Dr. Luiz Flávio
Todos os meses, desde a puberdade, as mulheres vivenciam o ciclo menstrual, um processo importante para a reprodução interrompido apenas na menopausa. Ele é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea.
Na fase folicular, vários folículos (pequenos cistos que armazenam os óvulos) são recrutados: um deles se desenvolve, amadurece e se rompe, liberando o óvulo (fase ovulatória), o chamado período fértil.
O endométrio (tecido que reveste internamente o útero) também começa a ser preparado na fase folicular, tornando-se mais espesso para receber o embrião, abrigá-lo e nutri-lo até a formação da placenta. A preparação final ocorre na fase lútea.
A menstruação é parte desse processo e marca o fim de um ciclo e, consequentemente, o início do próximo.
Regulado pela ação de hormônios, o ciclo menstrual pode sofrer interferência de diferentes fatores que alteram o funcionamento normal resultando em irregularidades menstruais.
Para saber mais sobre irregularidades menstruais e quais doenças provocam o problema continue a leitura!
Em um ciclo menstrual, quando não há concepção, o endométrio descama, originando a menstruação e iniciando novamente o processo. Assim, a menstruação pode ser definida como o evento que inicia (e anuncia) a preparação do corpo para uma possível gravidez.
Em um ciclo menstrual normal, geralmente de 28 dias, o sangramento dura entre três e sete dias. Origina-se do útero, mais propriamente da cavidade endometrial, e é eliminado pela vagina com os fragmentos do tecido endometrial que descamou.
Esse processo acontece até a menopausa, quando os níveis hormonais diminuem e o ciclo menstrual é interrompido.
Os ciclos menstruais regulares também podem ser um pouco mais curtos ou longos em alguns casos – de 21 ou 35 dias, por exemplo. No entanto, sempre mantém certa regularidade.
Alterações nesse período por mais do que três meses consecutivos podem indicar irregularidades menstruais. Nos ciclos irregulares ocorre frequentemente uma variação nos intervalos: os ciclos podem ser mais curtos em um mês e mais longos ou normais em outro, por exemplo.
A variação nos intervalos reflete, ao mesmo tempo, no fluxo menstrual, que pode ser mais e menos intenso, normalmente acompanhado por cólicas de maior intensidade (dismenorreia), ou com ausência de menstruação (amenorreia).
Exemplos de irregularidades menstruais incluem:
Irregularidades menstruais surgem frequentemente como consequência de distúrbios hormonais, que resultam em problemas de ovulação, considerados a causa mais comum de infertilidade feminina, caracterizados pela dificuldade em liberar o óvulo, condição conhecida como anovulação ou ausência de ovulação, ou pela alternância entre ciclos ovulatórios e anovulatórios.
As alterações hormonais, por outro lado, podem ser provocadas por diferentes condições como a síndrome dos ovários policísticos (SOP), distúrbios da tireoide e insuficiência ovariana primária, também chamada falência ovariana prematura, quando os sintomas da menopausa manifestam em mulheres com menos de 40 anos.
Além do desequilíbrio nos níveis dos hormônios reprodutivos, outras doenças femininas podem causar irregularidades menstruais, entre elas:
Doença inflamatória pélvica: a doença inflamatória pélvica (DIP) é uma infecção bacteriana que afeta o sistema reprodutor feminino. As bactérias geralmente são transmitidas por contato sexual e espalham para o útero, ovários e tubas uterinas. O processo infeccioso pode resultar em cicatrizes, que causam bloqueios inibindo a liberação do óvulo ou a captação dele pelas tubas uterinas, afetando a fecundação. Pode acometer todo o trato genital superior e sua presença no endométrio (endometrite) pode causar sangramentos no meio dos ciclos menstruais.
Miomas uterinos: miomas são tumores benignos formados a partir de uma única célula do miométrio, camada muscular intermediária do útero. Quando crescem no miométrio ou no interior da cavidade uterina, provocam sangramento abundante nos períodos menstruais, da mesma forma que podem resultar em infertilidade.
Pólipos endometriais: assim como os miomas, pólipos endometriais são formações benignas que ocorrem a partir do crescimento anormal das células do endométrio. Eles podem causar alterações na receptividade endometrial e, consequentemente, falhas na implantação do embrião e abortamentos recorrentes. Os pólipos tendem a provocar diferentes tipos de sangramento uterino: aumentam o fluxo menstrual, estimulam o sangramento entre períodos menstruais, após a relação sexual e menopausa.
Neoplasias uterinas ou cervicais também provocam irregularidades menstruais, assim como outros fatores aumentam o risco, incluindo o estilo de vida, como obesidade ou baixo peso, excesso de exercício físico ou sedentarismo, estresse ou transtornos emocionais, entre eles ansiedade e depressão.
A maioria das condições que provocam menstruação irregular manifestam ainda outros sintomas. Eles são importantes para auxiliar na definição da causa, da mesma forma que alertam para a necessidade de procurar auxílio médico.
Diferentes exames laboratoriais e de imagem são solicitados quando há menstruação irregular, para identificar o que está causando o problema.
Inicialmente, é fundamental uma boa história clínica e um exame ginecológico bem realizado.
Os laboratoriais incluem testes hormonais, para analisar os níveis dos hormônios reprodutivos, tireoidianos, prolactina, androgênios, a avaliação da reserva ovariana, que indica a quantidade de folículos.
Já os de imagem são solicitados para detectar a presença de miomas uterinos, pólipos endometriais e adenomiose. Os mais frequentemente realizados são a ultrassonografia transvaginal pélvica e a ressonância magnética. De acordo com a causa, podem ser solicitados outros complementares.
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