por Dr. Luíz Flávio Cordeiro
O sangramento uterino anormal (SUA) ou sangramento genital anormal é uma condição que pode afetar a mulher do ponto de vista físico (inclusive sexual), emocional e social. Dependendo da gravidade do sangramento, a mulher pode ser hospitalizada para receber cuidados especiais – inclusive reposição de sangue e de outras substâncias fundamentais – ou se submeter a procedimento cirúrgico para tratamento, embora a maior parte dos casos não atinja esse estágio. Em casos extremos, pode ser necessária a histerectomia, procedimento radical para a retirada do útero.
O sangramento pode ser agudo ou crônico, diminuir a qualidade de vida da mulher e demandar uma mudança de hábitos de vida em decorrência das consequências que causa, como anemia ferropriva.
Geralmente, se trata de um sangramento com origem na cavidade uterina em mulheres que não estão grávidas caracterizado por anormalidades em sua: regularidade, volume, frequência ou duração. A maior prevalência é de sangramentos com baixa intensidade.
Esse tipo de sangramento é diferente da menstruação e ocorre de forma mais abundante. É importante procurar um médico imediatamente ao notar o sangramento para evitar complicações, investigar as causas do problema e receber tratamento adequado.
O SUA pode ter causas estruturais, decorrentes de lesões anatômicas do útero, ou não estruturais.
As causas estruturais abrangem:
As causas não estruturais podem ser:
Em virtude das diferentes possibilidades etiológicas da condição, não há uma conduta diagnóstica padronizada. O diagnóstico é feito com base na descrição dos sintomas e em exames específicos, como a ultrassonografia transvaginal. No entanto, outros exames podem ser solicitados.
A investigação das causas do SUA deve ser detalhada, pois o diagnóstico deve ser preciso para que o tratamento seja efetivo.
O primeiro passo é a avaliação clínica, que oferece espaço à paciente para o relato dos sintomas, das dificuldades relacionadas à condição e da história familiar. Com isso, é possível avaliar o impacto do sangramento na qualidade de vida da paciente, assim como as consequências físicas que provoca. Essas alterações provocam mudanças no cotidiano da mulher, principalmente se a mulher deseja engravidar. Ainda na avaliação clínica, é feito o exame físico: palpação da região abdominal, especular e toque bimanual.
O próximo passo é solicitar exames específicos, de acordo com a história e exame clínicos da paciente. Se houver histórico de sangramento menstrual anormal desde a primeira menstruação ou histórico familiar, geralmente solicitam-se testes de coagulação.
Também podem ser pedidos exames de dosagens hormonais para verificar os níveis de hormônios da tireoide, principalmente se houver a possibilidade de doença tireoidiana.
Se a paciente tiver mais de 45 anos e apresentar dor pélvica e sangramento entre menstruação ou depois das relações sexuais, a suspeita que deve ser descartada é a de causas estruturais, incluindo câncer.
A ultrassonografia também deve ser solicitada, pois é o principal método de investigação de alterações estruturais. Caso os resultados sejam inconclusivos, pode-se solicitar a histeroscopia, com ou sem biópsia do endométrio.
O principal objetivo do tratamento do SUA é reduzir os impactos da condição no cotidiano da mulher, principalmente o sangramento, para que ela tenha uma melhora na qualidade de vida e retome normalmente as suas atividades diárias.
O tratamento é individualizado e depende da gravidade do SUA. O tratamento clínico é indicado nos casos em que não há alterações graves.
Se a condição for crônica, é importante saber se a mulher tem o desejo de engravidar. Em situações em que a mulher procura auxílio médico em virtude da dificuldade de engravidar, o tratamento deve ser feito com medicamentos que não tenham hormônios em sua composição. No entanto, isso também depende da gravidade do quadro. Se houver outras condições associadas, o tratamento deve abrangê-las, como alterações na tireoide.
Os tratamentos hormonais podem regular o ciclo menstrual e reduzir significativamente o fluxo menstrual.
Em casos extremos, é necessária a intervenção cirúrgica minimamente invasiva, dependendo das causas:
O SUA é uma condição complexa que requer investigação e tratamento imediatos, pois há riscos de graves complicações, como anemia, infertilidade e câncer.