Dr. Luiz Flávio
Nos últimos 50 anos, a laparoscopia evoluiu de um procedimento cirúrgico ginecológico limitado para uma ferramenta importante, indicada para o tratamento de diversas condições.
Hoje, é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo. Na área ginecológica, é considerada padrão-ouro para diversos tipos de tratamentos, como de endometriose, remoção de gravidez ectópica, remoção de cistos ovarianos (cistectomia) e remoção parcial ou total do útero (histerectomia), por exemplo.
Continue a leitura deste texto e saiba como a laparoscopia é realizada.
A laparoscopia é uma técnica minimamente invasiva que utiliza um laparoscópio – tubo ótico com câmera acoplada –, que permite uma avaliação detalhada dos órgãos localizados nas regiões abdominal e pélvica, com transmissão em tempo real para um monitor.
Ainda que o uso da laparoscopia em humanos tenha sido descrito pela primeira vez em 1910, foi apenas em 1982 que um grande avanço ocorreu: a introdução da câmera de vídeo.
A ampla aplicação dessas câmeras compactas possibilitou visualizar simultaneamente o campo operatório em uma tela de vídeo. Assim, tornou-se mais conhecida como videolaparoscopia.
No final da década, a videolaparoscopia foi amplamente aceita como uma abordagem cirúrgica segura e eficaz. Dos anos 1980 até os dias atuais, as técnicas laparoscópicas continuaram evoluindo, principalmente como resultado dos avanços tecnológicos. Além de melhores câmeras, com alta resolução, e de instrumentos mais precisos, a tecnologia resultou, por exemplo, no desenvolvimento da videolaparoscopia assistida por robô (cirurgia robótica).
Para as mulheres, a videolaparoscopia pode ser indicada para o diagnóstico e tratamento de diversas condições e doenças:
A videolaparoscopia é o tipo de cirurgia realizado para inúmeras intervenções, como:
É considerada padrão-ouro para o diagnóstico e tratamento de endometriose (remoção do tecido ectópico característico da doença).
Proporciona o diagnóstico e tratamento de alguns tipos de miomas (miomectomia).
Permite correções da anatomia uterina, que pode sofrer distorções por endometriose ou miomas. O diagnóstico e tratamento dessas condições é realizado em um mesmo procedimento na maioria dos casos.
A técnica permanece como a principal opção para a cirurgia de esterilização feminina (laqueadura), assim como para a remoção do útero (histerectomia), de alguns tipos de tumores e de gravidez ectópica, quando o embrião implanta fora do útero, normalmente em uma das tubas uterinas.
As vantagens da abordagem laparoscópica para esses procedimentos, incluindo estadiamento e tratamento de cânceres ginecológicos, continuam a aumentar.
O procedimento é feito em ambiente hospitalar com o paciente sob efeito de anestesia geral. A laparoscopia é uma cirurgia.
Para evitar infecção, geralmente é prescrito antibiótico, no momento do procedimento. Faz-se necessário jejum de aproximadamente 8 horas e, eventualmente, o uso de um laxante para limpeza intestinal, para permitir a abordagem desse órgão ou mesmo evitar distensão intestinal, o que pode dificultar o procedimento cirúrgico.
O uso de qualquer tipo de medicamento, assim como a presença de qualquer alergia a materiais cirúrgicos, deve ser informado antes do procedimento. Joias e objetos de metal que possam causar interferências também devem ser removidos.
Após a limpeza do local e anestesia, o cirurgião faz pequenas incisões para a inserção do laparoscópio, insuflação abdominal com dióxido de carbono, importante para distender o abdômen, facilitando a visualização da pelve, permitindo a obtenção de um campo cirúrgico adequado, e inserção de outros instrumentos laparoscópicos para auxiliar na intervenção. O procedimento deixa cicatrizes praticamente invisíveis, uma vez que as incisões são de apenas cerca de 0,5 cm.
O tempo de cirurgia, assim como de internação, varia de acordo com a complexidade da intervenção.
Alguns sintomas podem surgir como consequência do dióxido de carbono e podem durar alguns dias, incluindo cólicas abdominais com dor estendida até os ombros. O uso da substância, entretanto, assim como os sintomas, não representam nenhum tipo de risco para a saúde das pacientes.
O período de recuperação é bastante rápido. Essa é, inclusive, uma das vantagens da técnica quando comparada às abordagens tradicionais.
Toque no link e entenda mais sobre cirurgia minimamente invasiva.