Dr. Luiz Flávio
Com o objetivo de padronizar e otimizar os parâmetros de saúde na maternidade e primeira infância, desde 1991, a Organização Mundial de Saúde (OMS), em associação com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), tem empreendido um esforço mundial no sentido de incentivar e proteger a amamentação.
Em concordância com essas resoluções, o Ministério da Saúde do Brasil recomenda uma série de atitudes positivas que garantam o sucesso desses esforços internacionais, como a exclusividade do aleitamento em crianças até os 6 meses de idade, desaconselhando a complementação com quaisquer outros alimentos nessa fase, a menos que indicado pelo pediatra em situações específicas.
A partir dos 6 meses de idade, todas as crianças devem receber alimentos complementares (sopas, papas etc.), mas o melhor é que sejam concomitantes com o aleitamento materno, pois o ideal é que as crianças continuem a ser amamentadas pelo menos até completarem os 2 anos de idade.
As diretrizes internacionais mostram também como é possível incentivar essa prática cotidianamente, da forma mais correta: o ideal é que as mães iniciem a amamentação na primeira meia hora após o parto e sejam orientadas pela equipe de saúde sobre como amamentar e como manter a lactação, mesmo que tenham de ser separadas de seus filhos, por motivo de trabalho, por exemplo.
Este é um assunto muito importante. Saiba mais dos benefícios da amamentação para as mulheres!
Com o nascimento da criança e a expulsão da placenta, há uma queda acentuada nos níveis sanguíneos maternos de progestagênio, com consequente liberação de prolactina iniciando a fase de secreção do leite. A liberação do leite, no entanto, é mediada pela liberação de ocitocina, que acontece principalmente com a sucção das mamas pelo bebê.
Apesar de a sucção do bebê ser um ato voluntário e inconsciente, ele precisa aprender a retirar o leite do peito de forma eficiente, o que só acontece quando se forma uma pega perfeita entre a boca do bebê e a mama, garantindo o vácuo fundamental para a extração do leite.
A maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona é muito importante para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama, garantindo inclusive que isso não machuque os mamilos.
Posições inadequadas da mãe e/ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê no mamilo e aréola, gerando obstáculos para o esvaziamento da mama, o que leva não somente a uma diminuição da produção do leite e, consequentemente, da nutrição do bebê, mas também ao endurecimento e dor nas mamas, podendo até adiantar o fim de sua produção.
Algumas diretrizes, também da OMS, podem ser tomadas para facilitar o processo de amamentação, como o uso de roupas confortáveis pela mãe, um posicionamento igualmente confortável em que a mãe esteja relaxada, bem apoiada, não curvada para trás nem para a frente, com aconselhável apoio para os pés acima do nível do chão, diminuindo o esforço da mãe em manter o corpo do bebê próximo ao seu.
A cabeça do bebê deve estar no mesmo nível da mama, com o nariz na altura do mamilo e a mãe deve esperar que o bebê abra bem a boca e abaixe a língua antes de colocá-lo no peito. Nesse momento, o bebê deve manter a boca bem aberta colada na mama, sem apertar os lábios, mantendo-se fixado sem escorregar ou largar o mamilo e a deglutição deve ser visível e/ou audível.
Além do alívio do peso das mamas durante o período de aleitamento, a mulher que amamenta é beneficiada de diversas outras formas.
Uma delas é a prevenção contra o próprio câncer de mama. Estudos mostram que o aleitamento materno pode ser responsável por uma redução da incidência dessa doença.
A amamentação, uma vez que é mediada pela ocitocina, tem papel fundamental no controle do sangramento pós-parto. Ademais, fortalece ainda mais o vínculo entre mãe e filho. Soma-se a isso o fato de a ovulação ser inibida durante este processo, funcionando como uma medida anticoncepcional.
O aleitamento materno também representa um custo menor para a família, que não precisará dispender com mamadeiras ou substitutos alimentares neste período.
Mais conhecidos pela população em geral, os benefícios da amamentação para a criança e para a família como um todo são muitos. Entre eles podemos ressaltar que ela evita mortes infantis, graças à diversidade de substâncias existentes no leite materno que protegem o bebê e a criança contra infecções.
O aleitamento materno também diminui o risco de futuras alergias alimentares, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, previne doenças respiratórias.
Além das motivações biológicas e relacionas à saúde, o período de aleitamento reforça os laços afetivos entre a mãe e a criança e, consequentemente, melhora diversos aspectos da vida familiar como um todo.
As crianças que mamam apresentam melhor desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, adoecem menos e, num contexto geral, garantem que a convivência familiar possa ser harmônica, com menos preocupações.
A amamentação pode se estender, e é fundamental para o desenvolvimento da criança, além de apresentar benefícios para a mãe. Leia mais informações sobre a amamentação.