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O que é cirurgia robótica e como ela é realizada?

O que é cirurgia robótica e como ela é realizada?

Dr. Luiz Flávio

A cirurgia é um procedimento, algumas vezes, necessário para os cuidados com a saúde. Evoluiu cientificamente a partir de diferentes descobertas, desde um maior conhecimento da anatomia humana, anestesia e criação da assepsia, por exemplo, ao desenvolvimento das técnicas cirúrgicas.

Hoje, as técnicas mais utilizadas são a cirurgia convencional, também chamada cirurgia aberta, e a cirurgia minimamente invasiva, que nos últimos anos tem sido a principal abordagem de diferentes especialidades médicas. A cirurgia robótica é o método mais atual para a realização de cirurgias minimamente invasivas.

Vou explicar o funcionamento e falar sobre as indicações da cirurgia robótica, método que contribuiu para melhorar a destreza e habilidade do cirurgião mediante a utilização de ferramentas e plataformas colaborativas e, consequentemente, para aumentar as taxas de sucesso dos procedimentos cirúrgicos em diferentes áreas médicas, entre elas a ginecologia.

O que é cirurgia robótica?

A ideia para a cirurgia robótica foi impulsionada por outro conceito: o de telecirurgia ou cirurgia de telepresença, que surgiu nos anos 1980 a partir do trabalho de um grupo de pesquisadores da agência espacial americana (NASA) sobre realidade virtual.

No início dos anos 1990, esses pesquisadores, com outros especialistas em realidade virtual do Stanford Research Institute (SRI), desenvolveram um telemanipulador hábil para a cirurgia manual. O objetivo do projeto era proporcionar ao cirurgião a sensação de operar diretamente o paciente, mesmo estando do outro lado da sala.

O resultado dessas pesquisas já apontava o potencial que esses sistemas tinham para melhorar as limitações da cirurgia laparoscópica convencional. Porém, foi apenas na década de 2000 que chegou ao mercado o primeiro robô cirúrgico para utilização em cirurgias laparoscópicas, o Da Vinci.

Os mais recentes modelos do robô, entretanto, foram desenvolvidos para superar as limitações da videolaparoscopia, como a visualização em 2D, a articulação incompleta dos instrumentos e limitações da posição dos cirurgiões. Atualmente, os modelos possuem visão 3D com qualidade HD e instrumentais cada vez mais modernos e eficientes, permitindo um procedimento mais preciso.

Além disso, com a evolução da técnica, a expectativa é de que as cirurgias auxiliadas por robôs possam contar com a participação de cirurgiões localizados em diferentes regiões, estados ou países.

Em quais casos a cirurgia robótica é indicada?

A cirurgia robótica é aplicada em diversos procedimentos ginecológicos. Em países como os Estados Unidos, por exemplo, é realizada em mais de 2025 locais de hospitais acadêmicos e comunitários e registra um crescimento acima de 25% ao ano, de acordo com o Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas. As principais indicações são:

  • Histerectomia: remoção do útero, algumas vezes acompanhada da remoção simultânea dos ovários e tubas uterinas;
  • Sacrocolpopexia: procedimento para a correção do prolapso de cúpula vaginal (ápice da vagina), em mulheres que foram submetidas a histerectomia previamente;
  • Miomectomia: remoção de miomas com a preservação do útero;
  • Cirurgia anexial: remoção de cistos, tecido endometrial ectópico e massa anexial – tumores que podem ser originados em órgãos localizados na pelve, tais como ovários, útero, trato intestinal e urinário;
  • Tumores: classificação e localização de neoplasias do sistema reprodutor feminino.

A cirurgia videolaparoscópica assistida por robô reúne, ao mesmo tempo, todos os benefícios da cirurgia minimamente invasiva por videolaparoscopia, incluindo incisões mínimas, cicatriz cirúrgica reduzida, menor dor pós-operatória, menor taxa de complicações, recuperação mais rápida, alta hospitalar precoce, retorno mais imediato as atividades habituais e maior conforto e segurança para a paciente.

Quais são as vantagens da cirurgia robótica?

Entre as principais vantagens da cirurgia robótica, quando comparada à videolaparoscopia, se destacam:

  • Melhor visualização do campo operatório: o cirurgião opera por meio de controles e com uma visualização tridimensional, de alta definição, do espaço operacional. A tecnologia de imagem é usada para planejamento e navegação em tempo real durante a intervenção, aumentando a precisão, velocidade e segurança;
  • Melhorias mecânicas: os instrumentos robóticos têm sete graus de liberdade, semelhantes ao braço e mão humanos, melhorando a capacidade de o cirurgião girar, mover e manipular;
  • Aprimoramento da coordenação: ao fornecer articulação, implementar filtragem de tremores e simular sensações táteis, a destreza e a coordenação olho-mão do cirurgião são aprimoradas, melhorando o desempenho cirúrgico;
  • Melhor ergonomia para o cirurgião.

Como é realizada a cirurgia robótica?

Na cirurgia robótica, os instrumentos não são movidos diretamente pelo cirurgião, mas por meio de controles, hardwares e softwares. Por um console localizado em outro ponto da sala de cirurgia para evitar infecção, o cirurgião controla esses instrumentos. Os pedais são usados ​​para monitorar a câmera, ativar fontes de energia, foco e comutação do braço robótico.

O console fornece imagens tridimensionais (3D) com melhor percepção de profundidade, e o cirurgião tem controle autônomo da câmera e dos instrumentos. O braço robótico, com sua articulação de punho, permite maior destreza do que a cirurgia convencional e diminui os tremores normais das mãos.

A equipe médica, entretanto, fica na mesa de cirurgia para realizar os outros procedimentos, como anestesia e troca de instrumentos. Eles também acompanham, em tempo real, o procedimento por um monitor. Geralmente é formada por pelo menos dois médicos cirurgiões, o médico anestesista, instrumentador e enfermeiros especializados em robótica.

Como funciona a plataforma robótica?

Veja como funciona a plataforma robótica:

  • No console, o cirurgião opera por meio de controles com uma visualização tridimensional (3D) e de alta definição do espaço operacional;
  • Os movimentos das mãos, pulsos e dedos controlam os instrumentos com precisão e em tempo real;
  • A configuração do console duplo permite a cooperação entre os cirurgiões, além de poder ser usada para treinamento;
  • Ao lado da paciente, é posicionado um carrinho composto por três ou quatro braços robóticos que transportam a câmera (geralmente um endoscópio HD 3D) e os instrumentos;
  • Os instrumentos são controlados diretamente pelo cirurgião, com mecanismos de segurança que impedem movimentos independentes. A ponta deles é articulada para simular sete graus de liberdade do pulso e dedos humanos;
  • A redução do tremor e o dimensionamento de movimento também podem ser implementados;
  • Hardwares e softwares para processamento de imagens fornecem detalhes da anatomia do paciente;
  • A tela permite uma visão do campo operatório para toda a equipe cirúrgica.

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