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O que é papanicolaou?

O que é papanicolaou?

Dr. Luiz Flávio

Na primeira década do século XX, um médico grego chamado Georges Papanicolaou começou a coletar células do colo do útero de mulheres e a analisá-las ao microscópio. Então, ele percebeu que era possível encontrar alterações celulares que não resultavam em sintomas específicos, entretanto as mulheres que as apresentavam eram mais frequentemente diagnosticadas com câncer do colo de útero nos anos subsequentes.

Com isso, sugeriu que poderia ser feito um exame para identificar as que apresentavam essas lesões que aumentavam o risco de desenvolvimento de tumores do colo de útero. Durante muitos anos, ele e um colega (Hebert Traut) aperfeiçoaram a técnica, que passou a receber ampla aceitação. 

No entanto, atualmente há uma tendência na medicina de deixar de utilizar nomes pessoais para se referir a termos técnicos. Então, o termo exame citopatológico do colo de útero passou a ser usado em substituição a papanicolaou. “Cito-” quer dizer célula em latim, enquanto “pathos” é “doença” em grego antigo. Quer entender melhor esse exame que faz parte da vida das mulheres? Acompanhe o texto!

O que é papanicolaou? Qual o objetivo do exame?

O principal objetivo do exame papanicolaou é a detecção de lesões precursoras do câncer de colo de útero, uma das principais causas de óbitos nas mulheres, principalmente em países em desenvolvimento. Elas resultam principalmente de alguns tipos de vírus HPV que têm a capacidade de causar mutações genéticas progressivas nestas células. 

Isso faz com que percam suas características originais, multipliquem mais rápido e passem a invadir os tecidos. Esse processo é chamado de carcinogênese (geração de tumor) e, por esse motivo, você pode ouvir o termo “cepas carcinogênicas do HPV” para se referir a esses vírus mais preocupantes.

Depois de o HPV infectar as células, pode demorar anos até que haja a evolução para lesões potencialmente malignas visíveis a olho nu durante o exame médico. Por isso, a análise microscópica é essencial. Isso permite o diagnóstico precoce de lesões que podem se tornar ou que já são malignas. 

Portanto, o exame papanicolaou é muito importante, pois é capaz de auxiliar no diagnóstico das lesões em diferentes estágios de desenvolvimento. Apesar de não detectar diretamente o HPV, ele localiza alterações celulares dos tecidos que podem ser provocadas pelo vírus, indicando a necessidade de uma investigação mais detalhada.

Ainda que não seja o principal objetivo do papanicolaou, o médico pode identificar diversos tipos de lesões e doenças durante a sua execução, como:

  • infecções vaginais, como a candidíase e a vaginose bacteriana;
  • doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), como a clamídia e a gonorreia.

No entanto, a segunda parte do exame (análise microscópica) é voltada para a identificação de lesões relacionadas ao câncer do colo de útero. 

O que o papanicolau pode identificar?

Lesões precursoras do câncer do colo de útero

São conhecidas como displasias, ou seja, apresentam alterações significativas nas características celulares, mas sem apresentar um comportamento mais agressivo. Por esse motivo, não dizemos que elas são tumores malignos, mas podem vir a adquirir características mais invasivas. Assim, são chamadas de precursoras, estágios anteriores ao câncer.

Com o tempo, novas mutações genéticas podem se acumular e, então, ocorrer a evolução dessas lesões para o câncer de colo de útero. Há dois tipos de lesões precursoras do colo de útero: a displasia de baixo grau (alterações mais leves) e a de alto grau (alterações mais significativas). 

No primeiro caso, é possível que a conduta do médico seja mais conservadora em algumas mulheres. No segundo, porém, a retirada é essencial, pois o risco de evolução é muito maior.

Câncer do colo de útero no estágio inicial (carcinoma in situ)

Outra grande vantagem do papanicolaou é que ele pode auxiliar na identificação precoce das formas iniciais do câncer de colo de útero, o carcinoma in situ, que não invadiu a camada basal. Quando ele ainda não invadiu nenhuma camada mais profunda, o prognóstico é muito bom. Depois da retirada do tumor, a grande maioria das mulheres sobrevivem nos 5 anos seguintes, sendo consideradas curadas. 

Câncer em outros estágios

Mesmo nos estágios mais avançados do câncer de colo de útero, o papanicolaou tem um papel importantíssimo. Quando já ultrapassaram a membrana basal, quanto antes os tumores forem identificados, melhor pode ser o prognóstico. Durante o exame o médico pode visualizar lesões com aspecto mais invasivo, que apresentam características, como:

  • irregularidade da superfície;
  • sangram com mais facilidade;
  • apresentam alguns pontos mais escuros, sugestivos de áreas ulceradas, que indicam morte celular (necrose tecidual).

Diante disso, além de coletar o material para citopatologia, pode acelerar os próximos passos sem esperar pelos resultados. Algumas medidas possíveis são:

  • encaminhar para especialistas em oncologia ou em oncologia ginecológica;
  • requisitar a colposcopia com maior urgência;
  • coletar uma biópsia ambulatorialmente.

Como o papanicolaou é feito? Como se preparar para o exame?

O exame é feito no consultório do ginecologista em consultas de rotina. Deve ser realizado por todas as mulheres entre 25 e 60 anos ou que já tenham iniciado e mantenham vida sexual, para prevenir o câncer de colo do útero.

O exame deve ser feito anualmente, mas, depois de dois exames anuais negativos, a frequência geralmente pode ser a cada 3 anos. Entretanto, diante de determinados resultados em exames anteriores, pode-se reduzir o intervalo para acompanhar as lesões encontradas. Veja outras características do papanicolaou:

  • o exame é indolor, mas algumas mulheres podem relatar um desconforto, principalmente cólica de leve intensidade;
  • o exame deve ser feito anualmente, mas, depois de dois exames anuais negativos a frequência pode ser a cada 3 anos.

Já o procedimento segue os seguintes passos:

  • introdução do espéculo, instrumento que mantém o canal vaginal aberto;
  • o médico então analisa visualmente todo o canal vaginal e o colo do útero;
  • com uma espátula e uma pequena escova especializadas, ele retira um raspado do tecido do colo do útero;
  • o material é enviado a um laboratório para análise citopatológica por um médico especializado, que confecciona um laudo. 

Em uma consulta de retorno, o médico avalia os resultados do papanicolaou e define as próximas ações. Ele pode manter a rotina anterior, adiantar a próxima coleta, pedir um exame mais específico (colposcopia), encaminhar para um oncologista experiente, entre outras condutas. 

Como um efeito indireto, o papanicolaou faz com que as mulheres acompanhem sua saúde periodicamente, o que incentiva o autocuidado e permite a identificação e o tratamento de outras condições.

Quer saber mais sobre o papanicolaou e como se preparar para o exame? Toque aqui!

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