Dr. Luiz Flávio
O desenvolvimento de uma oferta variada e ampla de métodos contraceptivos foi uma importante forma de auxiliar no planejamento familiar, tanto para quem não deseja ter filhos quanto para limitar o número de gestações. O DIU, dispositivo intrauterino, é um dos métodos contraceptivos mais seguros existentes, uma vez que dependem menos dos hábitos de uso das pacientes.
Sendo o segundo método mais utilizado como forma de planejamento familiar, o DIU é conhecido por sua eficácia, praticidade e possibilidade de reversão. Esse método contraceptivo também pode ser utilizado para auxiliar no tratamento de doenças hormonais.
No entanto, ainda há muita desinformação no que diz respeito a esse dispositivo. Mostrarei aqui os principais mitos e verdades relacionados ao DIU.
DIU é a sigla para dispositivo intrauterino, nome dado ao método contraceptivo caracterizado por uma pequena haste que é inserida na cavidade uterina (cavidade endometrial).
Existem dois tipos de DIU: de cobre e o liberador de levonorgestrel (Mirena®). Uma vez posicionados, esses dispositivos liberam substâncias que agem de formas distintas impedindo que a fecundação ocorra.
O DIU de cobre é revestido por tal substância, que é liberada em pequenas quantidades e age no tecido endometrial, provocando uma reação inflamatória, fazendo uma reação tipo corpo estranho, tornando-o hostil aos espermatozoides, à fertilização do óvulo e à implantação do blastocisto.
O DIU Mirena possui progesterona em sua composição. Esse hormônio é liberado em quantidades pequenas que agem no muco cervical, deixando-o mais espesso, dificultando a ascensão dos espermatozoides, assim como agem no endométrio, impedindo sua proliferação, deixando-o atrófico, elevando sua eficácia anticoncepcional.
Diferentemente do de cobre, a ovulação pode ser inibida, apesar de este não ser seu principal mecanismo de ação. A absorção hormonal é pequena, apresentando, pois, mínimos efeitos sistêmicos.
Os diferentes métodos contraceptivos existentes apresentam taxas de sucesso variadas. O DIU está entre os mais eficazes, com uma taxa de gravidez de 0,1 a 0,6 em cada 100 mulheres que utilizam tal método.
O principal fator que faz com que esse método tenha vantagem em relação a, por exemplo, as pílulas anticoncepcionais é que, após sua inserção, ele passa a funcionar continuamente, sem que a mulher tenha que tomar alguma ação para tal.
O mesmo não ocorre com as pílulas anticoncepcionais, que têm sua eficácia afetada pelo esquecimento de uma dose.
O risco de falhas por esquecimento está associado a outros métodos contraceptivos, como os adesivos, anéis vaginais e as injeções.
Ainda que esse método esteja associado a altas taxas de eficácia e à contracepção por um período prolongado, há muitas mulheres que não optam pelo método devido às desinformações acerca de seu funcionamento.
Por isso, apresentarei aqui alguns dos principais mitos e verdades sobre o dispositivo intrauterino.
Mito. O DIU possui um fio fino acoplado a ele e que facilita sua retirada, caso necessário, mas esse fio, bem como a estrutura do dispositivo, em nada interferem nas relações sexuais e não prejudicam o prazer da mulher.
Mito. O DIU é um método contraceptivo reversível que pode ser utilizado por mulheres em idade fértil, independentemente de terem tido filhos ou não, embora seu uso não seja indicado para aquelas que não possuem vida sexual ativa.
Seu uso não interfere na fertilidade e a mulher pode engravidar normalmente após a retirada do dispositivo.
Verdade. Embora o DIU seja altamente eficaz, não existe atualmente um método contraceptivo que ofereça 100% de proteção contra uma gravidez indesejada. O risco de gravidez com o DIU de cobre é de 0,6%, enquanto o DIU com levonorgestrel (Mirena®) apresenta risco de 0,1%.
Mito. Assim como ocorre com demais métodos contraceptivos, há contraindicações ao seu uso. Por isso, a mulher que deseja colocar o dispositivo intrauterino deve passar por uma consulta na qual são analisadas as condições do útero.
Mulheres que tenham alguns tipos de malformações uterinas, útero pequeno ou tenham sofrido infecções genitais recentes podem apresentar restrições à utilização do DIU.
Mito. Há mulheres que sentem algum nível de desconforto durante a implantação do DIU. Algumas mulheres podem também sentir desconfortos durante o primeiro mês de uso desse método. Entretanto, essas sensações tendem a sumir após o primeiro mês, e mulheres que sentem dores fortes após esse período devem retornar ao médico para verificar o posicionamento do dispositivo.
Verdade. Esse método é eficiente para evitar uma gravidez indesejada. Ele, no entanto, não protege contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), de modo que as relações sexuais devem ser feitas com dupla proteção, ou seja, com o uso do preservativo feminino ou masculino.
Verdade. O DIU Mirena pode diminuir ou até mesmo causar a interrupção da menstruação, enquanto aquele de cobre pode causar o aumento da intensidade e da duração do fluxo.
O dispositivo intrauterino (DIU) é um dos métodos contraceptivos reversíveis mais eficientes da atualidade. Veja como é feita a colocação desse método contraceptivo.