Dr. Luiz Flávio
Sangramento uterino anormal é um termo muito amplo, que pode se referir a situações ginecológicas, como:
As adolescentes apresentam uma maior variabilidade e irregularidade dos seus ciclos. Considera-se que estão alterados quando apresentam periodicidade menor do que a cada 21 dias ou maior do que a cada 45 dias.
Nos últimos anos, há uma tendência de usar menos o termo sangramento uterino anormal, preferindo o uso de descrições mais específicas.
Quer entender melhor as causas e o diagnóstico de sangramento uterino anormal? Confira este texto até o final!
Investigação clínica do sangramento uterino anormal
Em virtude das diferentes causas da condição, não há uma conduta diagnóstica padronizada. Por isso, o primeiro passo é a entrevista clínica (anamnese), na qual a paciente é questionada sobre:
Depois disso, é feito o exame físico geral e ginecológico, que inclui a palpação da região abdominal, a inspeção especular e o toque bimanual. A partir dos achados de toda a avaliação clínica, são requisitados exames.
Pode ser difícil para o médico diferenciar a SUA do sangramento do colo do útero quando não encontra nenhuma alteração no exame físico. Caso não haja um preventivo do colo uterino realizado recentemente, será importante realizá-lo para a investigação, assim como testes diagnósticos das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) clamídia e gonorreia.
Avaliação complementar inicial do sangramento uterino anormal
Na idade reprodutiva, o teste qualitativo ou quantitativo da gonadotropina coriônica humana (hCG) é feito para identificar/excluir gestações. Afinal, essa é uma das principais causas de alterações nas características do fluxo menstrual. Depois de 1 a 4 semanas de atraso (4ª a 8ª semana de gestação), algumas mulheres podem notar um pequeno sangramento, o que é comum.
Também é comum a indicação de um hemograma completo, que faz a contagem das células do sangue. A partir disso, pode-se verificar a presença de anemia, uma consequência comum em mulheres com SUA devido a perda de hemácias (glóbulos vermelhos).
Já a contagem de glóbulos brancos ajuda a identificar a presença de potenciais infecções que causam SUA, como a endometrite na doença inflamatória pélvica. Além disso, a contagem de plaquetas, que também é feita durante o exame, pode auxiliar a identificar causas de SUA relacionadas a problemas da coagulação.
Pela alta frequência de alterações estruturais, a ultrassonografia pélvica também é um exame muito comum em uma abordagem diagnóstica mais geral.
Investigação específica das causas do sangramento uterino anormal
Exames específicos para distúrbios da coagulação
De 15% a 24% das pacientes, principalmente adolescentes, com sangramentos intensos podem ter algum tipo de distúrbios da coagulação. Nesses casos e em pacientes com história de sangramento uterino anormal desde os primeiros ciclos, uma avaliação da quantidade e da funcionalidade dos fatores de coagulação também pode ser necessária.
Exames específicos para suspeita de causas endócrinas
Esses exames endócrinos também podem ser requisitados quando a SUA está relacionada à queixa de infertilidade.
Investigação do sangramento uterino anormal no perimenopausa ou na menopausa
Após os 45 anos, a incidência de doenças estruturais dos órgãos do sistema reprodutor feminino aumenta substancialmente. Nesse sentido, uma investigação adicional é necessária para afastar alterações malignas (câncer) quando o sangramento ocorre após mais de um ano sem menstruação (menopausa).
No perimenopausa, o sangramento também é um sintoma que merece atenção para a avaliação de doenças estruturais, especialmente quando:
Nesses casos, a ultrassonografia também deve ser solicitada, pois é o principal método de investigação. Caso os resultados sejam inconclusivos, pode-se solicitar a histeroscopia, com ou sem biópsia do endométrio.
Causas do sangramento uterino anormal
Em resumo, as causas do SUA podem ser classificadas em distúrbios não-estruturais:
Já as causas estruturais são:
As causas estruturais são muito frequentes, mas felizmente a maioria dos casos são benignos.
Diante de tudo que falamos, você deve ter percebido o quão importante é o acompanhamento de rotina e a avaliação de novos sintomas por um ginecologista. Por mais simples que um sintoma pareça, ele pode ser a manifestação inicial de uma doença mais grave. O diagnóstico precoce das causas de sangramento uterino anormal geralmente leva a melhores chances de um bom prognóstico.
Quer entender melhor sobre o sangramento uterino anormal e seu acompanhamento no consultório ginecológico? Toque aqui!