Dr. Luiz Flávio
A escolha da forma de como dar à luz a um bebê é uma decisão delicada para muitas mulheres. Estudos mostram que 70% das brasileiras em início de gestação desejam parto normal, mas acabam passando pela cesariana no fim da gravidez.
A Organização Mundial da Saúde estima que a taxa ideal de cesarianas deva ser de até 15%, no entanto, no Brasil, mais da metade dos partos realizados nos últimos anos foram por esta via.
Ambos os procedimentos, parto normal e cesárea, são formas saudáveis de ter filhos, porém adequadas para situações diferentes. É importante lembrar que a cesárea é uma cirurgia, com todos os riscos de um procedimento, e que a maior parte das mulheres tem condições de ter filhos por via natural, reservando a opção cirúrgica apenas para situações específicas.
Essa decisão deve ser tomada pela gestante com auxílio da equipe de saúde que a acompanha e, nesse sentido, o conhecimento aprofundado sobre os procedimentos disponíveis em hospitais e maternidades é fundamental para uma escolha consciente e saudável.
Nos acompanhe na leitura do texto a seguir e entenda melhor como são feitos os procedimentos disponíveis hoje para o parto!
O parto normal é a forma natural de dar à luz. Quando o trabalho de parto tem início, a mulher pode notar alguns sinais como contrações uterinas dolorosas e frequentes, alterações no colo do útero (dilatação), saída de sangue ou tampão mucoso pela vagina e o rompimento da bolsa amniótica. Nesse momento é necessário dirigir-se ao hospital ou maternidade.
O parto normal feito em hospitais e maternidades tem a opção de analgesia do parto, mantendo a prensa abdominal para que ela possa fazer a força necessária para expulsar o bebê sem sentir dores.
No caso dos partos sem anestesia, alguns recursos como massagens, banhos e o uso de uma banheira adequada podem minimizar os efeitos da dor.
Podemos observar 3 fases distintas no decorrer do parto normal: o preparatório (pródromo de trabalho de parto), quando começam as contrações, a dilatação (fase ativa), quando elas passam a ser mais frequentes e o colo do útero começa a dilatar, e o expulsivo, quando o bebê percorre o caminho da cavidade vaginal (canal de parto) para nascer.
A recuperação do parto normal é, em geral, mais rápida que a da cesariana, mas também varia individualmente.
Já a cesariana é uma cirurgia segura e com baixa frequência de complicações. Além disso, quando realizada em decorrência de razões médicas, é efetiva na redução da mortalidade materna e perinatal.
A cesárea pode ser feita em situações diferentes: quando a mulher já entrou em trabalho de parto e a gestação apresenta riscos para mãe ou bebê, quando problemas preexistentes indicam a necessidade de uma cesárea e o procedimento é agendado ou quando a mulher assim desejar por qualquer outra razão.
No primeiro caso, o trabalho de parto segue de forma semelhante ao que acontece no parto normal, porém a mulher pode ser encaminhada para a cirurgia caso algo fuja da evolução normal e não possa ser corrigido. A anestesia aplicada pode variar entre a raquidiana, a peridural e o duplo bloqueio – em todas as formas a mãe permanece acordada durante o procedimento e recebe seu filho assim que ele for retirado do útero.
A cirurgia leva cerca de 1h e, após se recuperar da anestesia, a mulher já pode segurar seu filho e amamentar pela primeira vez normalmente.
O pós-parto da cesárea é um pouco mais doloroso do que o do parto normal. Os cuidados são como de qualquer cirurgia: restrições de movimentos, de atividade física e para levantar peso.
A dor do pós-operatório pode ser controlada com analgésicos e anti-inflamatórios.
O parto normal é indicado para qualquer gestação que não identifique problemas prévios na saúde da mulher ou do bebê. As contraindicações podem ser absolutas ou relativas e se restringem à mulher com infecções ativas por herpes, HIV e alguns casos de hepatite C, a apresentações fetais não habituais (córmicas ou pélvicas), gestação múltipla, por exemplo.
A cesariana é indicada para mulheres que apresentam problemas durante o trabalho de parto normal, como falta de dilatação, ou quando o bebê não está cefálico (com a cabeça direcionada para o colo do útero).
Além desses casos, a indicação se restringe a problemas de saúde que a mãe possa ter apresentado durante o pré-natal que impeçam o bom andamento do parto normal, quando a gestação é múltipla de risco ou a mulher já teve outros filhos por cesariana anteriores e o útero apresenta risco de rotura.
Os principais benefícios do parto normal estão relacionados à recuperação dos órgãos do sistema reprodutivo e da saúde da mulher como um todo, já que o pós-parto é mais rápido e menos doloroso.
No caso da cesariana, os benefícios são o conforto durante o parto e a resolução de situações que dificultam o transcorrer do trabalho de parto. Os riscos estão mais relacionados ao pós-operatório, que é lento e um pouco mais doloroso, deixando uma cicatriz no baixo ventre.
Quer saber mais sobre parto e puerpério? Leia este texto.