Dr. Luiz Flávio
O útero é um órgão essencial para o aparelho reprodutor feminino. Ligado aos ovários pelas tubas uterinas e ao exterior do corpo da mulher pelo colo do útero e canal vaginal, esse órgão, que possui formato de pera, contém uma cavidade que abriga o embrião, futuramente feto, até o nascimento.
Para cumprir essa importante missão, o útero tem uma estrutura muito bem definida. Suas paredes são compostas por três camadas: o perimétrio, a mais externa delas, formada por tecido conjuntivo, o miométrio, camada intermediária, composta por tecido muscular liso, e o endométrio, mucosa que reveste o útero internamente.
Doenças que afetem qualquer uma dessas partes do útero pode causar problemas à saúde reprodutiva, incluindo a infertilidade, além de outros sintomas que prejudicam a qualidade de vida da mulher.
Entre essas enfermidades estão os miomas, tumores benignos que se desenvolvem no miométrio. Saiba mais sobre o assunto.
Os miomas são tumores benignos que crescem a partir das células do miométrio. Eles podem se desenvolver em direção ao perimétrio ou ao endométrio. No primeiro caso, os miomas tendem fazer pressão nos órgãos próximos, causando sintomas urinários e intestinais, por exemplo.
Já quando invadem o endométrio, esses tumores se projetam no interior da cavidade uterina e podem interferir no processo de implantação embrionária, causando dificuldade de engravidar.
A doença pode também causar dor e sensação de peso na pelve, dores durante a relação sexual e sangramento uterino anormal. No entanto, é importante ressaltar, cerca de 75% das pacientes com miomas não apresentam sintomas da doença, ou seja, são assintomáticas.
Não se sabe ao certo por que os miomas aparecem, mas eles são mais frequentes em mulheres negras, nas que tiveram sua primeira menstruação antes dos 10 anos de idade e quando há histórico da doença na família. Outros fatores de risco são o consumo abusivo de álcool e cafeína, bem como a hipertensão arterial sistêmica.
A prevalência dos miomas uterinos em mulheres em idade fértil pode chegar a 77%, sendo que essa porcentagem é mais baixa em mulheres jovens e aumenta conforme a idade avança.
O diagnóstico dos miomas uterinos começa com a história clínica e o exame físico da paciente. O médico pode observar o útero de volume aumentado, de contorno irregular e móvel. Com base nessa suspeita, o ginecologista pode pedir exames de imagem para confirmar o diagnóstico, como:
O tratamento da doença depende dos sintomas e do desejo da mulher de engravidar. Caso a paciente seja assintomática, em geral não é necessário tratar, mas é importante fazer o acompanhamento médico periodicamente para avaliar o comportamento dos miomas. Quando há sintomas, as principais opções de tratamento são:
A histerectomia, cirurgia para a retirada do útero, é o único tratamento definitivo para os miomas. No entanto, se a mulher tiver a intenção de engravidar, esse não deve ser o tratamento de escolha e, mesmo na ausência de desejo reprodutivo, esta opção deve ser reservada para a falha de outros tratamentos.
A miomectomia, procedimento para retirar somente os miomas, também é capaz de tratar os sintomas e problemas como distorções da cavidade uterina e obstruções nas tubas. A miomectomia é capaz de restaurar a fertilidade da mulher em boa parte dos casos. Esse tipo de cirurgia, porém, apenas retira os miomas existentes, sendo que novos podem se desenvolver depois.
Os miomas tendem a crescer com a ação dos hormônios femininos estrogênios e progesterona, e a diminuir com o estímulo dos androgênios (hormônios masculinos). O tratamento com androgênios, porém, já se mostrou por vezes ineficaz, além de causar muitos efeitos colaterais.
Dessa forma, hoje é possível tratar a doença com análogos do GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina), que diminuem a quantidade de estrogênio no organismo, favorecendo a diminuição do volume do útero e do tamanho dos miomas, além de melhorar os sintomas causados por eles.
Ao interromper o tratamento, porém, os miomas voltam ao tamanho original ou podem até mesmo aumentar. Portanto, esse tipo de tratamento é recomendado somente se a intenção for aliviar os sintomas por certo período, ou como terapia pré-cirúrgica.
Quando os miomas não causam sintomas, como explicado acima, nem sempre é recomendado tratá-lo, mas é fundamental fazer o acompanhamento periódico para que o médico observe a evolução da doença.
Em alguns casos, porém, o não tratamento pode trazer algumas complicações. Na gravidez, por exemplo, miomas que antes não causavam problemas podem levar a complicações como parto prematuro, sangramento pós-parto em excesso e aborto espontâneo.
Os miomas, portanto, são uma alteração bastante comum em mulheres em idade reprodutiva e, como tumores benignos, podem não causar sintomas. Nos casos das pacientes que têm sua qualidade de vida afetada pela doença, as opções de tratamento devem ser avaliadas em conjunto com o médico. Para saber mais sobre miomas uterinos, toque aqui.