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O que é dismenorreia? Qual a relação com a endometriose?

O que é dismenorreia? Qual a relação com a endometriose?

Dr. Luiz Flávio

Dismenorreia é o termo médico para dor no período menstrual, que ocorre de forma recorrente, ou seja, se repete em todos os ciclos menstruais. São popularmente conhecidas como cólicas menstruais. 

A dor geralmente começa um ou dois antes da menstruação ou pode ocorrer junto com o fluxo menstrual. Varia de leve a intensa e é sentida principalmente na parte inferior do abdômen, embora possa irradiar para outras partes do corpo, como a região lombar, pernas, região perineal.

Continue a leitura para entender qual relação a dismenorreia pode ter com a endometriose. 

Entenda melhor a dismenorreia

As cólicas menstruais acontecem, entre outros motivos, pela ação de um mediador inflamatório chamado prostaglandina, que pode provocar contração muscular e ativar uma resposta inflamatória. O útero é formado por três camadas, a intermediária, chamada miométrio é uma camada muscular responsável pelas contrações na hora do parto, que auxiliam na expulsão do bebê. 

No entanto, durante a menstruação o órgão também pode “contrair” de forma mais intensa, resultando na sensação de dor. 

Essa dor tem duração variável e pode estar associada a outros sintomas como náuseas, vômitos, fadiga e diarreia. É chamada dismenorreia

Embora as cólicas menstruais sejam comuns a muitas mulheres, quando elas manifestam de forma mais intensa, podem sinalizar para alguma doença nos órgãos reprodutores, por isso, é importante procurar auxílio médico. 

Esse tipo é denominado dismenorreia secundária. Além de, normalmente, ser mais intensa, geralmente começa mais cedo e dura mais do que as cólicas menstruais comuns. E, se não tratadas, podem, paulatinamente, progredir em sua duração. 

O que é endometriose?

A endometriose é uma doença caracterizada pelo crescimento anormal de um tecido semelhante ao endométrio, que reveste internamente o útero, em outras regiões fora dele, mais comumente em locais próximos como o peritônio, ligamentos uterossacros, ovários e tubas uterinas. No entanto, pode invadir também outras estruturas, como a bexiga, o intestino, os ureteres, a inervação pélvica autonômica e somática. 

É mais frequente em mulheres durante a fase reprodutiva, embora possa ocorrer em qualquer idade. De incidência bastante comum a endometriose é, atualmente, uma das doenças ginecológicas mais prevalentes, afetando milhões de mulheres em todo o mundo. 

A teoria mais aceita para explicar o desenvolvimento anormal é a do fluxo retrógado, proposta pelo ginecologista norte-americano Albert Sampson. Sugere que fragmentos de células do endométrio, que deveriam ser eliminados pela menstruação, retornam pelas tubas uterinas e se implantam em outros lugares. Entretanto, essa teoria não explica totalmente seu aparecimento, tratando-se de uma doença com origem multifatorial, com importante papel de fatores genéticos, ambientais e hormonais.

A endometriose pode se apresentar como aderências pélvicas, implantes ou endometriomas. Pode ser classificada de acordo com o local de implantação, quantidade e profundidade das lesões em quatro estágios de desenvolvimento e, morfologicamente, em três subtipos: endometriose peritoneal superficial, endometriose ovariana e a endometriose infiltrativa profunda. 

A endometriose peritoneal superficial (estágios 1 e 2), tem como característica a formação de pequenas lesões no peritônio, planas e rasas. Já na endometriose ovariana a principal característica é a formação endometriomas, enquanto na infiltrativa profunda, as lesões são mais profundas e invadem diversos locais ao mesmo tempo. É o estágio mais avançado da doença.

Embora a endometriose seja uma doença de crescimento lento, o que dificulta, inclusive, o diagnóstico precoce, o tecido anormal provoca um processo inflamatório, que pode resultar na manifestação de diferentes sintomas. 

Entre eles infertilidade, dor pélvica, dor durante a relação sexual (dispareunia) e alterações nos hábitos intestinal e/ou urinários, como micção frequente e dolorosa, constipação e diarreia cíclicas.  

Os sintomas impactam a qualidade de vida das mulheres portadoras, interferindo em relações profissionais e pessoais. 

Dismenorreia e endometriose

A dismenorreia secundária é um dos principais sintomas da endometriose. Mulheres com endometriose, como consequência do processo inflamatório, os níveis de mediadores inflamatórios são ainda mais elevados do que em mulheres sem a doença, o que pode explicar a intensidade da dor. 

Os sintomas da endometriose podem afetar quase todos os aspectos da vida da paciente, impactando a qualidade de vida, interferindo em relações profissionais e pessoais e, muitas vezes causando o desenvolvimento de transtornos emocionais como ansiedade e depressão. 

Como investigar a endometriose?

Para determinar a localização, quantidade e profundidade das lesões, são realizados principalmente dois exames de imagem: a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, um tipo de ultrassom adequado para a avaliação de endometriose, e a ressonância magnética (RM). 

Este ultrassom, também chamado de US transvaginal para endometriose, apresenta excelente sensibilidade e especificidade no diagnóstico do endometrioma ovariano, especialmente nas lesões maiores que 2 cm. 

Além disso, possibilita a identificação das lesões características de endometriose infiltrativa profunda, que podem invadir regiões como a retrocervical (entre o reto e vagina), o intestino a bexiga e os ureteres, estruturas que transportam a urina dos rins para a bexiga. 

A sensibilidade proporcionada pelo exame pode ser de até de 97%, especificidade de 99% e valor preditivo positivo e negativo de 95%.

Quando não se tem disponível um ultrassom adequado para essa avaliação, a Ressonância Magnética surge como alternativa.

Em ambos os casos, se os exames forem realizados com protocolo adequado e profissional experiente, é possível detectar as lesões determinando o grau de comprometimento dos órgãos afetados.  

Os resultados diagnósticos orientam o tratamento mais indicado para cada paciente, que pode variar do controle dos sintomas à cirurgia. 

Para conhecer detalhadamente a endometriose, leia o nosso texto institucional. Toque aqui.

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