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O que é síndrome dos ovários policísticos?

O que é síndrome dos ovários policísticos?

Dr. Luiz Flávio

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença endocrinológica caracterizada pelo aumento da produção de hormônios e traços masculinos, por alterações menstruais, sugerindo anovulação, e/ou presença de padrão policístico ovariano em exame de ultrassonografia transvaginal.

A produção excessiva de hormônios andrógenos (hiperandrogenismo), por exemplo, estimula o surgimento de traços masculinos, entre eles o crescimento de pelos em locais pouco comuns, fenômeno conhecido como hirsutismo, condição que contribui para a baixa autoestima e para o desenvolvimento de transtornos emocionais, tais como a depressão.

Vou abordar, neste artigo, as causas, sintomas, exames e tratamento da doença. Fique atento à leitura, pois o diagnóstico precoce pode prevenir as consequências da doença.

O que é a síndrome dos ovários policísticos?

Descrita inicialmente em 1935, a SOP abrange uma diversidade de sinais e sintomas relacionados à disfunção ovariana. Causa o aumento do tamanho dos ovários e o desenvolvimento de múltiplos cistos pequenos na parte externa deles, além de ter como principal característica o hiperandrogenismo, clínico ou bioquímico.

Diferentes estudos indicam que ela afeta quase 20% das mulheres em idade fértil. A maioria dos casos, entretanto, nunca é diagnosticada.

Se não for adequadamente tratada, a síndrome dos ovários policísticos pode, ao mesmo tempo, provocar problemas na saúde metabólica e cardiovascular a longo prazo, contribuindo para o desenvolvimento de doenças como o diabetes tipo 2 e cardiovasculares, assim como aumentar o risco de alguns tipos de câncer.

Quais são as causas da síndrome dos ovários policísticos?

Por ser uma síndrome, ou seja, uma associação de características e sintomas que ocorrem frequentemente juntos, alguns fatores desempenham um papel importante para o desenvolvimento dela:

  • Resistência à insulina: o hormônio produzido pelo pâncreas tem como função metabolizar a glicose para gerar energia. A resistência à insulina eleva os níveis de açúcar no sangue e, consequentemente, a sua produção. Em excesso, ela contribui para aumentar os níveis de hormônios andrógenos, causando dificuldades na ovulação;
  • Inflamação: um tipo de inflamação de baixo grau presente nas mulheres com SOP estimula os ovários policísticos a produzirem mais hormônios andrógenos, o que pode provocar problemas cardíacos e vasculares;
  • Genética: há maior probabilidade para o desenvolvimento da doença por mulheres que possuem mães, irmãs ou tias afetadas por ela, se comparadas com as que não possuem.

A obesidade também é um fator de risco. Cerca de 50% das mulheres com SOP são portadoras dessa condição.

Sintomas da síndrome dos ovários policísticos

Além da presença de múltiplos cistos nos ovários, a anovulação, consequência mais comumente provocada por ela, apresenta-se como irregularidade menstrual do tipo amenorreia (ausência de fluxo menstrual) ou oligomenorreia (menstruação com frequência anormal, espaçada), causando dificuldades reprodutivas. Outros sintomas incluem:

  • Aumento do volume ovariano;
  • Aumento de peso;
  • Aparecimento de acne;
  • Hirsutismo (crescimento de pelos no rosto e outros locais do corpo);
  • Queda de cabelo;
  • Resistência à insulina (RI);
  • Transtornos emocionais, tais como ansiedade e depressão.

Exames para diagnosticar a síndrome dos ovários policísticos

Entre os exames necessários para diagnosticar a SOP estão os testes de hormônios femininos, utilizados para avaliar a fertilidade e os distúrbios hormonais, tais como FSH, LH, progesterona, estradiol e prolactina.

Porém, nenhum critério isolado é suficiente para determinar o diagnóstico clínico, sendo, portanto, um diagnóstico de exclusão.

Deve ser considerada, ainda, a presença de pelo menos dois dos seguintes critérios:

  • Oligovulação (ovulação infrequente ou irregular) ou anovulação (ausência completa de ovulação);
  • Sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo;
  • Morfologia policística dos ovários – existência de 12 ou mais folículos medindo de 2 mm a 9 mm de diâmetro e/ou volume ovariano acima de 10 cm3 – comprovados por ultrassonografia.

Se for confirmado o diagnóstico de SOP, deverão então ser realizados outros exames para avaliar possíveis complicações como diabetes e doença cardiovascular, entre eles perfil lipídico e glicemia.

Tratamentos indicados para síndrome dos ovários policísticos

A escolha do tratamento considera o quadro clínico e laboratorial, assim como as necessidades da paciente. Os medicamentos incluem anticoncepcionais orais e hormônios esteroides de ação antiandrogênica, ou seja, capazes de bloquear ou inibir os sintomas masculinos.

Quando há resistência à insulina, geralmente é adotado um agente sensibilizador, que além de melhorar a sensibilidade, também ajuda a reduzir os sinais de hiperandrogenismo e a irregularidade menstrual.

As mulheres que não são portadoras de obesidade e desejam engravidar podem optar pela indução da ovulação – estimulação dos ovários por medicamentos.

A ovulação ocorre em cerca de 80% dos procedimentos realizados, entretanto apenas 20% das mulheres conseguem engravidar.

Mudanças no estilo de vida também são apontadas como fundamentais para o sucesso do tratamento. A perda de peso em pacientes obesas, por exemplo, pode restaurar a ovulação e a regularidade menstrual, além de diminuir a resistência à insulina e a testosterona total.

Por que a SOP provoca o surgimento de traços masculinos?

Normalmente os ovários produzem uma pequena quantidade de hormônios sexuais masculinos, como a testosterona, chamados andrógenos. Com as alterações hormonais provocadas pela endometriose, essa produção aumenta, causando um distúrbio caracterizado por diferentes sintomas masculinos.

A intensidade desses sinais varia de acordo com o grau de sensibilidade aos andrógenos e o tempo de exposição a eles. Podem se manifestar hirsutismo (pilosidade excessiva), acne, seborreia ou alopecia (perda temporária de cabelo).

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