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SOP: critérios diagnósticos

SOP: critérios diagnósticos

Dr. Luiz Flávio

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma doença muito prevalente entre as mulheres, assim como endometriose e miomas, podendo estar associada a sintomas comuns, como a dificuldade para engravidar e o sangramento uterino anormal. Por ser uma doença com mecanismos e manifestações complexas, são feitos muitos estudos e diretrizes clínicas para auxiliar o raciocínio dos ginecologistas. 

A primeira definição clínica da SOP, surgiu em 1990, tendo sido elaborada pelo National Institutes of Health dos Estados Unidos: “síndrome que se desenvolve em consequência de um quadro de anovulação crônica hiperandrogênica, com disfunção menstrual e excesso de hormônios androgênicos”.

A medicina, sabe-se, está em constante evolução. Então, em 2003, diversos pesquisadores e profissionais especializados na SOP se reuniram em um congresso para elaborar o Consenso de Rotterdam. Esse documento buscou padronizar a definição da SOP, estabelecendo critérios que são utilizados até hoje. 

Quer saber mais? Acompanhe o texto até o final!

Critérios diagnósticos da Síndrome dos ovários policísticos

No Consenso de Rotterdam, a SOP foi caracterizada como um distúrbio de produção de androgênios pelos ovários, especialmente a testosterona. Com isso, estabeleceu-se que a mulher deve apresentar um quadro clínico com 2 dos 3 critérios a seguir:

  • oligomenorreia, amenorreia e/ou anovulação;
  • sinais clínicos e/ou bioquímicos de hiperandrogenismo;
  • ovários policísticos.

Além disso, é essencial que tenham sido excluídas outras doenças que justifiquem sinais e sintomas semelhantes, como:

  • hiperplasia congênita adrenal;
  • tumores secretores de androgênios;
  • síndrome de Cushing, entre outras.

Essas condições podem ser mais graves ou demandar tratamentos mais específicos. Assim, a cautela em investigá-las é sempre necessária antes de firmar o diagnóstico de SOP.

Por esse motivo, a paciente com suspeita de SOP passa por uma rotina com a realização de diversos testes laboratoriais e de imagem. 

A avaliação da SOP no consultório do ginecologista

O diagnóstico de qualquer doença começa sempre com a avaliação clínica do médico. Os exames laboratoriais e de imagem são complementos requisitados para auxiliar no raciocínio clínico. A consulta inicia com uma anamnese completa em que se investiga extensamente alguns pontos, como:

  • história da queixa atual: características dos sintomas, como início, frequência e relação com o ciclo menstrual;
  • histórico de saúde geral: doenças sistêmicas crônicas, uso de medicações e outras informações importantes. Por exemplo, a SOP está frequentemente associada com disfunções do controle glicêmico (nível de glicose no sangue) devido ao aumento da resistência à insulina;
  • história ginecológica e obstétrica: características do ciclo menstrual, histórico reprodutivo, doenças prévias, entre outras;
  • hábitos de vida: alimentação, frequência de prática de exercícios físicos, sono e consumo de substâncias maléficas para o organismo, como o álcool e o tabaco.

Além disso, acolhemos a paciente para entender o impacto que a doença tem em sua vida, saber seus planos, seu desejo reprodutivo e outras informações importantes. Depois disso, formulamos um plano clínico para investigação e tratamento das condições encontradas.

A investigação complementar da SOP

A ultrassonografia pélvica tradicional e/ou transvaginal é o exame de imagem mais solicitado na síndrome dos ovários policísticos. Nela, são visualizados múltiplos pequenos cistos que se acumulam devido ao mecanismo anovulatório da doença.

Em relação aos testes laboratoriais, a avaliação do perfil hormonal também é muito importante. Os mais requisitados são:

  • FSH, LH e prolactina, produzidos pela hipófise;
  • T4 livre e TSH, produzidos pela tireoide;
  • hormônios androgênicos, como testosterona.

Isso é essencial, pois permite o diagnóstico diferencial em relação a outras condições que causam oligomenorreia ou amenorreia, anovulação e/ou hiperandrogenismo. Para avaliar a coexistência de distúrbios glicêmicos associados ao quadro, requisitamos também o teste oral de tolerância à glicose. 

Sintomas mais comuns e evidentes da SOP

A SOP pode apresentar um quadro clínico muito diverso. Por esse motivo, inicialmente, foca-se naqueles sintomas relacionados aos critérios diagnósticos de Rotterdam. Eles são:

Sinais de hiperandrogenismo

A produção elevada de hormônios sexuais masculinos faz com que as pacientes apresentem algumas características físicas, como:

  • hirsutismo: crescimento de pelos com características e padrões masculinos. Eles são mais grossos e tendem a crescer mais intensamente na face, no tórax, no abdômen, nas costas e nos braços;
  • alterações na voz, que pode se tornar levemente mais grave;
  • queda de cabelo em padrão masculino (alopecia androgênica);
  • aumento da oleosidade da pele e acne. 

Disfunção menstrual

Pode ser caracterizada pela oligomenorreia, prolongamento do período intermenstrual (intervalo entre os ciclos), redução dos dias de sangramento ou ausência intermitente dos ciclos.

Ovários policísticos

Apesar de darem o nome à doença, eles podem não estar presentes. Ao ultrassom, a contagem dos cistos é muito importante, pois a identificação de uma pequena quantidade de cistos, geralmente funcionais, não implica a presença da doença.

Portanto, após excluídas outras causas e ter sido identificado que a paciente preenche os critérios clínicos, laboratoriais e/ou de imagem, o tratamento da SOP tem início. A cura pode estar relacionada a mudanças no hábito de vida, entretanto as terapias têm o objetivo de melhorar as queixas da paciente, como hirsutismo, alteração do padrão menstrual e infertilidade por anovulação.

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