Dr. Luiz Flávio
O bom funcionamento do sistema reprodutor feminino depende da preservação da anatomia e do equilíbrio hormonal que envolve toda a vida reprodutiva da mulher. Alterações nessas duas variáveis (anatômica e hormonal) podem interferir no ciclo menstrual, na fertilidade e também no funcionamento do sistema reprodutor como um todo, afetando, inclusive, os demais sistemas do corpo e exigindo tratamentos.
Algumas doenças, no entanto, podem afetar aspectos anatômicos e hormonais da mulher, como é o caso da endometriose, que pode obstruir as tubas uterinas e provocar anovulação (endometriomas), e dos pólipos e miomas uterinos, que podem deformar a cavidade uterina.
Os miomas uterinos têm uma alta incidência na população feminina, sendo uma das doenças que mais acomete mulheres em idade reprodutiva.
As origens dessa doença também não são bem esclarecidas, mas acredita-se que tanto fatores genéticos como ambientais possam estar envolvidos na sua etiologia.
Quer saber mais sobre os tipos de miomas e o que a presença deles pode causar na saúde da mulher? Acompanhe-nos na leitura do texto a seguir!
Como os miomas uterinos se formam?
Os miomas uterinos são formações tumorais benignas, que acometem as diversas camadas do útero e têm uma alta incidência nas mulheres em idade reprodutiva.
Essa é considerada uma doença silenciosa, já que a maioria das mulheres portadoras é assintomática.
Os principais fatores de risco para miomas uterinos são a obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Porém, sabe-se também que essa é uma doença que afeta mais as mulheres que nunca tiveram filhos (nulíparas) e as negras.
Os principais sintomas dos miomas dependem de sua localização em relação às diferentes camadas do útero (endométrio, miométrio e perimétrio), tamanho e quantidade.
Sintomas de miomas
A localização dos miomas é o que determina seus diferentes tipos, já que essas formações são compostas normalmente por células musculares lisas, semelhante àquelas que compõem o miométrio. Ao compreendermos o funcionamento dos miomas segundo sua localização, podemos determinar as principais consequências.
É importante lembrar que a gravidade dessa doença, bem como a intensidade dos seus sintomas, é potencializada quando os miomas se desenvolvem em maior número e tamanho.
A classificação dos miomas considerando a sua localização é simplificada em três: subserosos (mais externos), intramurais (que se desenvolvem no miométrio) e submucosos (que se projetam na direção do útero). Entretanto, como em medicina, nem tudo é exato. Existe uma intersecção entre a presença desses tipos.
Miomas subserosos
Estão localizados mais próximos do perimétrio, camada mais externa do útero. Podem ser pediculados (ligados ao perimétrio por um pedículo) e podem projetar-se para a área intramural em até 50% do seu tamanho.
O crescimento desse tipo de mioma provoca a formação de nódulos, que normalmente não afetam o fluxo menstrual, o que leva a maioria dos casos a serem assintomáticos.
Quando apresentam sintomas, variam de acordo com o tamanho e número, causando dores e sensação de pressão no abdome, mas que oferecem risco menor de prejudicar a fertilidade. Dificuldades urinárias ou constipação intestinal por compressão desses órgãos podem ocorrer.
Miomas intramurais
Localizados na camada intermediária, o miométrio, podem ser múltiplos e microscópicos ou macroscópicos, e raramente se projetam para o interior da cavidade uterina, apenas quando são muito grandes.
O desenvolvimento desse tipo de mioma provoca um aumento do tamanho do útero. É o tipo mais comum e normalmente assintomático, porém pode ser desconfortável se crescer.
Nesses casos, é possível que haja dor, aumento do fluxo menstrual e do volume abdominal. Normalmente a mulher é diagnosticada quando procura o ginecologista porque os sintomas estão interferindo em seu cotidiano ou, no caso das assintomáticas, quando se suspeita nos exames ginecológicos de rotina.
Também é incomum esse tipo de mioma prejudicar a fertilidade, mas pode acontecer, dependendo de suas características.
Miomas submucosos
Esse tipo de mioma se projeta para o interior da cavidade uterina e ocupa espaço nessa região, prejudicando a gestação. Esse tipo de mioma é o que mais está relacionado à infertilidade e o que mais causa sintomas, principalmente aumento do fluxo menstrual.
Por estarem próximos ao endométrio, os miomas submucosos crescem em direção à cavidade uterina, alterando o funcionamento desse tecido e diminuindo o espaço disponível para o crescimento do bebê. Esses dois aspectos podem, e costumam, levar a quadros de infertilidade, quando a mulher não consegue engravidar ou sofre abortos.
É comum que os miomas submucosos causem sangramentos anormais, mesmo fora do ciclo menstrual, além de dores e cólicas. Em casos extremos ou quando a mulher não busca tratamento com rapidez, podem ocorrer outras deficiências, como anemia, consequência da perda excessiva de sangue.
Diagnóstico e tratamento dos miomas
O diagnóstico dos miomas é realizado por exames de imagem, como a ultrassonografia e ressonância magnética, nos casos em que a ultrassonografia não é conclusiva, ou quando de um planejamento cirúrgico.
O tratamento pode ser feito por via hormonal ou cirúrgica e depende tanto do desejo que a mulher tenha de engravidar, quanto da localização, número e tamanho dos miomas.
O tratamento hormonal mais comum utiliza anticoncepcionais orais combinados para controle dos sintomas. O tratamento também pode ser feito com agonistas do GnRH, entretanto, em situações específicas, quando uma cirurgia já está indicada e se pode beneficiar de uma redução transitória de seu volume.
O tratamento cirúrgico mais conservador é a miomectomia, em que os miomas são retirados, em geral, por videolaparoscopia, um procedimento cirúrgico pouco invasivo que consiste na introdução de uma microcâmera por via laparoscópica.
A histerectomia, retirada total ou parcial do útero, é a última opção para o tratamento dos miomas, aconselhada somente quando se observa uma grande evolução deles, se os tratamentos anteriores não obtiveram sucesso e não há desejo reprodutivo.
Outras modalidades de tratamento seriam a embolização das artérias uterinas e o HIFU (High-Intenstity Focus Ultrasound).
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