por Dr. Luíz Flávio Cordeiro
O útero é um dos principais órgãos do sistema reprodutor feminino, responsável por receber e sustentar o embrião e o feto durante a gestação. Distúrbios uterinos podem provocar diversos sintomas e, em casos mais graves, impossibilitar a gravidez.
O útero é composto por três camadas: endométrio, camada interna do útero; miométrio, camada muscular intermediária; e perimétrio, camada mais externa do órgão.
As sinéquias uterinas ou síndrome de Asherman são aderências que se formam no interior do útero, ou seja, na cavidade endometrial, e têm formato semelhante ao de “pontes”, podendo prejudicar as funções do órgão.
Essas estruturas são constituídas de tecido cicatricial e ligam paredes uterinas opostas, reduzindo o espaço interno. Elas podem afetar tanto o endométrio quanto o miométrio.
Dependendo da gravidade da doença, que pode ser classificada como mínima, moderada e grave, é necessária cirurgia para remoção desse tecido sobressalente. As sinéquias uterinas mínimas apresentam aderências constituídas de tecido endometrial e afetam parcial ou totalmente a cavidade uterina. As sinéquias uterinas moderadas apresentam aderências constituídas de tecido fibromuscular e geralmente são espessas, podendo, da mesma forma, comprometer parcial ou totalmente a cavidade uterina. Já as sinéquias uterinas graves são constituídas de tecido conectivo denso e podendo obstruir o útero.
Cada paciente deve ser avaliada de modo criterioso e detalhado. A doença pode se manifestar de diversas formas e o tratamento é individualizado.
As sinéquias uterinas podem ser compreendidas como cicatrizes que se formam em decorrência de intervenções uterinas que afetam o endométrio.
As causas mais comuns de sinéquias uterinas são:
As intervenções ou doenças uterinas podem provocar feridas no endométrio que cicatrizam e dão origem às sinéquias.
Os sintomas se manifestam de acordo com a localização e gravidade da doença. As sinéquias podem ser assintomáticas ou serem responsáveis por sintomas, como:
Todos esses sintomas devem ser investigados. Há outras condições que provocam sintomas semelhantes, portanto o diagnóstico é feito por exclusão e individualizado.
O diagnóstico é baseado na anamnese e no resultado de exames específicos que investigam detalhadamente a cavidade uterina.
É importante o mapeamento das aderências para a realização de uma possível futura intervenção cirúrgica para sua remoção.
Os exames solicitados são:
Existem casos de maior e de menor complexidade, conforme a localização e a extensão das sinéquias.
O tratamento deve ser feito, quando possível, por via histeroscópica, de forma ambulatorial ou hospitalar. Nos casos de menor complexidade, com altos índices de cura e eliminação dos sintomas, ou, nos casos mais complexos, em hospital, com a utilização de centro cirúrgico.
Dependendo do caso, o tratamento pode envolver a implantação de dispositivo intrauterino (DIU) e terapia hormonal com estrogênios para a prevenção de recidiva, sendo esse um assunto controverso.
Durante o procedimento é importante examinar as condições do útero para uma possível gravidez. Em alguns casos, o endométrio sofre danos irreversíveis e a gravidez se torna inviável.
Se identificar algum sintoma relacionado a sinéquias uterinas, procure um ginecologista com experiência para investigar, diagnosticar e tratar a doença.