Dr. Luiz Flávio
A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das doenças ginecológicas crônicas mais prevalentes na mulher, atingindo até 8% da população feminina. Alguns estudos mostram que esse número pode ser ainda maior, chegando a até 15%. A anovulação, ausência de ovulação, é uma das principais manifestações da SOP, fazendo dessa doença a principal responsável por infertilidade de causa ovariana.
Pode estar relacionada a diversas queixas comuns nos consultórios ginecológicos, como irregularidade menstrual e infertilidade. O mecanismo da SOP é bastante complexo, envolvendo diversas interações hormonais.
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O que é SOP e quais suas consequências?
A SOP é classificada como uma endocrinopatia ginecológica, isto é, um distúrbio hormonal relacionado ao sistema reprodutor feminino. Estima-se que ela afete cerca de 6,5% a 8% da população feminina, sendo um dos diagnósticos mais prevalentes em mulheres com queixas de:
Por muito tempo, o excesso de produção de hormônios masculinos (androgênios), como a testosterona, era considerado a principal explicação para o desenvolvimento da doença. Contudo, nos últimos anos, descobriu-se que a SOP é mais complexa, envolvendo também distúrbios da regulação da insulina e das gonadotrofinas.
Muitas pacientes com SOP apresentam também sobrepeso, obesidade e alteração no metabolismo da glicose. Investigando essa característica da doença, os pesquisadores notaram que a SOP está relacionada a uma maior resistência das células à ação da insulina. O excesso de açúcar no sangue faz com que as células de tecido adiposo convertam esse nutriente em gordura, levando ao ganho de peso.
O excesso de tecido adiposo e os altos níveis de insulina provocam um estado inflamatório sistêmico, agravando também a regulação dos hormônios sexuais. Consequentemente, o risco de anovulação pode aumentar. A perda de peso e o controle da glicemia podem auxiliar na anovulação por SOP, aumentando também o prognóstico de fertilidade da paciente.
Sintomas da SOP e diagnóstico?
Os principais sintomas e sinais da SOP, descritos anteriormente, são essenciais para o diagnóstico da doença. Atualmente, os médicos utilizam principalmente os critérios do Consenso de Rotterdam para diagnosticá-la. Foi definido que o diagnóstico demanda que a paciente preencha, no mínimo, dois dos seguintes critérios:
Além disso, para que a doença seja diagnosticada, é preciso que sejam excluídas outras condições que possam explicar os sintomas.
Como visto, uma paciente pode apresentar três ou dois sintomas. Nessa última situação, qualquer um dos três sintomas pode estar ausente. Por isso, os estudos mostram que existem quatro grupos de manifestações (fenótipos) da síndrome dos ovários policísticos:
O que é anovulação?
Nas mulheres, as células sexuais ficam envoltas por estruturas chamadas de folículos, armazenadas nos ovários. Por isso, não estão continuamente disponíveis para a fertilização. O processo de estímulo, liberação e involução dos folículos é conhecido como ciclo menstrual.
O evento inicial desse período é o primeiro dia de menstruação, uma evidência de que o ciclo anterior não resultou em gestação. Depois dele, alguns folículos são recrutados novamente e começam a se desenvolver para, em alguns dias, liberar um óvulo para eventual fertilização. A ovulação é o evento central do período menstrual.
Após a ovulação, o remanescente do folículo se torna uma estrutura chamada de corpo lúteo, que produz grandes quantidades de progesterona e de outros hormônios por até 14 dias. A progesterona estimula o amadurecimento do endométrio feminino, preparando-o para uma possível gestação.
A anovulação é a ausência de liberação de um óvulo durante o processo, podendo ocorrer devido a um defeito no desenvolvimento dos folículos ou falha na eclosão. Com isso, a paciente passa a apresentar disfunções menstruais, caracterizadas principalmente pela irregularidade ou ausência de menstruação.
Por que a SOP pode causar anovulação?
Um dos fatores que levam à anovulação é a alteração do microambiente hormonal ovariano. Isso leva ao comprometimento do desenvolvimento folicular. Nas pacientes com esta condição, geralmente se encontra um número elevado de folículos em estágios intermediários (pré-antrais).
As disfunções nos níveis do hormônio luteinizante (LH), responsável pela maturação final do folículo e o estímulo da sua liberação, também estão associadas com a anovulação. Mesmo folículos que chegam ao estágio antral podem não liberar seus óvulos. Com esses mecanismos multifatoriais, o tratamento da anovulação na SOP pode ser bastante desafiador.
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