Dr. Luiz Flávio
A ação da progesterona no ciclo menstrual e na gravidez é essencial. Na regulação cíclica do sistema reprodutor feminino, esse hormônio é produzido pelos ovários, assim como o estrogênio, enquanto os hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH) são secretados pela glândula hipofisária.
O ciclo menstrual é ininterrupto, isto é, um novo ciclo sempre começa quando o outro termina. Isso ocorre a partir da ação dos 4 hormônios acima citados, que se alternam para provocar a ovulação e deixar o útero receptivo para iniciar uma gravidez.
Cada hormônio envolvido na regulação do ciclo menstrual tem uma ação específica. Neste post, vamos falar sobre a ação progestagênica. Continue a leitura para compreender o que é progesterona e qual é a relação desse hormônio com a menstruação e com a gravidez.
O que é progesterona?
Progesterona é um dos hormônios reprodutivos femininos. Junto ao estrogênio, essa substância modifica as características do tecido interno do útero, o endométrio, para que um embrião consiga se fixar, caso o óvulo seja fecundado.
Os hormônios, de forma geral, são substâncias mensageiras, que carregam informação entre os sistemas do organismo para regular importantes funções. A progesterona age especificamente no sistema reprodutor feminino, participando do ciclo menstrual e conferindo um fenótipo receptivo ao tecido endometrial.
Progesterona e estrogênio são hormônios produzidos pelos ovários. Enquanto o primeiro se encarrega da receptividade uterina, a ação estrogênica provoca a proliferação das células do endométrio, deixando esse tecido com maior espessura após a fase ovulatória.
A progesterona é produzida principalmente pelo corpo-lúteo, estrutura que se forma com os resíduos do folículo ovariano que se rompeu para liberar o óvulo. O córtex adrenal também secreta pequenas quantidades dessa substância e, quando a mulher está grávida, a placenta produz o hormônio.
Qual é a função da progesterona no ciclo menstrual?
A ação da progesterona no ciclo menstrual, como vimos, é preparar o útero para uma possível gravidez, deixando o endométrio receptivo para a implantação embrionária. Na ausência de um embrião, os níveis tanto da progesterona quanto do estrogênio reduzem, provocando a descamação do tecido endometrial e a menstruação.
A produção de progesterona pelos ovários ocorre, principalmente, somente na terceira fase do ciclo menstrual, que é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea. É oportuno apresentar, de forma resumida, como todo esse processo acontece.
O ciclo menstrual se inicia com a menstruação. Durante a fase folicular, vários folículos ovarianos são recrutados para o desenvolvimento, quando os ovários são estimulados pelos hormônios FSH e LH. Esses folículos em crescimento produzem estrogênio, que aciona a proliferação das células endometriais.
Na metade do ciclo menstrual, o folículo mais desenvolvido se rompe, devido a um pico de LH, e libera um óvulo maduro. Depois disso, o corpo-lúteo se forma e passa a secretar estrogênio e altas doses de progesterona. Agindo juntos, ambos os hormônios ovarianos preparam o útero para receber um embrião, mas se não houver fertilização, o corpo-lúteo regride, resultando na queda hormonal e no sangramento endometrial (menstruação).
Qual é a função da progesterona durante a gravidez?
Na gravidez, a progesterona é produzida pela placenta — embora, nas primeiras semanas, o corpo-lúteo ainda seja o principal responsável pela produção do hormônio, enquanto não ocorre a placentação.
A progesterona age na manutenção da gravidez. Um de seus principais efeitos é inibir as contrações musculares, evitando, assim, que o útero expulse o embrião/feto antes do momento certo para o parto. Sendo assim, a produção insuficiente desse hormônio pode acarretar abortamento espontâneo ou parto prematuro.
Antes mesmo que a gravidez se confirme, a baixa quantidade de progesterona, chamada de insuficiência da fase lútea, interfere na implantação do embrião e causa aborto.
Portanto, o acompanhamento médico e a consulta preconcepcional são essenciais para a mulher que deseja engravidar. O exame de dosagem hormonal avalia os níveis dos hormônios reprodutivos e, se for necessário, a tentante deve fazer uso de progestagênios para fornecer suporte à fase-lútea.
Em quais outras situações a ação progestagênica é necessária?
Enquanto hormônio natural, a progesterona age no ciclo menstrual e na gravidez, como vimos ao longo do post. Além disso, medicamentos que levam esse hormônio em sua composição são utilizados na contracepção feminina e nas terapias de reposição hormonal.
Há vários contraceptivos hormonais à base de progesterona sintética ou que combinam estrogênio e progesterona para evitar a ovulação, alterar o muco cervical, entre outros efeitos que impedem a concepção. Entre as alternativas, temos: anticoncepcionais orais e injetáveis; anel vaginal; implante subdérmico; dispositivo intrauterino de levonorgestrel (DIU Mirena).
Alguns desses medicamentos hormonais são, inclusive, indicados no tratamento de doenças estrogênio-dependentes, como os miomas e a endometriose. Os progestágenos também são utilizados em terapias de reposição hormonal, para amenizar os desconfortos da menopausa.
Portanto, concluímos que a progesterona, no ciclo menstrual e na gravidez, é um hormônio fundamental, além de ter importante ação na contracepção feminina e na terapia de reposição hormonal.
Agora que você sabe um pouco mais sobre progesterona, inclusive sobre seu uso em métodos contraceptivos, veja também nosso texto que explica como funciona a colocação de DIU.