Dr. Luiz Flávio
A curetagem é um procedimento muito realizado na ginecologia e na obstetrícia. Após a dilatação mecânica ou farmacológica do colo uterino, é inserido um instrumento chamado cureta. Muitas pacientes falam que ele se parece com uma colher de café com um cabo mais longo.
Seu objetivo é realizar a retirada de fragmentos ou da totalidade da camada superficial do endométrio com finalidade diagnóstica e/ou terapêutica. Nos últimos anos, vem sendo substituído por procedimentos menos invasivos e que permitam a visualização da cavidade endometrial, como a histeroscopia ambulatorial e/ou cirúrgica. No entanto, em alguns casos, sua aplicação ainda é muito importante para preservar a saúde das mulheres.
Quer entender melhor? Acompanhe o texto até o final!
Quando a curetagem pode ser feita?
A curetagem com finalidades diagnósticas teve seu espaço reduzido significativamente nos últimos anos. Afinal, com o aprimoramento dos equipamentos de histeroscopia, os ginecologistas podem realizar biópsias guiadas em vez de um procedimento mais invasivo, como a curetagem.
Isso não significa que a curetagem tenha sido abandonada na prática diagnóstica, ela ainda é utilizada em situações, como:
Indicações da curetagem terapêutica
No ambiente hospitalar, a curetagem é um procedimento de urgência e emergência para as mulheres que necessitam da resolução imediata de um quadro de sangramento uterino. Ambulatorialmente, pode ser indicada para as pacientes com sangramentos que não responde à terapia hormonal ou que não podem utilizá-la.
O uso da curetagem terapêutica na obstetrícia é mais amplo, podendo ser indicado em casos de:
É importante fazer uma distinção entre o abortamento e o aborto, visto que a confusão entre esses dois conceitos é muito comum. O abortamento se refere ao processo de morte fetal dentro do útero ou de expulsão do feto antes de 20 a 24 semanas de gestação. O aborto é o resultado desse processo, depois da conclusão dos eventos de abortamento.
Abortamento espontâneo e induzido
O abortamento pode ser também classificado em:
Sabemos que esse momento é muito doloroso para a mulher. Por isso, o acolhimento nos casos de abortamento deve ser feito com bastante empatia e sem julgamentos. Todos os procedimentos programados terão em vista o maior benefício da gestante e o menor risco de complicações.
Nesse sentido, a curetagem é um procedimento muito importante para:
De acordo com o Manual de Assistência à Gestante do Ministério da Saúde e da comunidade científica, a curetagem é recomendável nos seguintes casos de abortamento.
Abortamento completo
Ocorre quando há a expulsão completa do feto e dos anexos embrionários (placenta e saco vitelino). No entanto, ao final do processo, podem ser observados coágulos dentro da cavidade do útero. Eles são uma evidência indireta de sangramento, que é uma das complicações mais frequentes depois de abortamentos.
Então, uma das condutas possíveis é acompanhamento desse sangramento pela ultrassonografia. Caso não haja solução, pode ser necessária a prescrição de medicamentos para estimular a contração uterina (uterotônicos), da aspiração manual intrauterina ou da curetagem. Quando as duas primeiras terapias não estão disponíveis ou não apresentam o resultado desejado, a curetagem é realizada, sendo, pois, considerada conduta de exceção nos casos de abortamento completo.
Abortamento retido
Nesses casos, houve a morte do embrião, que geralmente é avaliada pela ausência de seus batimentos cardíacos, entretanto o produto conceptual não foi expelido. Quando não há dilatação do colo uterino (cervical), faz-se necessário dilatá-lo para que o conteúdo seja retirado.
A curetagem está indicada nos seguintes casos:
Em situações de sangramento intenso ou instabilidade da paciente, a curetagem é um procedimento de emergência feito no ambiente hospitalar. Pela sua ampla aplicação e por ser um método utilizado há várias décadas, as estatísticas do Ministério da Saúde mostram que a curetagem é o terceiro procedimento terapêutico mais realizado no contexto obstétrico.
Abortamento eletivo
São os abortamentos por intervenção médica fora do ambiente de urgência e emergência. Somente podem ser feitos dentro dos casos permitidos por lei e pelas decisões dos tribunais superiores.
Portanto, a curetagem é um procedimento muito importante para os ginecologistas/obstetras. Ela pode ter finalidade diagnóstica, principalmente na ginecologia, sendo utilizada para substituir ou complementar a histeroscopia ambulatorial. Na obstetrícia, é uma terapia muito importante para o tratamento de alguns casos de abortamento, sendo o terceiro procedimento invasivo mais realizado na especialidade.
Ficou com alguma dúvida a respeito da curetagem? Então, pergunte para a gente nos comentários!