Dr. Luiz Flávio
Atualmente, homens e mulheres podem contar com diversas formas de contracepção, que atuam a partir de barreiras físicas, como as camisinhas masculina e feminina, ou hormonais, como os anticoncepcionais combinados, progestágenos, e o DIU, o dispositivo intrauterino.
Os dispositivos intrauterinos (DIUs), tanto o de cobre e o de prata quanto os com Levonorgestrel (Mirena ou Kyleena), são os métodos contraceptivos reversíveis de longa duração com menos efeitos colaterais e com as menores taxas de falha, sendo o hormonal mais eficiente que o de cobre: sua capacidade contraceptiva pode ser comparada às taxas da laqueadura.
A busca pelo DIU, mesmo aumentando nos últimos anos, ainda é baixa. Segundo o Ministério da Saúde, somente 3% das mulheres em idade fértil no Brasil usam o DIU de cobre, fornecido pelo SUS, e ainda não é possível mensurar as usuárias de DIU hormonal.
A Organização Mundial da Saúde considera que o dispositivo pode ser indicado para uma imensa variedade de casos, sendo desaconselhado apenas para mulheres com sangramento abundante ou cólicas intensas, miomas grandes e tumores no útero.
Durante décadas o seu uso foi contraindicado para as que nunca tiveram filhos, porém hoje, especialmente o DIU hormonal é considerado a forma mais eficiente e conveniente de contracepção reversível, de longa duração, tanto pela eficiência de seus resultados, quanto pela facilidade: em apenas uma consulta é possível colocar o dispositivo, que não demanda anestesia, internação nem maiores cuidados posteriores.
Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e entenda melhor como é simples a colocação do DIU!
O que é DIU?
O dispositivo intrauterino (DIU) é um pequeno dispositivo em forma de T, colocado no útero da mulher para prevenir a gestação, sendo considerado o método contraceptivo reversível e de longa duração com as melhores taxas de sucesso.
Existem tipos diferentes de dispositivos intrauterinos: o DIU de cobre, o de prata e o hormonal. O primeiro é um modelo mais antigo, único fornecido pelo SUS no Brasil, mas que tem sido internacionalmente desaconselhado por ter mais efeitos colaterais e maiores taxas de falhas que o DIU hormonal.
Diferente dos métodos contraceptivos de barreira, como as camisinhas masculina e feminina, é importante lembrar que a contracepção é a única função do DIU, que não protege a mulher contra DSTs.
Os efeitos adversos podem incluir um aumento do fluxo e da duração da menstruação ou cólicas.
DIU de cobre e DIU hormonal: quando são indicados?
Vamos falar um pouco sobre os dois tipos.
DIU de cobre
O principal mecanismo de ação do DIU de cobre é tornar o útero um local inóspito para os espermatozoides, para que eles não alcancem o óvulo.
Com isso, o DIU impede a ascensão dos espermatozoides sem, no entanto, inibir o processo ovulatório.
Como ele não libera hormônios, é principalmente indicado para mulheres que tenham alguma contraindicação relacionada a seu uso.
DIU hormonal
O DIU hormonal é fisicamente semelhante ao de cobre, porém sem os revestimentos de cobre e com um dispositivo que libera hormônio (Levonorgestrel) aos poucos. O mecanismo de ação transforma também o útero em um lugar hostil aos espermatozoides, impedindo a fecundação.
O componente progestágeno atua inibindo o transporte de espermatozoides pela cérvix uterina. O DIU hormonal tem poucos efeitos colaterais.
Tanto as que nunca tiveram filhos como aquelas que já gestaram podem usar ambos os tipos de DIU, assim como mulheres lactantes, pós-aborto ou o parto – nesse caso aconselha-se que a colocação seja feita cerca de 6 semanas depois, após a regressão do útero a seu volume habitual.
Como é feita a colocação do DIU
É importante lembrar que somente o médico está autorizado a colocar o DIU. Esse cuidado reduz complicações como a perfuração uterina.
Antes da colocação do dispositivo, é necessário conhecer o histórico de saúde da mulher e avaliar a anatomia uterina. Assim, alguns exames devem ser solicitados, como o ultrassom transvaginal.
Também podem ser solicitadas testagens para DSTs (doenças sexualmente transmissíveis) e se deve excluir a possiblidade de gravidez.
O procedimento tem início com uma limpeza simples e indolor do colo do útero, com antissépticos, como prevenção contra possíveis infecções. O segundo passo é a avaliação da posição, tamanho e mobilidade do útero.
A inserção é feita com o auxílio do espéculo, para abrir o canal vaginal, pelo qual é inserido o aplicador que carrega o DIU: o dispositivo é, então, lentamente alojado no fundo uterino.
O procedimento costuma durar cerca de 10 minutos, é bastante simples e rápido, podendo ser realizado no próprio consultório médico. O DIU pode ser colocado em qualquer período do ciclo menstrual, porém, aconselha-se que o procedimento seja realizado durante a menstruação, já que nesse período o colo do útero está levemente entreaberto.
Muitas mulheres relatam a sensação de cólicas após a colocação, semelhantes às menstruais, e esse é um sintoma normal. As dores podem ser controladas com analgésicos e tendem a desaparecer após os primeiros dias.
Não é necessário repouso e a mulher já pode voltar às suas atividades no mesmo dia.
Taxas de sucesso
O sucesso na contracepção depende também de disciplina para o uso da camisinha, para a tomada da pílula ou uso do adesivo ou anel vaginal.
Dessa forma, o DIU é o método anticoncepcional mais eficiente e efetivo disponível para as mulheres atualmente, uma vez que independe de disciplina.
Para termos uma base comparativa, enquanto a taxa de contracepção do DIU hormonal é de 99,9%, a dos anticoncepcionais injetáveis é de 94%, a pílula (oral) chega a 91%, assim como o adesivo e anel vaginal, a camisinha (masculina) tem apenas 82% de proteção e a famosa tabelinha, ou o acompanhamento diário do período fértil, funciona em apenas 76% dos casos.
O DIU hormonal é sem dúvida uma opção simples, efetiva e segura para a mulher sexualmente ativa que não deseja engravidar nesse momento.
A fertilidade é recuperada no momento que o dispositivo é retirado.
Toque aqui e entenda melhor como é feita a colocação do DIU.