Dr. Luiz Flávio
O endometrioma é a uma das manifestações ovarianas da endometriose. Trata-se de um cisto preenchido por um líquido de aparência achocolatada geralmente encontrado associado a aderências com o peritônio localizado na parede posterior do útero.
Normalmente unilateral, pode se apresentar em ambos os ovários, agravando suas repercussões.
Ainda não existe consenso a respeito do surgimento dos endometriomas. No entanto, sugere-se que os ovários aderem a focos de endometriose peritoneal, e esses, a partir de sua descamação mensal cíclica, provocam o rechaçamento do parênquima ovariano, levando à formação de um pseudocisto, assim considerado pelo fato de uma de suas paredes ser uma estrutura extraovariana (peritônio posterior do útero).
No texto de hoje, falarei sobre o endometrioma, seus sintomas, diagnóstico, tratamento e as possíveis consequências.
O endometrioma não é, a princípio, um tipo de câncer. No entanto, em raros casos ele pode evoluir e apresentar malignidade. Geralmente, essa associação é mais frequente em pacientes mais velhas e em cistos de maior tamanho.
Essas informações devem ser consideradas para decisão da melhor modalidade e momento do tratamento.
É importante que a mulher faça um acompanhamento periódico com o seu médico caso receba diagnóstico de endometrioma.
Os endometriomas normalmente são assintomáticos, mas uma vez que estão frequentemente associados a outras formas de endometriose, alguns sintomas podem ser facilmente reconhecidos, sugerindo, entretanto, associação com formas profundas da endometriose. Os principais são:
O diagnóstico é feito com a ajuda de exames de imagem, sendo a ultrassonografia e a ressonância magnética (RM) os mais utilizados.
A ultrassonografia transvaginal tem grande sensibilidade para confirmar ou excluir o diagnóstico, principalmente em endometriomas com dimensões acima de 2 cm, por isso nem sempre há a necessidade da indicação de RM, que tem custo mais elevado.
A RM é mais indicada quando há suspeita de endometriomas menores que 2 cm.
Os tratamentos indicados dependem de alguns fatores e da característica da doença, sendo os principais as dimensões das lesões, os sintomas e a idade da paciente. Outro fator importante é se há desejo da mulher de engravidar.
Geralmente, o endometrioma não responde positivamente ao controle clínico hormonal convencional. Apesar de os sintomas poderem apresentar grande alívio, raramente se nota alteração em sua dimensão e tamanho.
Em diversas condições, o tratamento pode ocorrer com o uso contínuo de pílulas ou outra metodologia anticoncepcional que impeça o processo de menstruação, reduzindo assim o acúmulo de seu conteúdo.
Quando esse tipo de cisto é identificado em grandes proporções, acima de 3 cm, é comum que o tratamento indicado seja a cirurgia orientada por videolaparoscopia, com a retirada do cisto, preservando a fertilidade. O planejamento do tratamento cirúrgico é feito com base na ultrassonografia transvaginal especializada para endometriose.
Devemos levar em consideração que a cirurgia de retirada do cisto, ooforoplastia, por si só, pode levar à redução da função ovariana. Essas nuances devem ser consideradas e discutidas com a paciente para a escolha e individualização do melhor tratamento.
Entretanto, caso a paciente com o problema já esteja em período de menopausa ou então não tenha o desejo de maternidade e a condição seja severa, pode-se considerar a retirada do ovário acometido em técnica chamada ooforectomia.
O endometrioma pode, por si só, alterar a capacidade reprodutiva das pacientes, reduzindo-a. Contudo, não é sinônimo de infertilidade. Esse efeito pode acontecer por diversos fatores, como:
É fundamental a individualização das situações para definir a melhor conduta para cada caso. Para isso, o acompanhamento médico especializado rotineiro se faz proeminente.
Agora que você já sabe tudo sobre endometrioma, convido você a compartilhar esse conteúdo em suas redes sociais para que seus contatos tenham a oportunidade de aprender mais sobre esse tema.