Dr. Luiz Flávio
A fertilidade da mulher depende do funcionamento correto do sistema reprodutor, o que inclui equilíbrio hormonal, ovulação frequente, óvulos de boa qualidade, tubas uterinas sem obstrução, útero livre de doenças e malformações e com receptividade endometrial adequada.
Diversas doenças podem afetar os órgãos femininos, dificultando o processo reprodutivo. Endometriose, síndrome dos ovários policísticos (SOP) e miomas uterinos são algumas das principais condições associadas à infertilidade. Os endometriomas (endometriose ovariana) e a SOP, por exemplo, podem impactar diretamente no desenvolvimento dos óvulos.
Este post explica como os órgãos do sistema reprodutor feminino trabalham, com destaque à função dos ovários, os quais são responsáveis pela ovulação. Veremos também qual é o papel dos óvulos na fertilidade e quais doenças podem afetá-los.
Confira!
Como funciona o sistema reprodutor feminino?
O funcionamento dos órgãos reprodutores é regulado por substâncias secretadas pela glândula hipofisária e pelas gônadas — no caso das mulheres, os ovários. Então, tudo começa no hipotálamo, que secreta GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) e estimula a hipófise a liberar FSH (hormônio folículo-estimulante) e LH (hormônio luteinizante).
O FSH e o LH agem nos ovários, promovendo o desenvolvimento das estruturas que armazenam os óvulos, chamadas de folículos ovarianos. Conforme esses folículos crescem, eles liberam estrogênio, hormônio que provoca a proliferação das células endometriais, as quais recobrem a camada interna do útero.
Apesar de vários folículos serem recrutados, um deles se desenvolve mais que os outros. O folículo dominante se rompe após o pico de LH, ocasionando a ovulação. Nesse momento, as fímbrias das tubas uterinas captam o óvulo que sai dos ovários e o mantém no interior da trompa por cerca de 1 dia.
Se houver concepção, o embrião normalmente migra para o útero e se fixa no tecido endometrial para iniciar a gestação. Enquanto isso, o folículo ovariano que se rompeu, agora transformado em corpo-lúteo, secreta progesterona para manter a receptividade uterina e favorecer a implantação embrionária. Se não houver fertilização, o endométrio descama e provoca a menstruação.
Em resumo, cada órgão do trato reprodutivo superior tem uma função na fertilidade da mulher:
O que são óvulos?
Os óvulos são os gametas femininos, as células reprodutivas da mulher. Em união com o espermatozoide (gameta masculino), o óvulo dá origem à primeira célula de um novo ser, com constituição genética inédita. Portanto, a quantidade e a qualidade dos oócitos são fatores fundamentais para a fertilidade da mulher.
O termo “reserva ovariana” é utilizado para definir o número de óvulos armazenados nos ovários. Importante dizer que a mulher já nasce com essa reserva completa e, a cada ciclo menstrual, conforme os folículos são recrutados para se desenvolverem, a quantidade de oócitos disponíveis reduz progressivamente — diferente dos homens, que produzem espermatozoides ao longo da vida.
Por isso, a fertilidade feminina também está diretamente relacionada à idade. Após os 35 anos, a reserva ovariana reduz de forma acentuada. Não apenas o número, mas a qualidade dos óvulos também declina, aumentando o risco de anormalidades cromossômicas, falhas de implantação embrionária e abortamento espontâneo — além de outras complicações obstétricas, como diabetes gestacional e distúrbios hipertensivos.
Quais doenças ginecológicas podem afetar os óvulos?
A SOP é uma das doenças ginecológicas que mais ameaçam a função ovulatória. Essa afecção é marcada pelo excesso de andrógenos circulantes (hormônios masculinos), acarretando prejuízos no equilíbrio hormonal que regula o processo de ovulação.
Na SOP, os folículos ovarianos não recebem o estímulo necessário para atingir o ponto ideal de maturação e liberar o óvulo. Assim, eles involuem, caracterizando os ovários micropolicísticos e provocando um quadro de anovulação crônica.
A endometriose é outra condição frequentemente associada à infertilidade por problemas de ovulação. Essa doença ginecológica pode afetar vários órgãos da região pélvica, incluindo peritônio, ovários, tubas uterinas, entre outros. Os sintomas e consequências variam conforme os locais atingidos e a profundidade das lesões endometrióticas.
Quando a endometriose se instala nos ovários, são formados cistos ovarianos chamados endometriomas. Estes resultam do acúmulo de sangue degradado — não eliminado com o sangramento menstrual — e podem prejudicar o desenvolvimento dos óvulos.
A SOP é tratada com medicamentos hormonais, enquanto a endometriose necessita de intervenção cirúrgica em estágios avançados para tratar as lesões, quando indicado. Nesse caso, o tratamento é feito com técnicas de cirurgia minimamente invasiva, como a videolaparoscopia.
Outras condições que podem afetar, direta ou indiretamente, a liberação ou a qualidade dos óvulos são:
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