por Dr. Luíz Flávio Cordeiro
Pólipos são estruturas de tecido que se desenvolvem a partir de membranas mucosas e aqueles localizados no trato reprodutivo feminino são encontrados em 7,8 a 50% das mulheres.
Pólipos endometriais crescem do endométrio, camada que reveste a parte interna do útero, órgão fundamental principalmente para a gravidez.
O útero é formado por três camadas: endométrio, miométrio e perimétrio.
O endométrio é a camada mais interna do útero, que reveste internamente a cavidade uterina. O miométrio é uma camada muscular que fica entre o endométrio e o perimétrio. Já o perimétrio é a camada mais externa do útero.
É no endométrio que o embrião se fixa logo após a fecundação para o início da gestação, portanto, dependendo da localização dos pólipos, a mulher pode manifestar sintomas, inclusive infertilidade.
Os pólipos uterinos podem crescer tanto do endométrio como do colo uterino (pólipos cervicais) e se projetam para dentro do útero, podendo se apresentar de diferentes formas.
Os pólipos são categorizados de acordo com sua localização, tipo e presença/ausência de pedículo.
Podem ser único ou múltiplos e apresentar variados tamanhos, causando diferentes repercussões e complicações, uma vez que podem ocupar boa parte da cavidade uterina.
Os pólipos também podem estar ligados ao endométrio por uma estrutura fina chamada pedículo, que é uma espécie de base pedunculada, ou estar ligados diretamente ao endométrio (chamados pólipos sésseis).
Além disso, eles podem crescer de diferentes partes do endométrio e apresentar diversas dimensões e formatos.
De modo geral, os pólipos são estruturas benignas, mas podem evoluir para formas malignas em casos raros, portanto é essencial fazer o acompanhamento, diagnóstico e tratamento adequado, que geralmente é feito por procedimento cirúrgico.
Os principais fatores que elevam as possibilidades de malignidade são:
Ainda não existem evidências suficientes para determinar todas as possíveis causas dos pólipos endometriais. No entanto, podemos relacionar seu surgimento a:
Essas alterações podem levar as células endometriais a se multiplicarem de modo anormal e formarem essas estruturas na cavidade uterina.
Os sintomas dos pólipos estão relacionados às suas características. A maioria dos pólipos não causa sintomas, entretanto alguns podem causar, principalmente:
Esses sintomas devem ser avaliados em consulta e são importantes para guiar o diagnóstico e o tratamento.
É comum que mulheres descubram pólipos endometriais em exames de rotina em virtude da ausência de sintomas.
O primeiro passo para a investigação e o diagnóstico de pólipos uterinos é a consulta. O histórico da paciente e o relato dos sintomas é fundamental para a suspeita da doença.
O exame de diagnóstico mais importante para identificar e analisar os pólipos é a ultrassonografia, que permite a visualização de toda a cavidade uterina e identifica qualquer anormalidade. Sua realização no final da primeira fase do ciclo menstrual, ao redor do 10º dia, é o mais indicado para a detecção desta enfermidade.
Outras modalidades de exames que podem ser utilizadas para o diagnóstico são: histerossonografia e histeroscopia. A histeroscopia é considerada o “padrão-ouro” para o diagnóstico e tratamento dos pólipos uterinos, tanto nas mulheres na pré com na pós-menopausa.
Com base nos resultados do exame e nos sintomas, podemos fazer o diagnóstico correto e indicar o tratamento.
O único tratamento definitivo possível para pólipos que estejam causando sintomas e complicações é o cirúrgico, realizado por histeroscopia, técnica feita em centro especializado.
Não há consenso sobre quais os pólipos devem ser tratados cirurgicamente, principalmente naqueles assintomáticos. Até 25% dos pólipos com dimensão inferior a 10 mm regridem espontaneamente após 1 ano, entretanto não há nenhum fator que possa predizer tal comportamento.
Faz-se imprescindível um atendimento ginecológico especializado para correta elucidação, esclarecimento e, fundamentalmente, individualização de cada caso.