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Menstruação retrógrada e risco de endometriose

Menstruação retrógrada e risco de endometriose

Dr. Luiz Flávio

Todos os meses durante o ciclo menstrual o endométrio, camada que reveste o útero internamente, estimulado pela ação do estrogênio e da progesterona, se prepara para receber o embrião: é no endométrio que o embrião implanta e fica abrigado até que a placenta seja formada.

Quando a concepção não ocorre, o endométrio descama, originando a menstruação e o início de um novo ciclo. No entanto, a menstruação, da mesma forma que se exterioriza pela vagina, pode “sair” pelas tubas uterinas (retrógrada), o que, associado a outros fatores, aumenta o risco de endometriose.

Para saber mais sobre menstruação retrógada e a sua relação com endometriose continue a leitura deste texto.

O que é menstruação retrógada?

A menstruação retrógrada tem como característica um fluxo menstrual inverso: o sangue menstrual, ao sair do útero, também retorna em direção às tubas uterinas e cavidade pélvica.

Assim, os fragmentos do endométrio (células endometriais), normalmente eliminados pela menstruação, podem aderir às paredes desses órgãos, implantar e resultar em endometriose.

A teoria da menstruação retrógada é, inclusive, uma das mais aceitas para explicar o surgimento da doença, uma vez que todas as causas exatas ainda não são conhecidas. É chamada ‘Teoria da implantação de Sampson’ e foi proposta pelo ginecologista americano John Albertson Sampson no início do século XX.

O que é endometriose?

A endometriose está entre as doenças uterinas mais comuns: cerca de 15% das mulheres desenvolvem a doença durante a fase reprodutiva. Tem como característica o crescimento de um tecido semelhante ao endométrio fora da cavidade uterina, normalmente em regiões próximas ao útero como ovários, colo uterino, ligamentos que sustentam o útero e espaço entre a vagina e o reto.

Também é comum o desenvolvimento do tecido ectópico nas tubas uterinas, na vagina, no trato urinário (ureteres e bexiga) e no intestinal.

A endometriose é uma doença crônica e inflamatória, que ocorre mais frequentemente durante o período reprodutivo. Porém, nem sempre mulheres com menstruação retrógada têm endometriose. O processo pode acontecer com muitas mulheres e nem mesmo ser notado, pois o sistema imunológico inibe o crescimento das células endometriais em outros locais.

No entanto, quando ela ocorre, à medida que o tecido ectópico desenvolve e infiltra, pode provocar a manifestação de diferentes sintomas que alertam para o problema. Da mesma forma que o endométrio normal, o crescimento dos implantes de endometriose é estimulado pela ação do estrogênio durante o ciclo menstrual. Por isso, tende a sangrar, provocando cólicas severas e dores.

De acordo com o local de crescimento, pode haver ainda a manifestação de sintomas como dispareunia (dor durante as relações sexuais) e alterações nos hábitos urinários e intestinais.

Ainda que nem sempre a menstruação retrógada resulte em infertilidade, alguns fatores aumentam o risco para o desenvolvimento da doença, assim como outras teorias também surgiram para explicá-la, desde que foi descrita pela primeira vez em 1860.

O que pode estimular o desenvolvimento de endometriose?

Diferentes estudos indicam fatores que podem aumentar as chances de ter endometriose. Entre eles está o estilo de vida: estresse, má alimentação e sedentarismo, por exemplo, impactam o sistema imunológico, aumentando as chances de o tecido implantar quando ocorre a menstruação retrógada.

Estudos também atribuem esse crescimento à ação do estrogênio e à influência genética, uma vez que é alta a incidência da doença em parentes de primeiro grau das mulheres portadoras.

Mulheres que menstruaram precocemente também têm maior risco, assim como as que nunca tiveram filhos, foram mães depois dos 30 anos ou tiveram menopausa tardia.

Durante a fase reprodutiva cerca de 50% das portadoras de endometriose tendem a ter infertilidade. A doença provoca alterações na fertilidade desde os estágios iniciais aos mais avançados.

Mesmo que os mecanismos que resultam em falha reprodutiva sejam controversos, estudos apontam que ela pode afetar a qualidade de óvulos e embriões, ou mesmo inibir a liberação do óvulo pelo ovário ou a captação dele pelas tubas uterinas.

Mediadores inflamatórios, citocinas, podem afetar o ambiente folicular e, consequentemente, o desenvolvimento dos folículos, resultando em distúrbios de ovulação, uma das principais causas de infertilidade feminina.

O processo inflamatório, por outro lado, causa alterações na receptividade do endométrio, levando a falhas na implantação e abortamento.

Os endometriomas, uma espécie de cisto preenchido por líquido achocolatado comum à maioria das mulheres com endometriose, que surgem em estágios moderados, também podem causar alterações na ovulação.

Já em estágios mais avançados, a inflamação provoca a formação de aderências, inibindo a liberação do óvulo pelo ovário ou a captação dele pelas tubas uterinas, da mesma forma que podem dificultar o transporte dos espermatozoides até as tubas uterinas para que a fecundação ocorra.

Apesar do risco de infertilidade, a principal consequência da endometriose é a perda da qualidade de vida das mulheres portadoras. Com a progressão da doença, os sintomas podem aumentar em intensidade e muitas vezes resultam em uma condição incapacitante.

No entanto, mesmo sendo uma doença crônica, a endometriose tem tratamento na maioria dos casos: os sintomas podem ser controlados, assim como a gravidez obtida.

Toque aqui para saber mais sobre endometriose.

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