por Dr. Luíz Flávio Cordeiro
Polipectomia é o procedimento cirúrgico endoscópico de tratamento (retirada) de pólipos. Na área de ginecologia, fazemos o tratamento de pólipos endometriais, estruturas de tecido que se desenvolvem a partir de membranas mucosas. Os pólipos do trato reprodutivo feminino são comuns, manifestando-se em 7,8% a 50% das mulheres.
São chamados pólipos endometriais os que crescem no endométrio, camada interna do útero em que o embrião se fixa após a fecundação para dar início à gravidez. Os pólipos podem, por exemplo, se tornar cancerosos e exigir um tratamento mais radical.
Devem ser tratados imediatamente após o diagnóstico para evitar complicações. Podem se desenvolver e crescer tanto no endométrio quanto no colo uterino (chamados pólipos endocervicais) e se projetar para dentro do útero.
A avaliação médica deve ser detalhada e envolve o mapeamento das formações para a retirada cirúrgica.
Não há ainda evidências científicas que comprovem todas as suas possíveis causas, mas podem estar relacionadas a fatores genéticos, lesões endometriais prévias e alterações hormonais.
Se quiser saber mais sobre pólipos endometriais, como seus sintomas, leia o texto que elaboramos especificamente sobre a doença aqui.
O exame para diagnóstico de pólipos mais indicado é a ultrassonografia, que possibilita a visualização da cavidade uterina e identifica qualquer alteração. O período mais indicado para a realização do exame é o final da primeira fase do ciclo menstrual, aproximadamente no 10o dia.
Outros exames que podem ser solicitados são a histerossonografia e a histeroscopia, sendo essa última o “padrão-ouro” para o diagnóstico e tratamento dos pólipos uterinos, tanto em mulheres que estejam na pré como na pós-menopausa.
Os pólipos podem ser únicos ou múltiplos, variar de tamanho e provocar diversos sintomas e complicações, pois podem ser pequenos ou preencher boa parte da cavidade uterina.
Na avaliação, investigamos todas as características dos pólipos, se estão ligados ao endométrio por uma estrutura fina chamada pedículo (pólipos pediculados) ou se estão ligados diretamente ao endométrio (chamados pólipos sésseis – sem o pedículo), suas dimensões, formato, localização, entre outras importantes características para a realização da cirurgia.
Na grande maioria dos casos, os pólipos são tumores benignos, mas podem sofrer transformação e se tornar malignos em casos raros. É fundamental fazer o diagnóstico, acompanhamento e tratamento adequado, geralmente por procedimento cirúrgico.
Os fatores que aumentam as possibilidades de malignidade são: idade acima de 50 anos, sangramento pós-menopausa e terapia hormonal.
O tratamento (retirada) dos pólipos endometriais é denominado polipectomia. O único método definitivo para a cura dos pólipos que estejam provocando sintomas e complicações é por histeroscopia cirúrgica, realizada em centro especializado.
A histeroscopia moderna é um procedimento que exige formação adequada, indicada para casos específicos, sendo um deles a retirada de pólipos. O histeroscópio é um instrumento endoscópico que permite a visualização interna da cavidade uterina. Dotado de uma microcâmera e de uma fonte de luz que possibilitam o registro das imagens, projetadas em um monitor disponível ao cirurgião no momento do procedimento.
Trata-se de um procedimento que deve ser realizado em centro cirúrgico, com a paciente anestesiada. A primeira etapa é a dilatação do colo do útero, uma vez que o histeroscópio utilizado na histeroscopia cirúrgica tem um calibre maior.
Depois de dilatado o colo do útero e introduzido o histeroscópio na cavidade uterina, o cirurgião procede à retirada de cada um dos pólipos endometriais mapeados. Existem algumas técnicas para esse procedimento.
Os pólipos, dependendo de sua localização, dimensões e características, podem ser retirados com alça diatérmica, que promove a retirada do pólipo e a cauterização instantânea para evitar hemorragias, ou pinça, utilizada para a retirada de pequenos pólipos.
Durante o procedimento, é possível avaliar as condições do útero para uma possível gravidez futura.
A recuperação é simples e rápida, uma vez que o procedimento é realizado pelo canal vaginal, sem a necessidade de incisões na região abdominal. No entanto, a mulher precisa permanecer hospital até que passe completamente o efeito da anestesia e ela tenha condições de se locomover, recebendo alta, normalmente, no mesmo dia do procedimento.
No entanto, não há consenso estabelecido a respeito de quais pólipos devem ser tratados por cirurgia, principalmente quando assintomáticos. Até 25% dos pólipos com dimensões inferiores a 10 mm regridem espontaneamente após 1 ano, mas não há como prever esse prognóstico.
O atendimento ginecológico é fundamental para avaliação das alterações e afecções do sistema reprodutor feminino. Quanto antes a paciente buscar um médico ao notar sintomas, maiores são as chances de tratamento efetivo e menores as possibilidades de complicações.