Dr. Luiz Flávio
As tubas uterinas exercem papel fundamental na fertilidade feminina, visto que é nelas que ocorre a fecundação e é por meio dessas tubas que o embrião se desloca para o útero a fim de começar seu desenvolvimento. Afecções que ocorram nessas tubas podem ser tratadas por meio da salpingoplastia.
As tubas uterinas são dois órgãos conectados aos ovários e ao útero, sendo a forma de ligação entre eles. Dessa forma, é fundamental que elas estejam funcionando corretamente.
Quer conhecer em detalhes como é feita a salpingoplastia e os cuidados que devem acompanhá-la? Continue a leitura!
As tubas uterinas são um par de órgão tuboliforme compostos por tecido muscular mucoso, internamente revestido por células ciliadas, que ajudam na movimentação do gameta feminino até o útero.
Cada tuba uterina tem aproximadamente 10 cm de comprimento, e ambas se projetam de cada lateral do útero até os ovários, diminuindo seu diâmetro gradualmente, fazendo com que pareça um funil.
O caminho desenhado pelas tubas uterinas é dividido em 4 trechos: a parte uterina, que desemboca na lateral do útero; a parte do istmo, porção menos calibrosa e de parede espessa; a parte da ampola, mais larga e longa, sendo aqui o local em que ocorre a fecundação; e o infundíbulo, estrutura em forma de funil, que se abre nos ovários.
A principal função das tubas uterinas, ao conectar o ovário à cavidade uterina, é possibilitar o transporte dos gametas femininos, e criar um ambiente propício para a fecundação. Por isso podemos dizer que a conservação estrutural e do bom funcionamento das tubas uterinas é fundamental para o sucesso da vida reprodutiva da mulher.
Todas as interferências na fisiologia das tubas uterinas podem apresentar risco para fertilidade, já que são elas os canais pelos quais são transportados para o útero tanto os óvulos para fecundação, quanto os embriões fecundados.
Assim, além da laqueadura, que é um procedimento voluntário de interrupção das tubas uterinas, doenças e condições anormais também podem afetar seu funcionamento e interferir negativamente nas funções reprodutivas da mulher.
A origem dessas condições pode ser adquirida ou genética, como os casos de agenesia ou hipogenesia das tubas uterinas, em que malformações no seu formato ou tamanho alteram ou até mesmo impossibilitam sua função.
Algumas condições clínicas como endometriose ou infecções genitais prévias podem causar oclusões e interrupções no seu trajeto, assim como hidrossalpinge, quando a obstrução é causada por um acúmulo de líquido seroso; piossalpinge, quando a obstrução é causada por um acúmulo de pus infeccioso; ou hematossalpinge, quando a obstrução é causada por um acúmulo de sangue.
Todos esses quadros aumentam o risco de gestação ectópica, que, em cerca de 95% dos casos, acomete as tubas uterinas, ou seja, quando o embrião se desenvolve dentro da tuba uterina, em vez do útero. A gestação ectópica pode ser uma condição grave, em último caso levando a óbito da mãe, sendo necessário intervenção cirúrgica na maioria das situações.
Duas são as principais possibilidades de intervenção nas síndromes e doenças que atingem as tubas uterinas: a salpingoplastia, que é uma espécie de correção das tubas uterinas, buscando restabelecer sua estrutura anatômica original, e a salpingectomia, aconselhada quando essa reestruturação não é possível e as tubas precisam ser retiradas.
A salpingoplastia, portanto, é um procedimento cirúrgico realizado nas tubas uterinas para corrigir qualquer tipo de afecção ou problema que esteja prejudicando seu funcionamento.
É importante não confundir esses procedimentos, tendo em mente que a remoção completa das tubas uterinas só é feita em casos extremos e irreversíveis, sendo a salpingoplastia a cirurgia indicada quando o objetivo é recuperação.
Tanto as condições provocadas por anomalias genéticas (obstruções, estenose, hipodesenvolvimento), como as resultantes de DSTs (hidrossalpinge, piossalpinge, hematossalpinge) ou sequelas de gestações ectópicas tubárias, todas podem ser corrigidas por esse procedimento cirúrgico. Inclusive é possível fazer a reversão de laqueaduras em mulheres que têm novamente o desejo de engravidar.
Entretanto, é fundamental o estudo prévio das tubas uterinas para avaliação da viabilidade do procedimento, assim como de seu custo-benefício.
A salpingoplastia pode ser feita de duas formas principais: microcirurgia e videolaparoscopia. No primeiro procedimento, a manipulação das tubas uterinas é feita por corte abdominal. No segundo, a cirurgia é feita por microincisões, através das quais o médico introduz uma fonte de luz e uma microcâmera.
As imagens do interior da cavidade abdominal são captadas e projetadas numa tela. Assim, o médico consegue manipular os tecidos que compõem as tubas uterinas, reestruturando possíveis rupturas, retirando aderências que possam estar obstruindo seu interior e até reconstruindo trechos e restabelecendo essa conexão entre ovários e útero.
A opção pela laparoscopia tem sido a mais indicada na maioria dos casos porque proporciona um pós-operatório mais curto e menos doloroso.
A salpingoplastia é um importante método de tratamento para tratar as tubas uterinas, estruturas que exercem papel fundamental na fertilidade feminina. Veja mais informações sobre esse procedimento.