Dr. Luiz Flávio
O útero é um dos principais órgãos do sistema reprodutor feminino. É dentro desse órgão que o feto se desenvolve durante o processo de gestação. Esse órgão, portanto, tem papel importante na gravidez. Quando acometido por problemas, pode ser necessária a realização da histerectomia, decisão feita após diagnóstico específico e esgotadas as possibilidades de manejos conservadores.
É fundamental saber quais problemas podem ocorrer no útero, quais são as formas de tratá-los e quando pode ser necessária a remoção de todo o órgão ou de parte dele.
Leia o texto para entender melhor quando a histerectomia pode ser realizada. Embora ela seja evitada, às vezes, é necessária.
Após a cesariana, a histerectomia é a cirurgia ginecológica mais frequentemente realizada nos países desenvolvidos em mulheres que estejam em idade reprodutiva. Ela é a cirurgia de retirada de parte ou de todo o útero.
Existem tipos diferentes de histerectomia, bem como diferentes vias de abordagem cirúrgica. A escolha de qual tipo de cirurgia deve ser realizado depende da indicação do médico e da preferência da paciente.
A histerectomia é um tipo de cirurgia ginecológica indicada apenas em casos extremos, quando outros tratamentos não cirúrgicos tiveram pouco ou nenhum resultado, e que consiste na retirada parcial ou total do útero: enquanto na subtotal o útero é retirado, mas o colo do útero é preservado; na total, toda a estrutura uterina, incluindo o colo do útero, são retirados.
Entre as doenças que podem levar à decisão pela retirada do útero estão prolapso uterino, hemorragia uterina grave (que não apresente melhora com tratamento medicamentoso), alguns casos de placenta acreta, que é quando ela adere à parede uterina, adenomiose, miomas, infecções pélvicas graves e tumores, como câncer de colo de útero, nos ovários, endométrio e miométrio.
Atualmente, sempre que se realiza a histerectomia, realiza-se também a salpingectomia (retirada das tubas uterinas), considerada uma cirurgia de oportunidade, uma vez que, sem o útero, as tubas perdem sua função, apenas podendo ser potenciais fatores carcinogênicos.
Essa cirurgia também pode ser indicada em casos de transição de gênero, sendo essa a única indicação não precedida de doença e que subentende uma escolha individual e livre.
A histerectomia pode ser feita de três formas distintas, sendo por via abdominal, através de uma incisão no abdômen, o que demanda uma internação de cerca de 3 a 5 dias e tem recuperação média de 40 dias, por videolaparoscopia ou via vaginal. As duas últimas formas são menos invasivas.
Ambas são feitas por meio de pequenos cortes no abdômen ou no canal vaginal, tendo internação de 1 a 2 dias e recuperação de 10 a 15 dias. As duas últimas são as formas mais recomendadas, por serem menos invasivas e terem um pós-operatório mais curto e menos doloroso.
Preparar-se física e psicologicamente para qualquer cirurgia é fundamental e, nesse caso, o principal conselho é compreender a doença de origem e quais são os procedimentos que envolvem a intervenção cirúrgica, confiar na equipe médica que está cuidando do caso e conhecer os processos do pós-operatório – tanto físicos quanto emocionais.
Muitas mulheres também procuram ajuda psicoterapêutica antes e depois da cirurgia, além de buscarem ouvir a experiência de outras mulheres que passaram pelo procedimento, o que pode trazer mais conforto e confiança na cirurgia e na recuperação.
O pós-operatório demanda um período de repouso total que pode variar de 10 a 15 dias até 2 meses, sendo fundamental seguir as recomendações de medicação antibiótica e analgésica, além de manter-se em abstinência sexual.
Nas primeiras semanas da recuperação, é preciso também estar atenta a alguns sinais que indicam complicações pós-cirúrgicas, como febre persistente acima de 38 ºC, vômitos frequentes, fortes dores na região do abdômen que persistem mesmo após a ingestão de remédios para dor.
Outros sinais são a vermelhidão, sangramentos ou presença de pus ou secreção com mau cheiro no local do procedimento e a presença de sangramentos maiores do que os da menstruação normal.
Na presença de quaisquer desses sinais, deve-se avisar a equipe médica que cuidou do procedimento e procurar o pronto-socorro imediatamente, para avaliar se não houve complicações.
Além dos cuidados físicos, aconselha-se, mais uma vez, o acompanhamento psicoterapêutico, já que a histerectomia pode desencadear fortes reações emocionais, ansiedade relacionadas à perda do útero, além do medo da dor e uma considerável diminuição da autoestima.
A maioria das mulheres que passam pela retirada do útero podem, após a recuperação adequada, manter uma vida sexual ativa sem qualquer problema fisiológico, uma vez que nenhuma região passível de estímulo sexual foi retirada.
A histerectomia é uma cirurgia de remoção do útero ou de parte dele, que ocorre apenas quando não há alternativa terapêutica. Para obter mais informações sobre essa cirurgia, leia outro artigo.