além disso, o tratamento clínico é pouco resolutivo, sendo, muitas vezes, necessária a retirada cirúrgica, pela cirurgia minimamente invasiva laparoscópica.

Quer conhecer melhor as características, o diagnóstico e o tratamento da endometriose? Não deixe de conferir este post bem completo sobre o tema!

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