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Quem tem mioma pode engravidar?

Quem tem mioma pode engravidar?

Dr. Luiz Flávio

A resposta é sim, mas a questão é um pouco mais complexa! Nos consultórios de ginecologia, muitas mulheres perguntam se quem tem mioma pode engravidar. Já falamos muito sobre outra condição que compromete a fertilidade, a endometriose. 

Afinal, é a causa mais frequente de infertilidade nas mulheres, presente em 30% a 50% das pacientes com essa queixa. Por sua vez, a miomatose, em menor frequência, também pode causar essa complicação.

Por isso, é importante diferenciar as duas condições. A endometriose impacta a fertilidade independentemente da sua localização e intensidade. Já os miomas somente reduzem as chances de gestação em algumas situações, especialmente quando afetam a funcionalidade do endométrio. 

Em comum, a possibilidade de sucesso da gravidez aumenta quando as lesões são retiradas pela cirurgia minimamente invasiva, em indicações específicas. 

Quer entender melhor? Acompanhe o texto até o final!

O que são os miomas uterinos?

O útero é um órgão oco com uma cavidade circundada por três camadas:

  • endométrio: formado por células epiteliais endometriais com função de revestir internamente a cavidade do útero. É no endométrio que um futuro embrião se instala para desenvolver no corpo da mulher. As doenças mais frequentes relacionadas ao endométrio são a endometriose (implante do tecido em outra parte do corpo), a adenomiose (o endométrio invade o miométrio), os pólipos (proliferações bem localizadas de partes do endométrio) e a hiperplasia (proliferação generalizada do endométrio);
  • miométrio: constituído de diversas camadas de células musculares, responsáveis pelos movimentos do útero. Isso auxilia em processos do ciclo menstrual, da fertilização, da gestação e do parto. A principal condição que surge no miométrio são os miomas, tumores benignos. Cerca de 25% das mulheres são diagnosticadas com eles, apesar de muitos casos serem assintomáticos;
  • perimétrio: reveste externamente o útero, protegendo-o contra agressões mecânicas, como o atrito com outros órgãos. Em situações raríssimas, surgem doenças a partir dessa camada. No entanto, os miomas podem crescer o suficiente para atingi-la.

Miomas são proliferações excessivas de um único tipo de célula, o músculo liso do útero. Dizemos que é um tumor benigno, pois não invade outros órgãos nem causa metástases. Na maior parte dos casos, não apresenta nenhum sintoma ou apenas manifestações leves. Contudo, pode causar sintomas mais sérios, entre eles a infertilidade.

Como os miomas se desenvolvem?

Como a endometriose e os pólipos, miomas são hormônio-dependentes. Ou seja, seu surgimento e crescimento dependem do estradiol, principal tipo de estrogênio da idade reprodutiva. Apesar de desempenhar funções importantes no corpo da mulher, ele aumenta o risco de mutações genéticas que levam a diferentes tipos de tumores benignos e malignos.

Por isso, alguns dos fatores de risco estão ligados a uma maior exposição ao estrogênio:

  • menarca precoce (antes dos 11 anos), na qual ocorre uma exposição prematura ao estradiol, a forma mais potente do estrogênio;
  • nunca ter tido gestações, um período no qual a produção de estradiol cai bastante;
  • diagnóstico anterior de outras doenças estrogênio-dependentes, como a endometriose, os pólipos e a hiperplasia endometriais.

Outros fatores de risco estão associados à genética e aos hábitos de vida, como:

  • história familiar: mães, filhas ou irmãs diagnosticadas com miomas;
  • raça: mulheres negras apresentam maior risco de desenvolvimento da doença em todas as faixas etárias. Também estão mais propensas a múltiplos miomas e formas mais graves;
  • hábitos de vida: consumo de álcool e cafeína;
  • idade: nas mulheres brancas, o crescimento de miomas é mais acelerado antes dos 35 anos.

Quais os tipos de mioma e qual o impacto deles na fertilidade?

A classificação mais simples para os miomas considera sua localização predominante:

  • submucosos: projetam-se para o interior da cavidade endometrial;
  • intramurais: se apresentam principalmente dentro do miométrio, a “parede” do útero;
  • subserosos: se originam no miométrio logo abaixo do perimétrio e crescem em direção a essa camada.

Estão relacionados à fertilidade: apenas os miomas submucosos e os intramurais que distorcem a superfície endometrial. A classificação da FIGO (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia) dos miomas descreve com mais detalhes este acometimento:

  • 0: totalmente intracavitário;
  • 1: submucoso com menos de 50% do seu volume no miométrio;
  • 2: submucoso com mais de 50% do volume no miométrio;
  • 3: intramural em contato com o endométrio;
  • 4: intramural;
  • 5: subseroso com mais de 50% do seu volume intramural;
  • 6: subseroso com mais menos de 50% do volume intramural;
  • 7: subseroso pediculado.

O risco de infertilidade é decrescente nessa classificação: normalmente, apenas os tipos de 0 a 3 apresentam algum impacto nas chances de sucesso de uma gestação.

Qual o tratamento para a infertilidade causada por miomas?

O diagnóstico dos miomas geralmente é feito por ultrassonografia transvaginal, mas outros exames podem auxiliar:

  • ressonância magnética;
  • histerossalpingografia;
  • histeroscopia diagnóstica.

Nas mulheres em idade fértil os miomas são retirados quando os sintomas impactam a sua qualidade de vida:

  • dor intensa e crônica;
  • sangramento significativo e anemia;
  • infertilidade.

Nos dois primeiros sintomas, pode haver a retirada de todo o útero (histerectomia) ou apenas do mioma (miomectomia). Para a infertilidade, pode ser feita a miomectomia para os tipos 0 a 3. Por esse motivo, dizemos que a condução dos casos de mioma é individualizada para cada paciente. Desse modo, evitamos intervenções desnecessárias e proporcionamos o melhor tratamento possível diante dos seus objetivos.

Quer saber mais sobre os miomas e seu acompanhamento no consultório de ginecologia? Confira este texto!

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