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O que é abortamento/aborto de repetição?

O que é abortamento/aborto de repetição?

Dr. Luiz Flávio

Pela definição clássica, adotada pelas sociedades de obstetras europeias, o aborto de repetição é caracterizado pela perda gestacional antes das 22 semanas por 3 ocasiões seguidas. Já a Sociedade Americana de Saúde Reprodutiva considera que bastam 2 perdas gestacionais até a 22ª semana, consecutivas ou não para caracterizar esta condição.

Para isso, o abortamento precisa ser espontâneo, isto é, quando o próprio organismo expulsa o feto sem ação voluntária humana, acidente ou tratamento médico. 

Quer conhecer mais o assunto? Acompanhe e saiba tudo sobre o diagnóstico e a conduta nesses casos!

O que pode causar abortamento?

A principal causa de abortamento espontâneo esporádico são condições genéticas e cromossômicas do feto, que frequentemente inviabilizam o prosseguimento da gestação. A partir da 12ª semana, outras causas relevantes são as infecções urinárias e as doenças sexualmente transmissíveis, especialmente aquelas que resultam em anomalias congênitas (como a sífilis).

Interrupção provocada da gravidez

No Brasil, o abortamento voluntário não é permitido de forma geral, ficando restrito às seguintes situações:

  • Abortamento terapêutico: a gestação coloca a vida da mãe em risco. Caso a gestante deseje prosseguir, ela deverá assinar um termo de recusa informada em que declara estar ciente dos riscos. Se ela não estiver plenamente consciente, o médico poderá tomar a decisão mais benéfica para a sua vida;
  • Abortamento em casos de anencefalia: se, após a 12ª semana, o ultrassom identificar a falta de formação de tecido cerebral ou da calota craniana, a paciente poderá optar pelo abortamento induzido. Como exigência, dois médicos capacitados devem assinar o laudo do exame, dispensando autorização judicial. Quando houver formação incompleta do cérebro sem anencefalia, por outro lado, é preciso buscar autorização ;
  • Abortamento devido à violência sexual: se a mulher violentada desejar, pode realizar o aborto em prontos socorros. Para isso, deve relatar ao médico a ocorrência de violência sexual e expressar a vontade de interromper a gravidez, não sendo necessário que ela ou o médico comuniquem o serviço policial. Todo o atendimento é feito de forma bastante humanizada sem expor a intimidade e a privacidade da paciente.

O que pode causar abortamento de repetição?

Antes da 12ª semana, a causa principal é a incompatibilidade genética entre a mãe e o pai, a qual provoca incompatibilidade com a vida ou a reação do corpo da gestante contra o embrião. Em relação aos fatores maternos, é importante prestar atenção em duas condições comuns.

Síndrome do Anticorpo Antifosfolípide

Conhecida como SAAF ou SAF, essa é uma condição autoimune, isto é, o próprio sistema de defesa ataca as próprias células. O principal alvo são as plaquetas e os vasos sanguíneos. Com isso, haverá uma maior chance de formações de trombos nas artérias e nas veias, inclusive na placenta, comprometendo a implantação do embrião e a oxigenação do feto pela placenta.

Por esse motivo, além do aborto de repetição, as mulheres acometidas apresentam mais chances de hipertensão durante a gestação e de parto prematuro. Para identificá-la, são investigados um dos seguintes critérios clínicos na história da gestante:

  • Ocorrência prévia de trombose vascular (acidente vascular cerebral, infartos, trombose venosa profunda, tromboembolismo pulmonar, entre outros);
  • Adoecimento e complicações durante as gestações prévias;
  • Três ou mais abortamentos consecutivos anteriores a 10ª semana de gestação sem causa aparente;
  • Ao menos, uma perda de feto aparentemente normal após a 10ª semana;
  • Ocorrência de um parto prévio antes das 34 semanas desde que associados à Doença Hipertensiva Específica da Gestação ou insuficiência placentária.

Para confirmar o diagnóstico, será preciso que um dos seguintes exames, apresente os resultados mencionados:

  • Anticardiolipinas IgG e IgM: com altos títulos;
  • Antibeta-2-glicoproteína 1: acima do percentil 99;
  • Anticoagulante lúpico: positivo.

Nestes casos, a prevenção do abortamento é feita com baixas doses de ácido acetilsalicílico (AAS) e heparina. Se a gestante já tiver tido algum evento de trombose a dosagem é maior.

Endometriose

Por muito tempo, apesar da percepção clínica de ginecologistas obstetras, alguns estudos não demonstraram associação entre o a endometriose e um maior risco de aborto. No então, nos últimos anos, novas evidências surgiram para mostrar que mulheres diagnosticadas com essa doença apresentavam uma maior frequência de perda gestacional, especialmente nas 12 primeiras semanas de gravidez.

Mas como essa doença é diagnosticada? Uma consulta com um ginecologista é imprescindível. Por meio dos seguintes sintomas relatados pela paciente, ele poderá levantar a suspeita:

  • Dor muito intensa durante o período menstrual, que piora com o passar da idade;
  • Dor pélvica crônica independente do ciclo menstrual;
  • Dor durante a relação sexual;
  • Infertilidade. 

O melhor exame de imagem pra auxiliar no diagnóstico é a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal. O médico vai buscar as lesões nos locais mais comuns, como os ovários, peritônio, intestino, tubas uterinas e bexiga. 

Para confirmá-lo, é preciso colher amostra do tecido endometrial ectópico. 

Qual a conduta diante do aborto de repetição?

As opções dependerão da condição que causa o aborto de repetição:

  • Tratar a doença de base – por exemplo, na endometriose pode-se realizar a cirurgia minimamente invasiva; na SAF, deve-se utilizar anticoagulantes;
  • Utilizar técnicas de reprodução assistida. Nas condições genéticas, é preciso fazer o aconselhamento com um especialista. Se for possível, pode-se empregar a fertilização in vitro com biopsia embrionária.

Todavia, em alguns casos, a mulher não deseja engravidar novamente devido a traumas, ao risco da gestação, entre outros. Assim, algumas soluções viáveis são a barriga solidária e a adoção.

Em todos os casos de aborto de repetição, o acompanhamento com um ginecologista-obstetra é essencial. Ele é especializado nas questões da saúde ginecológica e reprodutiva da mulher, podendo fazer o diagnóstico correto com mais agilidade e iniciar o tratamento o quanto antes.

Você conhecia todas essas informações? Não?! Então, não deixe de compartilhar nosso post nas redes sociais! Muitas outras mulheres podem ter dúvidas sobre o assunto!

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