Dr. Luiz Flávio
Apesar de utilizarmos o termo aborto espontâneo no dia a dia, ele não é muito preciso. Afinal, aborto se refere ao resultado da expulsão do feto da cavidade uterina. O mais correto seria falarmos de abortamento nesse contexto, pois abrange todo o processo desde os estágios mais iniciais.
Nesse sentido, dizemos que o abortamento espontâneo é a perda gestacional não-intencional antes de 24 semanas de gestação. Ele se diferencia do abortamento induzido, o qual se inicia devido à ação voluntária da própria gestante ou de terceiros. Isso pode acontecer devido a razões médicas, violência ou pela vontade da gestante.
Por ser muito comum e estar relacionado a várias doenças, vamos focar no primeiro caso. Continue a leitura até o final para saber mais!
O que pode causar um abortamento espontâneo?
A gestação é um fenômeno muito complexo, que envolve a coordenação de diversas variáveis, como:
Esses são apenas alguns fatores dentre dezenas de outros possíveis. Uma falha em qualquer um deles pode levar ao abortamento, que ocorre em cerca de 20% das gestações percebidas pela mulher. Acredita-se que os números sejam ainda maiores, visto que o abortamento pode ocorrer antes de a mulher saber-se grávida.
A causa mais comum é a inviabilidade do feto por defeitos congênitos incompatíveis com a vida. Entretanto, nesse e nos demais casos, o processo se desenvolve naturalmente sem estar relacionado com atividades físicas, movimento ou acidentes leves. Afinal, as gestações viáveis são bastante resistentes, sendo necessários eventos mais graves para interrompê-las. Da mesma forma, o abortamento se torna irreversível mesmo antes do atendimento médico.
Portanto, a paciente não deve se sentir culpada de ter feito algo que levasse a este desfecho ou demorado para chegar ao centro médico.
O que acontece durante o abortamento espontâneo?
Antes de o processo se tornar irreversível, a mulher pode perceber sintomas e sinais de ameaça de abortamento:
Nesses casos, ela pode procurar serviços de urgência obstétrica ou o médico que a acompanha. Considera-se que se trata de uma ameaça de abortamento:
Não existe nenhum tratamento disponível para evitar a evolução para um abortamento efetivo, mas algumas medidas preventivas são recomendadas:
Abortamento
Alguns eventos estão relacionados à inevitabilidade de um abortamento espontâneo:
Na maior parte dos casos, esses fenômenos provocam uma reação inflamatória e contrações uterinas intensas. Eles desencadeiam a expulsão do feto, dos anexos embrionários e do endométrio desenvolvido.
No entanto, alguns podem não ocorrer. Para isso, existe uma classificação de abortamentos em:
Nas duas últimas situações, apenas se houver sangramento ou sinais de infecção, recomenda-se tentar a expulsão espontânea se o colo estiver aberto. Caso contrário, pode-se empregar a aspiração manual intrauterina (AMIU) ou a curetagem, quando a AMIU for contraindicada ou malsucedida.
Qual o impacto do abortamento espontâneo?
Estudos mostram que as mulheres que passaram por um único abortamento apresentam um risco ligeiramente aumentado de um novo evento semelhante. Todavia, como dissemos, o aborto é comum nas gestações. Então, o prognóstico reprodutivo nesses casos é geralmente muito positivo.
Para isso, é preciso aguardar a recuperação tanto do corpo quanto da mente. Nesse sentido, as relações sexuais podem ser retomadas assim que a mulher desejar, assim como as tentativas de concepção.
Contudo, diante de abortamentos espontâneos frequentes, é necessário realizar uma investigação sobre a saúde reprodutiva da paciente e a compatibilidade genética do casal. Cada novo episódio aumenta tanto o risco de novos eventos quanto de infertilidade.
Sabemos que o abortamento espontâneo pode ser um evento muito estressante e doloroso. Afinal, muitas expectativas frustradas ou sentimento de culpa podem trazer um abalo emocional significativo. Não há nada de errado com isso, é uma reação natural. Com cuidados médicos adequados, as chances de sucesso de novas gestações são significativas.
Você sabia que a endometriose é relacionada ao aumento de risco de abortamento espontâneo? Não?! Então, não deixe de ler este texto sobre a doença!