Dr. Luiz Flávio
Da fecundação ao parto, são necessárias diferentes etapas para que a gravidez ocorra. Uma delas acontece após a fertilização do óvulo com o espermatozoide e formação do embrião. Após a fecundação, que geralmente ocorre na região ampular da tuba uterina, este produto conceptual é transportado até a cavidade uterina. Em seguida, ocorre o processo de nidação ou implantação do embrião: quando ele se fixa ao endométrio, camada interna do útero, órgão responsável pela sustentação e desenvolvimento da gestação até o nascimento.
Portanto, a fecundação acontece nas tubas uterinas e o embrião é transportado por elas ao útero para implantar. Em alguns casos, entretanto, pode fixar em uma das tubas em vez de “viajar” para o órgão. Esse evento é conhecido como gravidez ectópica e mais raramente ocorre, ainda, em outros locais, como ovários, cavidade abdominal ou colo do útero.
Uma em cada 50 gestações pode resultar na implantação inadequada do embrião. Se não for adequadamente tratada a gravidez ectópica pode causar diferentes complicações para a saúde feminina, de infertilidade ao risco de morte.
Continue a leitura para saber quais fatores aumentam o risco deste evento ocorrer.
A gravidez ectópica está associada a diferentes causas, entre elas distúrbios hormonais e genéticos, inflamação das tubas (salpingite), defeitos congênitos (desde o nascimento) e condições médicas, como cirurgia ou doenças, que afetam a anatomia e função das tubas uterinas – nesse caso, a endometriose é considerada um dos principais fatores de risco.
Na endometriose um tecido semelhante ao endométrio cresce em locais próximos, entre eles as tubas uterinas, resultando em distorções, que aumentam as chances de o embrião implantar em uma delas.
Além da endometriose, outros fatores também aumentam o risco de gravidez ectópica:
Ainda que a gravidez ectópica seja considerada uma condição de maior gravidade, é possível realizar o diagnóstico precoce, garantindo, dessa forma, o tratamento adequado.
Alguns sintomas que indicam gravidez ectópica também são comuns à gravidez normal, como náuseas, inchaço e dor nos seios, entretanto a implantação anormal é ainda sinalizada por manifestações como:
A manifestação de qualquer sintoma, isoladamente ou em associação, indica a necessidade de procurar auxílio médico com urgência.
Para confirmar a possibilidade de gravidez ectópica, o médico vai solicitar dois tipos de exame: o teste de sangue para o diagnóstico de gravidez e a ultrassonografia, exame de imagem que possibilita a visualização do embrião implantado anormalmente nas tubas uterinas ou outro local ectópico.
Como a gravidez ectópica pode levar à ruptura da tuba em que o embrião se implantou e, consequentemente, à hemorragia, após a confirmação diagnóstica, estabelece-se um plano terapêutico que pode variar de um simples acompanhamento, aplicação de medicações embriotóxicas, como o Metotrexate, ou cirurgia para a remoção desse embrião.
Em alguns casos, a tuba também deve ser removida. Para tal diferenciação, levar-se-á em consideração os níveis de BHCG e sua evolução quando possível, características do embrião e a condição clínica da paciente.
A cirurgia, por outro lado, pode ser necessária mesmo sem a realização de exames diagnósticos. Isso acontece, por exemplo, quando há sintomas que indicam o problema e sinalizam um quadro mais grave, como sangramento abundante, que pode ser indicativo de hemorragia.
O procedimento geralmente é realizado por técnicas minimamente invasivas, como a laparoscopia cirúrgica, que utiliza um aparelho chamado laparoscópio com uma câmera incorporada possibilitando a transmissão em tempo real para um monitor.
O sangramento vaginal é normal depois da cirurgia e pode ocorrer durante algum tempo.
Após a remoção do embrião geralmente a mulher consegue engravidar normalmente no futuro, mesmo quando uma das tubas também é removida, embora as chances, nesse caso, sejam menores.
O risco de gravidez ectópica pode ser reduzido a partir da adoção de algumas medidas, entre elas a consulta regular a um especialista, o uso de preservativos durante a relação sexual para evitar a transmissão de DSTs e parar de fumar.
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