Dr. Luiz Flávio
Doença muitas vezes assintomática e de difícil diagnóstico, a endometriose afeta cerca de 15 a 20% da população feminina. Embora seja um problema grave para a saúde feminina e que exige atenção, ela é também um tema rodeado de muitos mitos.
É comum ouvir dizer, por exemplo, que a endometriose é uma doença silenciosa. Na verdade, as mulheres com a doença podem ou não apresentar sintomas e, muitas vezes, os sintomas estão presentes, mas não são percebidos como sinais de uma doença, como cólicas menstruais intensas. Outro mito frequente é o de que mulheres com endometriose não podem engravidar. A infertilidade pode ocorrer na endometriose, porém não é uma regra, dependendo de muitos fatores.
Neste artigo vamos falar sobre os órgãos que podem ser afetados pela endometriose, e quais as consequências da doença em cada caso. Saiba mais a seguir.
A endometriose é uma doença que depende da ação hormonal e que, portanto, só acontece durante a vida reprodutível da mulher. Ela é caracterizada pela existência de focos de tecido semelhante ao endometrial fora do útero.
Essas células se comportam da mesma forma que o endométrio ao longo do ciclo menstrual: elas se tornam mais espessas e descamam caso a mulher não engravide, o que pode causar um processo inflamatório, dores pélvicas, fortes cólicas antes e durante a menstruação, entre outros sintomas.
Não se sabe ao certo o que leva ao desenvolvimento da endometriose, porém a explicação mais comum é a de que, durante a menstruação, algumas células do endométrio que seriam eliminadas pelo corpo feminino como sangramento vaginal fazem o caminho inverso, subindo pelas tubas uterinas e podendo chegar a outros órgãos, em um processo conhecido como menstruação retrógrada. Entretanto, sabe-se que ele, por si só, não é suficiente para o desenvolvimento da doença, fazendo-se necessário outros fatores, como alteração da resposta imunológica.
As células com características endometriais podem se implantar em diferentes órgãos. O mais comum é que esses implantes se desenvolvam no peritônio, região retrocervical e nos ovários, porém a endometriose pode ocorrer também em outros órgãos do corpo feminino. Veja os principais deles a seguir:
Quando a endometriose atinge o somente peritônio (tecido que reveste os órgãos da região abdominal) com lesões superficiais (de até 5 mm), pode não causar sintomas. Quando os implantes são mais profundos, caracteriza-se a endometriose infiltrativa profunda. Nesse estágio, a doença tende a afetar também outros órgãos e acarretar alterações anatômicas, causando dores intensas.
Os implantes de tecido endometrial nessas estruturas podem causar aderências e obstruções, dificultando a passagem do óvulo e o transporte dos espermatozoides. Como consequência, a mulher pode apresentar infertilidade e tem maior risco de gravidez ectópica.
Quando se alojam nos ovários, as células semelhantes às endometriais se desenvolvem na forma de cistos repletos de líquido escuro, chamados de endometriomas. De forma geral, os endometriomas estão ligados também ao peritônio ou à parede externa do útero.
O desenvolvimento dos cistos tende a diminuir a reserva ovariana da mulher, prejudicando a fertilidade.
A endometriose pode acometer um ou dois ovários.
Quando associado a quadros dolorosos, funciona como marcador de presença concomitante de doença profunda infiltrativa em outras regiões.
Lesões de endometriose nessa região, localizada atrás do colo uterino, podem causar cólicas menstruais intensas, dor e desconforto durante as relações sexuais e dores pélvicas.
A endometriose pode atingir também órgãos que não fazem parte do aparelho reprodutivo. Quando afeta o intestino, por exemplo, a doença é capaz de causar cólicas intensas, dor à evacuação e até sangramento nas fezes, sobretudo no período menstrual.
A bexiga é outro órgão que pode ser afetado pela endometriose. Nesse caso, a doença tende a causar dor, ardência ou desconforto durante a micção, sangue na urina e vontade constante de urinar, além de dor na região pélvica, principalmente durante o período menstrual.
O tratamento depende da gravidade da doença, da intensidade os sintomas e do desejo da paciente de engravidar.
Quando a mulher apresenta sintomas leves e não tem a intenção de engravidar, pode ser indicado o tratamento com hormônios, como anticoncepcionais orais, progestágenos, DIU medicado.
Em casos mais graves, existe a possibilidade de tratamento cirúrgico. A remoção de focos de endometriose por laparoscopia é capaz de restaurar a fertilidade da mulher, além de melhorar os sintomas.
Mulheres com a doença e queixa de infertilidade também podem recorrer a técnicas de reprodução assistida, associado ou não a um procedimento cirúrgico.
A endometriose, portanto, é uma doença complexa e difícil de ser diagnosticada, cujos sintomas variam muito de acordo com o local onde as lesões se manifestam. Caso queira saber mais sobre a doença, toque aqui.
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